Nota Histórico-Artistica | Situado fora de Sedim da Serra, onde encontramos outras igrejas de dimensão considerável para o local, o santuário de Nossa Senhora de Jerusalém destaca-se pela imponência da sua arquitectura, que resulta, muito possivelmente, da ampliação de um primitivo templo medieval. Não se sabe ao certo em que época tal terá acontecido, mas é possível que tenha ocorrido entre a segunda metade do século XVII e o início do século XVIII, uma vez que as pinturas da capela-mor revelam algumas afinidades com o trabalho de Bento Coelho da Silveira, pintor activo durante o período referido. Por outro lado, a proliferação de santuários implantados em locais onde existia a memória de antigas tradições, ou de edifícios mais remotos, como é o caso, foi uma solução muito utilizada durante o período barroco, que desta forma aproximava a religião e a natureza sacralizada, monumentalizando as possibilidades cenográficas destes espaços. Esta necessidade de alargamento do templo poderá, ainda, relacionar-se com um aumento da população da região, ou um incremento das suas necessidades religiosas. Na verdade, já em 1711 Frei Agostinho de Santa Maria referia os poderes milagrosos da imagem de Nossa Senhora de Jerusalém, a quem recorriam muitos fiéis. É certo que intervenções recentes, e em particular uma ocorrida na década de 80 do século XX, foram responsáveis por uma significativa descaracterização do templo, mas é possível perceber as diferenças entre a fachada e o corpo da nave e capela-mor. O alçado principal é flanqueado por pilastras cunhais rematadas por elementos piramidais, e aberto por um portal em arco de volta perfeita. O nicho que se rasga mais acima, tem por base frontão interrompido, e é rematado por um outro triangular. Na empena, ergue-se a sineira. As restantes fachadas e a capela-mor denunciam profundas alterações e acrescentos. Já no interior, a abóbada de berço da nave deixa adivinhar a existência de pintura da qual hoje apenas restam fragmentos, embora nos panos murários ainda se possa observar uma cena da vida da Virgem. A mesma iconografia está presente nos caixotões do tecto da capela-mor, enriquecida por elementos vegetalistas. (Rosário Carvalho) |