Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de Vera Cruz de Marmelar
Designação
DesignaçãoIgreja de Vera Cruz de Marmelar
Outras Designações / PesquisasIgreja Paroquial de Vera Cruz de Marmelar / Igreja de Vera Cruz (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaÉvora/Portel/Vera Cruz
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo da IgrejaVera Cruz Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
38.229237-7.680718
DistritoÉvora
ConcelhoPortel
FreguesiaVera Cruz
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 29 604, DG, I Série, n.º 112, de 16-05-1939 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12699926
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaAntes de a igreja ter sido agraciada com as relíquias da Vera Cruz, recolhidas na Batalha do Salado, assim fazendo com que Marmelar se instituísse como um dos quatro templos do reino onde a memória dessa gloriosa batalha fosse evocada (Sé de Évora, Sé de Lisboa e Matriz de Santiago do Cacém), um longo passado religioso estava testemunhado no local.
São ainda importantes os vestígios de uma construção anterior, catalogada por alguns autores como de época visigótica (ALMEIDA, 1954; HAUSCHILD, 1986, p.168), mas mais recentemente inserida no contexto moçárabe, pouco posterior à conquista islâmica da península (REAL, 1995, p.44; CABALLERO e ARCE, 1995, p.201). Na cabeceira, restam duas capelas quadrangulares cobertas com abóbada em ferradura, que serviram, originalmente, de absidíolos de uma reformulada ábside. Numa delas conserva-se uma janela-nicho de formato semicircular, cuja curvatura é ocupada por concha talhada a bisel (ALMEIDA, 1954, p.7). Pelo local existem outros elementos pétreos decorados com motivos vegetalistas e geométricos, já descontextualizados, assim como pequenos frontões triangulares (em número ainda impreciso), incorporados na parede posterior da cabeceira.
Em 1954, Fernando de Almeida catalogou estes vestígios à luz das dominantes estilísticas visigóticas de Beja, conclusão que teve o seu sucesso nas décadas imediatamente posteriores, em que o foco bejense, estudado por Abel Viana, se relacionava preferencialmente com Mérida. No entanto, a partir de finais dos anos 80 do século XX, tem-se questionado esta catalogação e privilegiado uma via alternativa, um pouco mais tardia e que tem nas comunidades moçárabes um factor preponderante de desenvolvimento. As analogias decorativas das peças de Marmelar com outras das igrejas setentrionais de San Pedro de la Nave e de San Juan de Baños são importantes o suficiente para que se equacione estar perante uma obra estritamente moçárabe.
Em 1240, os hospitalários fundaram a aldeia e terão promovido a conversão do edifício cristão em mosteiro. As obras de edificação do novo conjunto terão ficado terminadas por volta de 1268 (PEREIRA, 1995, vol. I, p.391). A qualidade da obra arquitectónica então realizada é a prova material da relevância desta comunidade para a Ordem do Hospital.
Tipologicamente, a igreja insere-se no grupo de igrejas-fortalezas e as analogias com o templo do Mosteiro da Flor da Rosa foram já evidenciadas (RODRIGUES e PEREIRA, 1986). A fachada principal é flanqueada por duas torres quadrangulares de quatro pisos, que resguardam o portal principal, incorporado em narthex. As fachadas laterais, seccionadas por contrafortes ligados por arcos cegos de volta perfeita, são fenestradas por altas frestas, mais características da arquitectura militar. Paralelamente, o conjunto era rematado por ameias e, na cabeceira, associava-se uma terceira torre, hoje muito transformada. O interior é de nave única de tendência cruciforme, com dois portais góticos entaipados nos braços do transepto inscrito, formando um interior muito amplo.
A estrutura do templo que chegou até hoje data genericamente do período gótico, embora tenham existido obras posteriores, designadamente no século XVII. É a essa altura que corresponde a entrada principal com portal de lintel recto limitado por colunas jónicas e sobrepujado por frontão curvo, bem como as entradas laterais, que seguem o mesmo esquema de portal, porém simplificado. No interior, a cobertura gótica foi integralmente substituída pela actual abóbada de canhão e ter-se-á fechado a capela-mor, construindo-se o actual retábulo de estrutura única na parede e as duas portas de arco de volta perfeita de acesso aos absidíolos.
Sem obras aparentes nos últimos séculos, o complexo de Vera Cruz de Marmelar, que integra também o antigo paço (de origem medieval e convertido em residência particular), permanece como um terreno virgem de intervenções, propício ao desenvolvimento de um projecto modelar a todos os níveis.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens11
Nº de Bibliografias8

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"A Arquitectura (1250-1450)", História da Arte Portuguesa, dir. Paulo Pereira, vol. I, pp.335-433PEREIRA, PauloEdição1995Lisboa
Inventário Artístico de Portugal - vol. IX (Distrito de Évora, Zona Sul, volume I)ESPANCA, TúlioEdição1978LisboaO vol. II é totalmente dedicado às ilustrações.
"Arte visigótica", História da Arte em Portugal, vol. I, 1986, pp.149-169HAUSCHILD, TheodorEdição1986Lisboa
"Inovação e resistência: dados recentes sobre a antiguidade cristã no ocidente peninsular", IV Reunião de Arqueologia Cristã Hispânica (Lisboa, 1992), 1995, pp.17-68REAL, Manuel LuísEdição1995
Arte visigótica em PortugalALMEIDA, Fernando deEdição1962Lisboa
Santa Maria da Flor da Rosa. Um estudo de História de ArteRODRIGUES, JorgeEdição1986Crato
Santa Maria da Flor da Rosa. Um estudo de História de ArtePEREIRA, PauloEdição1986Crato
Pedras visigodas de MarmelarALMEIDA, Fernando deEdição1954Lisboa
"A comenda de Vera Cruz de Marmelar", A Cidade de Évora, nº57ESPANCA, TúlioEdiçãoÉvora

IMAGENS

Igreja de Vera Cruz de Marmelar- entrada principal. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar - porta de acesso à torre do sino. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar e Paço Medieval - zona da cabeceira da igreja e ruínas do Paço. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar - entrada principal. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar - local da pia batismal. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar. Maria Ramalho, 2011.

Ruínas do Paço Medieval de Vera Cruz de Marmelar. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar - porta gótica entaipada. Maria Ramalho, 2011.

Ruínas do Paço Medieval de Vera Cruz de Marmelar. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar - zona da cabeceira. Maria Ramalho, 2011.

Igreja de Vera Cruz de Marmelar - pormenor de janela interior. Maria Ramalho, 2011.

MAPA

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