Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela de São Martinho
Designação
DesignaçãoCapela de São Martinho
Outras Designações / PesquisasCapela de São Martinho (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Capela
TipologiaCapela
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaLeiria/Óbidos/Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo de São PedroÓbidos Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
39.360908-9.157387
DistritoLeiria
ConcelhoÓbidos
FreguesiaSanta Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 42 255, DG, I Série n.º 105, de 8-05-1959 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO181502
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaÚnico exemplo medieval sobrevivente na vila de Óbidos, a Capela de São Martinho é uma das mais atípicas construções góticas existentes no nosso país. Destituída de rasgos arquitectónicos ou decorativos relevantes para a evolução do estilo gótico, afastada dos principais centros urbanos onde a arquitectura da Baixa Idade Média mais se desenvolveu, constitui, mesmo assim, um importante capítulo na apreciação que a História da Arte faz deste tempo civilizacional.
Integrando um vasto grupo de edifícios religiosos de patrocínio privado que caracterizam a actividade construtiva trecentista, a Capela é um templo tumular edificado por iniciativa de Pero Fernandes, homem do clero com ligações à Sé de Lisboa. O ano exacto da sua fundação não foi ainda identificado, hesitando os diversos autores que se lhe referiram entre 1320 (SEQUEIRA, 1955, p.90; PEREIRA, 1988, p.37) e 1331 (SILVA, 1987, p.120), data em que o próprio Pero Fernandes pediu o traslado da ordenação da capela. Em 1369 determinava-se a existência de um morgado na capela, cujo texto deveria figurar resumidamente na lápide que encima o portal, hoje praticamente ilegível (BARROCA, 1995, p.1254). Os séculos que se seguiram não guardaram o registo de obras ou de melhoramentos, mas as referências que chegaram até nós coincidem, genericamente, na necessidade (em alguns casos, na urgência) de consolidação das estruturas.
Ainda que esbarremos com o silêncio das fontes, pensamos que, em alguma altura da história do edifício, ocorreu uma campanha consolidadora da estrutura. A isso nos conduz o facto de nunca ter integrado os planos mecenáticos das rainhas D. Leonor e D. Catarina, e de ter escapado ao terramoto de 1755, ao contrário do que aconteceu com a esmagadora maioria das igrejas da vila.
Esta convicção é ainda maior se analisarmos os elementos estruturais que compõem o templo. A planta, para além das diferenças de comprimento entre os dois tramos, revela que a parede Norte é ligeiramente mais espessa que as restantes, precisamente aquela onde o pórtico se encontra adossado. Se um ligeiro desvio da entrada seria de admitir, por força de remodelações ao longo da história, já a total deslocação do pórtico para um dos extremos da construção é uma solução estranha no panorama arquitectónico nacional.
Os focos de luz apresentam também diferenças importantes entre si. A fresta central encontra-se num plano mais elevado e, interiormente, detém um intradorso mais estreito. É, de resto, no interior que os indícios de alterações estruturais adquirem uma amplitude mais objectiva. À excepção do óculo quadrilobado no extremo Oeste, todas as frestas estão descentradas em relação ao fecho da abóbada do primeiro tramo. Também o arco gótico do exterior do portal é substituído por um arco abatido posterior à construção inicial, numa solução que tem paralelo, por exemplo, no Salvador do Mundo de Montagraço. Uma última análise aos elementos decorativos parece revelar também duas fases de construção, com capitéis e mísulas distintas.
Provavelmente em consequência do terramoto de 1755, a necessidade de consolidação estrutural terá levado não só ao fortalecimento da parede Norte, optando-se então pela deslocação do pórtico para a parede que oferecesse mais garantias de estabilidade, mas também à remodelação de toda a fachada e da abóbada do primeiro tramo, assim como à cornija que sustenta o telhado a toda a volta do edifício. Neste sentido, a sugestão de que "os construtores adoptavam facilmente os elementos mais vistosos, como os decorativos, tendo dificuldade em entender as mudanças das estruturas e a concepção do espaço" (DIAS, 1994, p.100), ainda que defina objectivamente a feição arcaizante da construção, não é totalmente verificável, pois, às obras de consolidação posteriores (que tornaram o monumento ainda mais pesado), juntam-se diferentes tipologias de capitéis e mísulas, também eles denunciando dificuldades (ou distintas fases?) ao nível do talhe vegetalista.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPAqueduto da Usseira
Outra ClassificaçãoCastelo de Óbidos e todo o conjunto urbano da vila
Nº de Imagens24
Nº de Bibliografias7

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
A arquitectura gótica portuguesaDIAS, PedroEdição1994Lisboa
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
Inventário Artístico de Portugal, vol. V (Distrito de Leiria)SEQUEIRA, Gustavo de MatosEdição1955Lisboa
Óbidos medieval : estruturas urbanas e administração concelhia (1987)SILVA, Manuela SantosEdição1997Cascais
ÓbidosPEREIRA, José FernandesEdição1988Lisboa
Monografia de ÓbidosABREU, Madalena Fernandes deEdição1980Ourém
"O claustro da Sé de Lisboa: uma arquitectura «cheia de imperfeições»?", Murphy, nº1, pp.18-69FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2006Coimbra

IMAGENS

Capela de São Martinho - Vista geral (fachadas principal e lateral direita)

Capela de São Martinho - Fachada principal

Capela de São Martinho - Fachada principal: portal

Capela de São Martinho - Fachada principal: capitéis vegetalistas do portal (lado esquerdo)

Capela de São Martinho - Fachada principal: lápide com inscrição gótica sobre o portal

Capela de São Martinho - Interior: abóbadas da nave

Capela de São Martinho - Interior: janela na parede do lado da Epístola

Capela de São Martinho - Arcas tumulares colocadas na fachada principal

Capela de São Martinho - Fachada principal

Capela de São Martinho - Fachada principal: capitéis do portal (lado sul)

Capela de São Martinho - Vista geral de sul (fachadas lateral esquerda e principal)

Capela de São Martinho - Interior: vista geral (escultura de São Martinho da autoria de José Aurélio)

Capela de São Martinho - Interior: parede do lado do Evangelho

Capela de São Martinho - Fachada principal: lápide com inscrição sobre o portal

Capela de São Martinho - Interior: arca tumular na parede do lado do Evangelho

Capela de São Martinho - Fachada principal

Capela de São Martinho - Enquadramento geral (fachada lateral norte)

Capela de São Martinho - Interior: abóbada da nave

Capela de São Martinho - Fachada principal: capitéis do portal (lado norte)

Capela de São Martinho - Fachada lateral direita (lado norte)

Capela de São Martinho - Fachada lateral direita: vista parcial

Capela de São Martinho - Interior: arcas tumulares na parede do lado da Epístola

Capela de São Martinho - Vista geral

Capela de São Martinho - Fachadas lateral esquerda e principal

MAPA

Abrir

Palácio Nacional da Ajuda
1349-021 Lisboa
T.: +351 21 361 42 00
NIF 600 084 914
dgpc@dgpc.pt