Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de Ganfei
Designação
DesignaçãoIgreja de Ganfei
Outras Designações / PesquisasIgreja do Salvador de Ganfei / Mosteiro de Ganfei / Igreja Paroquial de Ganfei / Igreja do Divino Salvador (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Valença/Ganfei
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
-- -Lugar da Igreja Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
42.039818-8.622356
DistritoViana do Castelo
ConcelhoValença
FreguesiaGanfei
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 40 684, DG, I Série, n.º 146, de 13-07-1956 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12707538
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaO que resta da igreja do antigo Mosteiro de Ganfei é um dos mais elucidativos testemunhos da relação que a arte românica nacional do rio Minho estabeleceu com a vizinha e galega margem direita deste rio. Praticamente todos os autores que se debruçaram sobre este conjunto coincidiram na dependência estilística em relação à Sé de Tui (no campo escultórico) ou à igreja de São Bartolomeu de Rebordans (sobre a configuração dos pilares do corpo do templo (ALMEIDA, 2001, p.87)). A importância de Ganfei não é apenas artística, mas também geográfica, na medida em que se localizava na principal via Norte-Sul, entre Braga e Santiago de Compostela (ROSAS, 1991, p.320).
Este conjunto de factores, a que há que juntar o prestígio adquirido na época medieval - que levou o mosteiro a ser um dos mais poderosos de toda a região -, estará na origem do ambicioso programa arquitectónico da sua igreja, uma das poucas em todo o país românico a possuir um corpo de três naves e uma cabeceira tripartida, cuja capela-mor e absidíolos possuem dois tramos (IDEM, p.320). Na realidade, a organização espacial do templo insere-se na tipologia designada por "beneditina" (REAL, 1982), característica dos principais mosteiros nacionais do século XII ligados a esta Ordem. Lúcia Rosas, perante o maior alongamento que o habitual das naves e a maior dilatação do espaço entre pilares, colocou a hipótese de o resultado do corpo pertencer a uma reforma do século XIV, por iniciativa do abade Vicente Fernandez, e mais ou menos contemporânea de uma célebre estadia do conde de Barcelos, D. Pedro, no mosteiro (a quem a tradição atribui uma renovação do conjunto) (ROSAS, 1991, pp.323 e 326). A verdade, porém, é que não temos indicadores seguros desta campanha trecentista, nem tão pouco vestígios materiais. Por outro lado, a igreja de Ganfei diferencia-se das suas congéneres "beneditinas" (de Travanca ou de Paço de Sousa) por uma menor complexidade dos suportes das naves, facto que confere uma certa elegância à estrutura e a coloca numa linha evolutiva deste mesmo modelo (REAL, 1982, p.120).
A cronologia das obras parece confirmar uma fase relativamente tardia de evolução do esquema planimétrico e espacial "beneditino", como Manuel Real propôs. Ferreira de Almeida começou por lhe atribuir uma datação em torno dos meados da centúria (ALMEIDA, 1986, p.52), mas as análises mais recentes apontam para que a obra tenha sido realizada já nos finais do século (ALMEIDA, 2001, p.87), ou mesmo nos inícios de Duzentos.
Outra das marcas fundamentais deste templo é a sua escultura aplicada. Como monumento intimamente ligado à Galiza, os seus capitéis são o eco formal do estaleiro da Sé de Tui (ROSAS, 1987, vol.I, p.49), obra tutelar de todo o Românico da bacia do Minho ao longo da segunda metade do século XII. Eles caracterizam-se por uma escultura volumosa, ainda que não muito saliente do cesto, divergindo ligeiramente da exuberância que caracteriza os capitéis de Friestas e de Longosvales (ROSAS, 1987, vol.I, p.37). Apesar de não se vislumbrar qualquer programa iconográfico coerente, encontramos temas comuns em outras áreas românicas nacionais, como Aves bebendo da mesma taça ou um Homem sentado em atitude meditativa, composição que Manuel Monteiro identificou em outras igrejas galegas e que associou ao Caminho de Santiago (MONTEIRO, 1945, republ. 1980, p.321).
O mosteiro de Ganfei foi substancialmente adulterado na época moderna. Entre 1632 e 1761, ao longo de mais um século, construíram-se o claustro, o grosso do edifício conventual, a nova fachada principal (datada de 1693) e a ampla capela-mor, rectangular e barroca, que alterou, por completo, a espacialidade e iluminação originais do templo. Em 1760, no termo desta empreitada, transferiram-se solenemente as relíquias de São Ganfei para a nova capela-mor, cerimónia que simbolizou o fim das obras e a renovada imagem do mosteiro.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPClaustro do Convento de Ganfei e elementos arquitectónicos existentes na cerca do Convento
Outra Classificação
Nº de Imagens0
Nº de Bibliografias19

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"La sculpture figurative dans l'art roman du Portugal", Portugal roman, vol. I, pp.33-75REAL, Manuel LuísEdição1986
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526REAL, Manuel LuísEdição1990Porto
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
"A comarca eclesiástica de Valença do Minho: antedentes da diocese de Viana do Castelo", I Colóquio Galaico-Minhoto (Ponte de Lima, 1981), pp.72-240COSTA, Avelino de Jesus daEdição1983Braga
Valença do MinhoOLIVEIRA, A. Lopes deEdição1978Póvoa do Varzim
"A Exploração de um Domínio Senhorial - o Mosteiro de Ganfei durante o Antigo Regime", Estudos Regionais, nº15, pp.135-142SILVA, Célia TabordaEdição1994Viana do Castelo
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
O Minho PittorescoVIEIRA, José AugustoEdição1887Lisboa
Dispersos, inéditos e cartasMONTEIRO, ManuelEdição1980Braga
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526ALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1990Porto
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
A escultura românica das igrejas da margem esquerda do Rio Minho, 2 vols.ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1987Porto
"As obras seiscentistas no Mosteiro de São Salvador de Ganfei", Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2ª Série, vol. VIII, pp.319-326ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1991Porto
"Igrejas e capelas românicas da Ribeira Minho", Caminiana, ano IV, nº6, pp.105-152ALVES, LourençoEdição1982Caminha
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
Valença na História e na LendaNEVES, Manuel Augusto A. PintoEdição1990Valença do Minho

IMAGENS

MAPA

Abrir

Palácio Nacional da Ajuda
1349-021 Lisboa
T.: +351 21 361 42 00
NIF 600 084 914
dgpc@dgpc.pt