Nota Histórico-Artistica | Classificado como "Imóvel de Interesse Público" em 1986, o "Castro de Cabeço" ergue-se de modo relativamente isolado no topo de um esporão sobranceiro ao vale do rio Terva, na vertente Sul da serra do Leiranco.
Com excelente domínio sobre a paisagem circundante e boas condições naturais de defesa, este povoado fortificado de consideráveis dimensões da Idade do Ferro foi dotado de um complexo sistema defensivo perfeitamente adaptado às características geomorfológicas do sítio, composto de duas linhas de muralha construídas com silhares assentes em seco e perfeitas de dois paramentos paralelos preenchidos com material pétreo. A primeira linha de muralha (interna), que delimita o espaço residencial, propriamente dito, distribui-se ao longo de cerca de cento e quarenta metros de comprimento por cento e vinte de largura, exibindo aproximadamente sete metros de espessura nalguns troços e treze numa curva, onde ainda são visíveis dois blocos graníticos superficialmente decorados com alguns dos símbolos mais utilizados pelos habitantes castrejos, como serão os círculos e as espirais. Circundando parcialmente a primeira (uma vez que, aparentemente, as condições naturais de defesa terão dispensado o seu prolongamento pelo lado Sudeste), a segunda linha de muralha acompanha de perto a primeira. Todo este complexo defensivo era reforçado por três fossos, escavados no próprio afloramento granítico, e por campos de pedras fincadas, mesmo que a abertura de um caminho de terra batida tenha, em tempos, originado a demolição de parte significativa destes últimos componentes.
Quanto à área interna definida pela primeira muralha, foram nela identificadas estruturas habitacionais de planta predominantemente circular (algumas das quais pavimentadas com lajeado granítico), apesar de muitas se apresentarem bastante derrubadas. A par destes elementos, foram ainda recolhidos diversos vestígios de cerâmica manual atribuída à Idade do Ferro, bem como material de construção (tegula e imbrex) da época romana. Para além destes testemunhos, foram também encontrados artefactos tão díspares, quanto um numisma de bronze, partes de uma chapa de bronze e um fragmento de mó manual , na sequência da primeira escavação conduzida no local por A. Miranda Júnior em meados do século passado e da intervenção realizada, já em 1982, pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho.
[AMartins] |