Nota Histórico-Artistica | A região de Moura teve ocupação humana ininterrupta desde a pré-história, encontrando-se no Concelho vestígios arqueológicos que o comprovam. Este incluem conjuntos megalíticos, um povoado da Idade do Ferro, numerosas ruínas de Villae, castros romanizados, uma ponte e vários monumentos epigráficos e funerários romanos, e ainda testemunhos da ocupação islâmica (séculos VIII-XIII). Desta última, durante a qual se acentuou a dinâmica e prosperidade que a ocupação romana trouxera à zona, ficaram como principais legados (para além do nome da terra, relacionado com a conhecida lenda da Moura Salúquia) uma torre de taipa do castelo, junto ao edifício da Biblioteca Municipal de Moura, datável dos séculos XI ou XII, uma lápide comemorativa almôada de meados do século XI, e ainda diversas peças de cerâmica e placas epigrafadas. Mas o mais importante testemunho árabe de Moura, demonstrando a extensão e solidez do poder muçulmano na região até à reconquista cristã, em 1232, é seguramente a Mouraria, constituindo uma das maiores e mais bem conservadas de todo o país, e mesmo da Península Ibérica. O bairro da Mouraria, onde ficaram circunscritos os habitantes árabes de Moura após a Reconquista, é ainda identificável no traçado da cidade actual. É composto por três ruas longitudinais, denominadas Primeira, Segunda e Terceira Ruas da Mouraria, pela Travessa da Mouraria, e pelo Largo da Mouraria, na freguesia de São João Baptista, em pleno centro histórico da cidade. O rasgamento das ruas e o conjunto habitacional ainda conotado com a mouraria constitui um bairro de características muito particulares, preservando boa unidade urbanística, ainda representativa do tecido urbano medieval, formado por uma rede densa de ruas estreitas e casinhas caiadas. Aqui está situado o Museu Árabe, instalado no edifício onde foi descoberto um poço do século XIV, em excelente estado de conservação, e onde se conserva também um interessante núcleo islâmico, composto por cerâmicas, mobiliário, lanternas (candis) e lápides epigrafadas, entre outras peças. O museu foi inaugurado em 1983, tendo reaberto ao público em 1999. SML |