Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela de Santo Abdão
Designação
DesignaçãoCapela de Santo Abdão
Outras Designações / PesquisasCapela da Correlhã / Capela de Santo Abdão (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Capela
TipologiaCapela
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Ponte de Lima/Correlhã
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
EN 203Lugar da Igreja ou Lugar de São Tomé Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.742786-8.603965
DistritoViana do Castelo
ConcelhoPonte de Lima
FreguesiaCorrelhã
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 41 191, DG, I Série, n.º 162, de 18-07-1957 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12707538
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaAs origens desta capela andam envolvidas em lenda, incerteza que é agravada pelas dúvidas quanto ao significado da desaparecida figura masculina nua do tímpano do seu portal axial. Uma tradição que, plausivelmente, recua ao século XIX, atribui a sua fundação a três peregrinos italianos que, no caminho para Compostela, aqui pernoitaram, tendo, então, decidido fundar uma capela (Cf. GRAF, 1986, vol.2, p.31), em devoção a este santo, martirizado em Roma. Lourenço Alves, retomando os estudos de Félix Alves Pereira, relacionou o (aparentemente estranho) culto a este santo na Correlhã com uma possível influência bizantina altimedieval (ALVES, 1982, p.80). Mais plausível, todavia, é a hipótese defendida por Carlos Alberto Ferreira de Almeida de a capela datar do século XIV (altura em que o culto a Santo Abdão foi objecto de relativo incremento) e de ter tido uma motivação funerária (ALMEIDA, 1978, vol.2, pp.263-264).
As características estilísticas e construtivas do templo parecem corroborar esta última ideia, embora se desconheça qual o marco histórico em que a capela surgiu, e quais, consequentemente, os seus promotores.
Estruturalmente, o monumento compõe-se de uma nave rectangular a que se adossa, a nascente, uma ábside igualmente de planta rectangular, mas mais baixa e estreita que o corpo, fazendo-se a ligação entre estes espaços através de um arco triunfal apontado, assente sobre capitéis vegetalistas e colunas atarracadas (ALVES, 1982, p.81). As fachadas são pesadas e sóbrias, praticamente sem aberturas (as poucas existentes são de arco de volta perfeita, descarregando sobre capitéis maioritariamente vegetalistas, de tratamento escultórico sumário) e, a toda a volta do edifício, corre uma cachorrada de modilhões entendidos por alguns autores como já naturalistas (RODRIGUES, 1995, p.227). Os dois portais que se conservam - falta o setentrional, entaipado em altura incerta, mas sugerido pelas linhas de aduelas embebidas na face exterior da caixa murária -, são em arco apontado, sem colunas, e os seus tímpanos estão decorados com elementos geométricos (cruzes vazadas inseridas em círculos) e animalistas (uma ave no tímpano axial) de talhe fruste e esquemático.
Por todas estas características, fácil se torna perceber o momento de transição (de resistência) em que a capela foi erguida, muito provavelmente alguns anos antes que a de Santa Eulália de Refojos do Lima, também ela de carácter funerário (ALMEIDA, 2001, p.93). O aspecto geral é vincadamente românico, mas deliberadamente modesto e, até, integrando elementos goticizantes, solução típica das áreas rurais e periféricas do Portugal baixo-medieval.
Peça fundamental do conjunto era a figura central do seu tímpano ocidental. Descrições antigas asseguram que se tratava da representação de um homem nu, de "quatro grandes palmos de alto", com "hum páo lizo que lhe encobre a parte mais impura" (Cf. ALVES, 1982, p.81). Em 1750, o Visitador que nos deixou esta descrição (Diogo de Azevedo, de seu nome), ordenou que a escultura fosse destruída, o que veio, de facto, a acontecer.
Pela impossibilidade de comprovação material deste elemento, várias têm sido as interpretações acerca do que simbolizaria. A mais divulgada opinião é a que identifica neste desaparecido elemento a imagem de Adão (GRAF, 1986, vol.2, p.32, entre outros), situação que explicaria a ocorrência de uma ave a ladear a escultura central, como que indicando aos crentes o Paraíso. Não faltam, todavia, perspectivas diferentes, realçando-se a de Ferreira de Almeida, que considerou tratar-se de uma representação apotropaica, associada ao conteúdo funerário do templo (ALMEIDA, 1986, p.60).
Sem obras assinaláveis ao longo da época moderna, a capela chegou aos nossos dias praticamente intacta. O restauro teve lugar numa fase também tardia da história da intervenção monumental em Portugal, apenas na viragem para a década de 80 do século XX, numa campanha que não desvirtuou excessivamente o conjunto.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens7
Nº de Bibliografias14

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
A capella de Santo Abdão na CorrelhãGUERRA, Luís Figueiredo daEdição1924Viana do Castelo
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
Roteiro da Ribeira LimaAURORA, Conde deEdição1959Porto
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
"Igrejas e Capelas românicas da Ribeira Lima", Caminiana, ano IV, nº7, pp.47-118ALVES, LourençoEdição1982Caminha
Egrejas e Capelas Românicas de Ribeira LimaBARREIROS, Manuel de AguiarEdição1926Porto
Ensaio monográfico da CorrelhãRIBEIRO, José Luís de SousaEdição1996Viana do Castelo
Inventário Artístico da Região Norte - III (Concelho de Ponte de Lima)Edição1974Portosérie «Estudos Regionais» - n.º 10

IMAGENS

Capela de Santo Abdão - Fachada posterior: fresta da capela-mor

Capela de Santo Abdão - Fachada posterior: fresta da capela-mor

Capela de Santo Abdão - Fachada lateral sul: pormenor da cachorrada

Capela de Santo Abdão - Fachada lateral sul: corpo da capela-mor

Capela de Santo Abdão - Fachada lateral sul: pormenor da cachorrada

Capela de Santo Abdão - Fachada lateral sul: pormenor da cachorrada

Capela de Santo Abdão - Fachada principal

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