Nota Histórico-Artistica | Conhecidos desde a segunda metade do século XIX, os monumentos megalíticos da região de Elvas suscitaram sempre o interesse de vários estudiosos. Mas, à medida que fixavam o olhar de especialistas, atraiam também a curiosidade de especuladores, os quais, na sua permanente busca de "antiguidades" vendáveis, calcorreavam de forma incessante o interior do país, adquirindo objectos que pudessem ser facilmente adquiridos por coleccionadores particulares, sobretudo estrangeiros. Não obstante a perda de algum espólio e a sua descontextualização, devemos ao eminente pré-historiador francês Émille Cartailhac (1845-1921) e ao fundador da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes, J. Possidónio N. da Silva (1806-1896), as primeiras investigações realizadas no terreno neste âmbito, prosseguidas, já no século seguinte, por José Leite de Vasconcelos (1858-1941), Afonso do Paço (1895-1968), Eugène Jalhay (1891-1950), Savory, Octávio da Veiga Ferreira (1917-?) e Abel Viana (?-1964). A sua obra precursora seria coroada com a classificação de grande parte destes exemplares megalíticos como "Monumento Nacional", em finais dos anos trinta, numa altura em que se procediam a várias pesquisas nos arredores de Barbacena, conduzindo-se o espólio exumado para diversas instituições, como nos casos dos museus da Câmara Municipal de Elvas, da Casa de Bragança e Geológico de Lisboa, que, já na década de cinquenta, Georg e Vera Leisner identificaram, desenharam e fotografaram parcialmente.
Classificada como "Imóvel de Interesse Público" em 1997, a "Anta 2 de São Rafael" foi erguida durante o Neo-calcolítico (entre o 4.º e 2.º milénio a. C.) nas proximidades da "Anta 1 de São Rafael", de forma relativamente isolada no topo de uma colina. Considerada, até ao momento, como uma das antas mais completas da região de Elvas, com câmara sepulcral de planta poligonal ainda intacta, perfazendo um diâmetro de cerca de três metros de diâmetro e sete grandes esteios graníticos, este monumento megalítico conserva ainda o "chapéu" original, embora tombado para o interior da câmara. Quanto ao corredor, ele apresenta seis metros e meio de comprimento por um e meio de largura, remanescendo da sua estrutura original quatro blocos do lado Norte e seis do lado Sul, para além de duas lajes de cobertura. Quanto à primitiva mamoa - tumulus -, são relativamente abundantes os vestígios da sua existência.
Actualmente, a anta integra o "Circuito do Guadiana" do roteiro da Arqueologia Portuguesa "Antas de Elvas", concebido pelo IPPAR, com vista a uma maior divulgação deste vasto e específico património construído. [AMartins] |