Nota Histórico-Artistica | Classificado em 1990 como "Imóvel de Interesse Público", o "Castro de Gimonde" ergue-se no topo de um pequeno cabeço de xisto sobranceiro ao rio Sabor, conquanto destituído das condições naturais de defesa essenciais a uma comunidade humana que aí se instalasse, nomeadamente em termos de domínio geo-estratégico sobre a área envolvente, embora a zona mais desprotegida seja, sem dúvida, a voltada da Sul.
Embora os materiais recolhidos no local pareçam confirmar a existência de um povoado da Idade do Ferro, poucos serão os seus vestígios remanescentes, mesmo que subsistam os elementos constituintes do complexo sistema defensivo de que foi dotado, composto de uma única linha de muralha, associada a um torreão erguido sobre um fosso escavado no próprio afloramento, precisamente na zona mais vulnerável (vide supra).
Não obstante, não foram ainda encontrados, na zona intermuralhas, de configuração elíptica, quaisquer vestígios indicadores de uma provável existência de estruturas de carácter doméstico, como seria, certamente, de esperar de um povoado fortificado da Idade do Ferro, como este. Não faltam, porém, elementos denunciadores de uma utilização contínua do seu espaço, mesmo que, na sua maioria, sejam cronologicamente atribuíveis a um período posterior de ocupação, já durante o processo de romanização desta região do Noroeste peninsular, altura em que se observou uma extensão do núcleo central do povoado para Norte do recinto muralhado. São disso exemplo os inúmeros fragmentos de materiais de construção, como tegulae e imbrices, a par de cerâmica comum, aqui também representada por alguns elementos de terra sigillata. Além disso, foram ainda identificados vários numismas, mós manuais e artefactos metálicos, bem como uma relha e um arado, estes últimos oferecidos ao Museu Municipal de Bragança por José Leite de Vasconcellos (1858-1941), que os recolheu no arqueossítio, numa afirmação do carácter duradouro da presença das comunidades humanas que o elegeram para seu habitat. E, de facto, a intervenção arqueológica conduzida no local em meados dos anos noventa do século XX possibilitou a identificação de algumas estruturas, de entre as quais uma forja, ao mesmo tempo que se recolhia um pedestal com epígrafe e um fragmento de uma estela, claramente romanos, a apontarem para a presença de um possível templo, o que não deverá surpreender se relembrarmos que, ao tempo, passava nas suas imediações a via romana que estabelecia a ligação entre Bracara Augusta e Asturica Augusta, à qual se relacionaria uma pequena ponte assinalada há alguns anos atrás, a "Ponte de Gimonde".
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