Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Padrão do Senhor Roubado
Designação
DesignaçãoPadrão do Senhor Roubado
Outras Designações / PesquisasPadrão do Senhor Roubado (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Civil / Padrão
TipologiaPadrão
CategoriaArquitectura Civil
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaLisboa/Odivelas/Odivelas
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Rua do Senhor RoubadoOdivelas Número de Polícia:
Rua Pedro Álvares CabralOdivelas Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
38.786214-9.170911
DistritoLisboa
ConcelhoOdivelas
FreguesiaOdivelas
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 37 077, DG, I Série, n.º 228, de 29-09-1948 (ainda no concelho de Loures) (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO181501
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA edificação do monumento do Senhor Roubado, na década de 40 do século XVIII, veio retomar a memória do furto do Santíssimo Sacramento ocorrido no Mosteiro de Odivelas, a 11 de Maio de 1671. De facto, assistiu-se, no século XVIII, à recuperação deste tema, através dos vários textos, ora novamente escritos ou reeditados, e que relatavam o caso e a sentença de António Ferreira, o cristão responsável, segundo as autoridades de então, por tão chocante desacato perpetuado contra Deus e a Igreja, e que tanta consternação causou no país. O monumento do Senhor Roubado, como ficou conhecido integrou-se nesta dinâmica, tendo sido construído em três fases distintas, entre 1744 e 1747 (SIMÕES, 2000), correspondendo à última os azulejos da parede fundeira, que relatam toda a odisseia do roubo e a respectiva pena aplicada a António Ferreira.
A construção do primeiro padrão remonta a 1744 e deve-se à iniciativa de frei António dos Santos Prazeres que, às suas custas e beneficiando de diversas colaborações, decidiu substituir a antiga cruz, que assinalava o local onde haviam sido enterradas as partículas sagradas, por um cruzeiro e um pináculo. Logo depois, em 1745, foi decidido complementar a primeira intervenção, através de quatro colunas toscanas e respectiva abóbada, patrocinada pelo Cardeal Patriarca e paga com as esmolas dos fiéis. A mensagem iconográfica foi bastante alterada com esta intervenção, colocando a tónica na "exaltação da Fé na doutrina cristã como uma virtude da alma essencial para se chegar à Salvação" (IDEM, p. 44). Contribuem para esta leitura a representação da pomba do Espírito Santo, do Crucifixo, símbolo de Jesus, e do vaso sagrado, símbolo de Cristo, aludindo, no seu conjunto, à Santíssima Trindade. Da mesma forma se compreendem as colunas toscanas evocativas dos quatro Evangelistas, que suportam a cobertura com a figura da Fé, bem como os fogaréus aos cantos, cuja chama é, também, representativa da Fé (IDEM).
Já no muro onde estão os azulejos, se informa que o padrão foi levantado em 1744, a expensas das esmolas dos fiéis, o que não está inteiramente correcto pois observam-se aqui três campanhas, a última das quais correspondente à aplicação dos azulejos historiados em 1747, que deverá ser a data primitiva constante nesta inscrição, alterando-se depois o 7 para o 4 (desta forma reduzia-se a importância de frei António dos Santos Prazeres, transformando todo o monumento numa construção paga pelas esmolas dos fiéis) (IDEM, p. 43). O desenvolvimento destes quadros azuis e brancos, que denotam já alguns aspectos e elementos rococós, é único, articulando uma iconografia específica e adaptada à história do Senhor Roubado com as legendas, que ajudam a identificar os episódios, e tornam evidente o seu significado. Ao centro, uma porta, hoje entaipada, faria a ligação com a igreja do Senhor Roubado, edificada com as esmolas dos fiéis (pela Igreja do Lumiar) e depois destruída pelo Terramoto de 1755.
Assim, e nos primeiros seis quadros, observamos como o referido António Ferreira seguiu o sacristão e entrou na igreja, roubando as vestes dos santos e os vasos sagrados (mas não sem ter desmaiado à vista do sacrário), escondendo depois tudo no sítio dos Caniços e deixando as vestes em casa de uma mulher, a caminho de Lisboa. Foi descoberto ao praticar um outro furto, desta feita, de galinhas, na cerca do Mosteiro de Odivelas e identificado pela cruz que trazia ao peito, que fazia parte do conjunto de objectos roubados. Foi preso e confessou os seus crimes, indicando o local onde escondera as vestes e os vasos. Entretanto, o pároco levou, solenemente, o Santíssimo para o templo. António Ferreira foi trazido para Lisboa, e a senteça ditou que se lhe cortassem as mãos, e a seguir foi morto de garrote e queimado. Notem-se ainda, os aspectos etnográficos, para os quais já Virgílio Correia chamou a atenção, nomeadamente para o jogo da bola com nove paulitos, ilustrado no primeiro painel (CORREIA, 1956, p.88).
(RCarvalho)
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens8
Nº de Bibliografias6

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. III (Mafra, Loures e Vila Franca de Xira)AZEVEDO, Carlos deEdição1963Lisboa
Azulejos datadosCORREIA, VergílioEdição1956Coimbra
Azulejaria PortuguesaMECO, JoséEdição1986LisboaLisboa Data do Editor : 1985
Azulejaria em Portugal no século XVIIISIMÕES, J. M. dos SantosEdição1979Lisboa
Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. III (Mafra, Loures e Vila Franca de Xira)FERRÃO, JulietaEdição1963Lisboa
Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. III (Mafra, Loures e Vila Franca de Xira)GUSMÃO, Adriano deEdição1963Lisboa
O Monumento do Senhor Roubado (colecção Patrimónios 1)SIMÕES, João MiguelEdição2000Odivelas
"O Sr. Roubado", Revista História, n.º 48, pp. 60-63FARINHA, LuísEdição2002Lisboa

IMAGENS

Padrão do Senhor Roubado - Painéis de azulejos (lado esquerdo do conjunto)

Padrão do Senhor Roubado - Painéis de azulejos (lado direito do conjunto)

Padrão do Senhor Roubado - Lápide com inscrição que remata o nicho central do conjunto azulejar

Padrão do Senhor Roubado - Remate da cobertura do cruzeiro

Padrão do Senhor Roubado - Tecto da cobertura do cruzeiro (Tecto do templete)

Padrão do Senhor Roubado - Base do cruzeiro com cabeças de anjo e pixíde

Padrão do Senhor Roubado - Azulejos de figura avulsa que delimita o conjunto pelas faces laterais

Padrão do Senhor Roubado - Planta de localização e Zona de Protecção do imóvel classificado

MAPA

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