Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Quinta do Relógio
Designação
DesignaçãoQuinta do Relógio
Outras Designações / PesquisasQuinta do Relógio / Quinta de Monte Cristo (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Civil / Palácio
TipologiaPalácio
CategoriaArquitectura Civil
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaLisboa/Sintra/Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Caminho dos CastanheirosSintra Número de Polícia:
Largo da Quinta do RelógioSintra Número de Polícia: 1-2
Alameda de Almeida GarrettSintra Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
38.796747-9.395452
DistritoLisboa
ConcelhoSintra
FreguesiaSintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 67/97, DR, I Série-B, n.º 301, de 31-12-1997 (ver Decreto)
Edital N.º 255 de 23-09-1996 da CM de Sintra
Despacho de autorização de 12-08-1996 do Ministro da Cultura
Parecer de 18-06-1996 do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como IIP
Despacho de concordância de 18-11-1993 do presidente do IPPAR
Parecer de 3-11-1993 do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a abertura da instrução do processo de classificação
Proposta de classificação de 13-04-1993 da CM de Sintra, após deliberação de 1-04-1993
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património MundialAbrangido pela "Paisagem Cultural e Natural de Sintra", incluída na Lista de Património Mundial - MN (nº 7 do art.º 15.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro)
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9914630
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaAntes do actual palacete neo-árabe que domina a propriedade, existiram outras formas de aproveitamento desta quinta, num processo que recua aos inícios do século XIX, mas que pode, eventualmente, ter origens ainda mais antigas. O mais antigo registo de que temos conhecimento remonta aos primeiros anos de Oitocentos, altura em que a propriedade estava na posse de "um certo Padre Jerónimo" que, poucos anos depois, a "legou aos antepassados do 15º Conde do Redondo", D. Fernando Maria de Sousa Coutinho Castelo Branco e Meneses, titular da herdade em 1850 (STOOP, 1986, p.306).
Da quinta então usufruída por estes homens, nada hoje resta, mas ainda é possível ter uma percepção genérica do que teria sido pelos desenhos de Domingos Schiopetta (1829) e Clémentine Brelaz, e pelas notas do viajante inglês William Beckford. Assim, a Quinta ficou a dever o seu nome a uma poderosa torre que, com os seus numerosos sinos, "dava as horas ao som de vários minuetes". Supomos que fosse uma torre setecentista, pois ela haveria de ser demolida por volta de 1800, altura em que o banqueiro Thomas Horn construiu, em sua substituição, um edifício habitacional de veraneio. Disso mesmo nos dá conta Beckford, que já não descreveu a torre, e Brelaz, que não a desenhou, sintomas de que, já pelas décadas centrais do século XIX, a torre havia desaparecido.
Nos anos 50 de Oitocentos, a história desta propriedade haveria de mudar drasticamente. Adquirida por Manuel Pinto da Fonseca, traficante de escravos com o Brasil e cognominado o "Monte Cristo", pelas múltiplas viagens e vida atribulada, as anteriores construções foram demolidas, para dar lugar a um dos mais exóticos palácios privados sintrenses. Inspirando-se possivelmente nas suas viagens (IDEM, p.306) tendo em vista o acesso à sociedade erudita, culta e endinheirada da Nobreza de Corte (ANACLETO, 1994, p.116), optou por uma estética neo-árabe, para o que contratou o arquitecto António da Fonseca Júnior, que encontrou também importantes sugestões estilísticas na própria serra de Sintra, em particular nos palácios da Pena e de Monserrate.
A obra é uma das mais marcantes construções românticas da zona. De planta longitudinal regular, apresenta estrutura volumétrica tripartida, com corpo central mais alto e estreito, ladeado por outros dois, simétricos entre si. Aquele é ameado e possui galilé com tripla arcada de arcos ultrapassados, dotados de moldura exterior, que repousam em capitéis vegetalistas de decoração estilizada e finas colunas. Interiormente, essa arcada tem correspondência com outros três vãos, de perfil idêntico, sobrepujados por cartelas horizontalizantes com inscrições em árabe (ilustrando a divisa que os reis de Granada fizeram imprimir em edifícios dessa cidade) e óculos de perfil circular irregular, estando o alçado integralmente pintado com listas horizontais, alternadamente brancas e vermelhas. Os dois corpos laterais mantêm parcialmente essas faixas, e integram duas portas de arco ultrapassado, rasgadas harmonicamente no alçado.
O exotismo deste pavilhão não dispensa o investimento realizado pelo proprietário no jardim, com o qual a arquitectura se complementa. Duas araucárias ladeiam a fachada principal e enquadram uma fonte de tanque circular, que antecede o edifício e lhe confere maior monumentalidade. No restante jardim, é comum encontrarem-se magnólias, fetos, camélias e buxos, numa combinação exótica e demonstradora do requinte a que Manuel Pinto da Fonseca aspirava, a que não falta mesmo um pequeno lago coberto por nenúfares.
Não será difícil perceber o sucesso desta obra pela segunda metade do século XIX, a ponto de o rei D. Carlos e D. Maria Amélia de Orleans aqui terem passado a sua lua-de-mel, em Maio de 1886. No campo estrito da História da Arte, é uma das mais importantes peças privadas do neo-árabe, num país que foi muito mais sensível ao neo-gótico por via inglesa que à herança de mais de cinco séculos de presença islâmica no nosso território.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPQuinta da Regaleira, com o seu palácio, capela, torres, complexo subterrâneo e jardim, incluindo todos os elementos decorativos
Outra Classificação
Nº de Imagens9
Nº de Bibliografias11

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Sintra Património da HumanidadeRIBEIRO, José CardimEdição1998Sintra
O Neomanuelino ou a reinvenção da arquitectura dos Descobrimentos.ANACLETO, ReginaEdição1994Lisboa
A Arte em Portugal no Século XIX (2 vols.)FRANÇA, José-AugustoEdição1990LisboaLisboa Data do Editor : 1966
Quintas e palácios nos arredores de LisboaSTOOP, Anne deEdição1986Lisboa
Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, vol. IIAZEVEDO, José Alfredo da CostaEdição1997Sintra
Velharias de SintraAZEVEDO, José Alfredo da CostaEdição1980Sintra
Sintra e suas QuintasPEREIRA, ArturoEdição1983Sintra
Cintra pituresca, ou memoria descriptiva da Villa de Cintra, Collares, e seus arredores...LACERDA, João António de Lemos Pereira (Visconde de Juromenha)Edição1838Lisboa
Sintra. A Paisagem e Suas QuintasLUCKHURST, GeraldEdição1989Lisboa
Sintra. A Paisagem e Suas QuintasSILVA, José Cornélio daEdição1989Lisboa
Beckford em Sintra no verão de 1787 - história da Quinta e Palácio do RamalhãoCOSTA, FranciscoEdição1982Sintra
Cintra, Collares e seus arredoresEdição1888Lisboa

IMAGENS

Palácio da Quinta do Relógio - Fachada principal: vista parcial decorrendo obras de restauro (Setembro de 2005)

Palácio da Quinta do Relógio - Fachada lateral esquerda

Palácio da Quinta do Relógio - Vista geral (fachada posterior), a partir do miradouro de São Martinho

Palácio da Quinta do Relógio - Fachada lateral esquerda

Palácio da Quinta do Relógio - Zona envolvente: edifício da garagem

Palácio da Quinta do Relógio - Portão de acesso

Palácio da Quinta do Relógio - Jardim: passagem em arco neoárabe

Palácio da Quinta do Relógio - Fachada principal: registo superior do corpo central

Palácio da Quinta do Relógio - Fachada principal: pormenor das pinturas murais sobre os arcos

MAPA

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