Nota Histórico-Artistica | Linhares é vila antiquíssima, de fundação medieval, com primeiro foral outorgado ainda por D. Afonso Henriques. A antiguidade do seu povoamento determinou a primeira estrutura da malha urbana, que se expandiu entre os séculos XII e XIV, mas o período de prosperidade económica e desenvolvimento conhecidos ao longo do século XVI representa, de forma ainda mais marcante, a configuração da vila. Assim se destacam naturalmente, pela beleza, pelo pitoresco, e certamente pelo abundante número de exemplares, os elementos manuelinos das fachadas de muitas casas particulares, pertencentes a gente de maiores posses. Tratavam-se, na sua maioria, de habitações da burguesia local, muitas vezes ligada ao comércio, e incluindo vários judeus. Estes residiam na judiaria, que se desenvolvia em torno da Rua da Judiaria, uma travessa da Rua Direita (antiga Rua da Procissão), na vizinhança do castelo, hoje denominada de Rua do Passadiço, visto que o seu primeiro prédio integra o vão de acesso ao bairro. Nesse mesmo prédio, quinhentista, actualmente conhecido por Casa do Judeu, e deitando sobre o passadiço, aberto por arco abatido, está uma das mais interessantes e ricas janelas manuelinas de Linhares. A casa onde se rasga o vão é um prédio nobre, de boa construção, com fachada em alvenaria de granito. Não se conhecem os proprietários originais, a quem é atribuível a encomenda da janela, mas sabe-se que em 1523 era donatário da Judiaria o fidalgo Francisco de Almeida, que recebia 5000 réis anuais de renda pela mesma. A janela consta de um arco duplo, trilobado no intradorso e conopial no extradorso, rematado por três grandes cogulhos. Os arcos assentam em delicados capiteis lavrados, sobre finos colunelos lisos e mísulas molduradas. SML |