Nota Histórico-Artistica | A povoação de Arouca cresce verdadeiramente à sombra do seu mosteiro, fundado no século X pelos irmãos Loderigo e Vandilo, nobres de Moldes, que em 961 venderam o direito de padroado a D. Ansur e D. Eleva, senhores do vale de Arouca. A riqueza e importância do cenóbio, de início não mais que uma pequena casa para religiosos de ambos os sexos, foi crescendo até ao século XII, quando passou a receber apenas monjas da Ordem Beneditina. D. Afonso Henriques concedeu vários privilégios e doações às monjas de Arouca, como foi o caso das cartas de couto de 1132 e de 1143. Nos primeiros anos do século XIII, o mosteiro passou para a posse da Coroa, tendo sido deixado em testamento por D. Sancho I à infanta D. Mafalda, sua filha, que nele ingressou entre 1217 e 1220. D. Mafalda concedeu o primeiro foral atribuído na região, a Vila Meã do Burgo. O mosteiro funcionava então como o centro administrativo e económico do vale de Arouca, sendo em 1256, aquando da morte de D. Mafalda, um dos mais importantes da Península Ibérica. A maior parte das freguesias do actual concelho faziam já parte do seu antigo couto. Porém, e apesar das anteriores cartas de couto, consideradas por alguns autores como autênticos forais, Arouca seria concelho apenas em 1513, quando D. Manuel lhe concedeu finalmente carta de foral, na sequência da qual se terá levantado o pelourinho. O pelourinho de Arouca levanta-se presentemente num largo do centro histórico, junto à igreja do Mosteiro e à antiga Casa da Câmara, em implantação ligeiramente distinta da original. Resulta de uma reconstrução, uma vez que o monumento foi desmontado em finais do século XIX, sendo então guardado nos claustros conventuais, onde permaneceu durante cerca de um século. Embora em 1942 os Monumentos Nacionais tenham manifestado uma primeira intenção de reerguer o pelourinho, este trabalho foi apenas realizado em 1989, com aproveitamento dos fragmentos que não se haviam perdido. Sobre soco de três degraus hexagonais, de parapeito, e de factura moderna, levanta-se o conjunto da base, coluna e remate. A base da coluna é circular, e o fuste é cilíndrico e liso, sendo ambos igualmente feitos de novo em 1989. O remate, assente directamente sobre a coluna, aproveita peças originais, constando de um capitel de cesto decorado com dois escudetes ligados por fitas ou cordames, encimado por esfera armilar de bom tamanho e talhe. A análise de uma pintura representando o pelourinho, realizada em 1962 por Artur Guimarães, que terá recorrido a elementos então ainda existentes e que entretanto se perderam ou mutilaram, demonstra que o monumento original teria três escudetes no capitel, a espaços iguais, e pelo menos duas esferas armilares na base. SML |