Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela de São Pedro de Balsemão
Designação
DesignaçãoCapela de São Pedro de Balsemão
Outras Designações / PesquisasCapela de São Pedro de Balsemão (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Capela
TipologiaCapela
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViseu/Lamego/Lamego (Almacave e Sé)
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Rua Cardoso AvelinoLamego Número de Polícia:
Largo do DesterroLamego Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.106998-7.7831
DistritoViseu
ConcelhoLamego
FreguesiaLamego (Almacave e Sé)
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 7 586, DG, I Série, n.º 138, de 8-07-1921 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9913229
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA capela de São Pedro de Balsemão é um monumento tão relevante cientificamente quanto problemática é a sua cronologia e forma original. Nos últimos cem anos, a historiografia divide-se em duas propostas cronológicas antagónicas: a época visigótica (séculos VI-VII) e a expansão do reino asturiano (séculos IX-X). Até ao momento, não foi possível confirmar qualquer destas sugestões e, por isso, Balsemão continua a integrar a polémica que tem separado investigadores desde que, há sensivelmente uma década e meia, os ciclos asturiano e moçárabe foram objecto de uma radical revalorização.
No local onde o templo se implanta, ou muito próximo, parece ter existido uma uilla romana, como o atestam algumas inscrições, um terminus augustalis do tempo de Cláudio e as aras reaproveitadas como altares (ALARCÃO, 1990, vol.1, p.377). A confirmar-se, algum dia, a relação desta uilla com o templo, teremos mais um exemplo da continuidade de ocupação que caracteriza já um considerável número de sítios no país.
A edificação da capela aconteceu num momento ainda indeterminado da Alta Idade Média. Para os defensores de uma cronologia de época visigótica, assume especial importância uma lápide datada de 588 e aparecida na cidade (cf. CORREIA, 1928, p.373). Outros argumentos, invocados por Lampérez y Romea, foram a forma ultrapassada do arco triunfal e o plano basilical adoptado. A partir daqui, e de outros contributos muitas vezes indirectos acerca do que teria sido a arte de época visigótica, a ideia de uma igreja dos séculos VI-VII ganhou forma e foi sucessivamente repetida por nomes marcantes como Schlunk, Fernando de Almeida, Hauschild, etc.
Nos últimos anos, todavia, ganhou maior relevo a hipótese de o templo datar de finais do século IX ou, mesmo, já do século X. O primeiro autor a propor esta ideia foi Joaquim de Vasconcelos, há quase cem anos (VASCONCELOS, 1911, p.79), por analogia com a igreja de São Pedro de Lourosa, epigraficamente datada de 912. No entanto, o sucesso do modelo "visigotista", proposto pelos autores anteriormente citados, praticamente inviabilizou esta proposta, só muito recentemente retomada por Real, Ferreira de Almeida, Barroca e Teixeira, entre outros.
Com efeito, a identificação de um clípeo (medalhão), de um pé de altar decorado com a tradicional cruz asturiana, de um fragmento de ajimez moldurado e a utilização de impostas de rolo decoradas com motivos cordiformes, são indicadores de uma cronologia avançada, a que o classicismo das formas (tão demonstrado na reutilização de capitéis coríntios tardo-antigos) emprega verdadeiro valor estilístico, aproximando-o de construções como São Pedro de Lourosa (onde também aparece um medalhão circular), a controversa Mesquita-Catedral de Idanha-a-Velha ou a basílica do Prazo (REAL, 1999, p.268). A chegada a um consenso da cronologia de Balsemão está, ainda assim, longe de esgotar todos os problemas, como a sugestão de uma ábside única rectangular, aparentemente mais característica da época visigótica, ou o aparecimento, num silhar, do símbolo dos condes de Portucale, na viragem para o século XII.
Nas centúrias seguintes, a igreja foi profundamente transformada. No século XIV, o bispo do Porto, D. Afonso Pires, escolheu-a para sua capela funerária e terá, para isso, "refeito toda a igreja" (ALMEIDA, 2001, p.31). Para além do seu sarcófago, hoje localizado a meio da nave central, não restam vestígios claros dessa reforma, sendo certo, no entanto, que, em 1643, Luís Pinto de Sousa Coutinho integrou-a no seu solar. Data, assim, do século XVII, a grande reforma responsável pelo aspecto actual do monumento. A porta ocidental foi inutilizada e transformou-se radicalmente a meridional que, monumentalizada com algumas lápides e uma escadaria, passou a ser a principal. Reconstruiu-se também a cabeceira e largos trechos do corpo, fazendo com que, o que hoje reconheçamos, seja um edifício seiscentista que aproveitou alguns elementos altimedievais.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPAlto Douro Vinhateiro
Outra Classificação
Nº de Imagens12
Nº de Bibliografias20

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
O legado islâmico em PortugalMACIAS, SantiagoEdição1998Lisboa
Arte visigótica em PortugalALMEIDA, Fernando deEdição1962Lisboa
"O disco de Sabante e a influência da arte asturiana na área galaico-portuguesa", Carlos Alberto Ferreira de Almeida. In Memoriam, vol. II, pp.261-274REAL, Manuel LuísEdição1999Porto
2000 anos de Arte em PortugalPEREIRA, PauloEdição1999Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
"Inscrições romanas de Balsemão", Beira Alta, vol.41, pp.257-268VAZ, João Luís da InêsEdição1982Viseu
O legado islâmico em PortugalTORRES, CláudioEdição1998Lisboa
Capela de São Pedro BalsemãoTEIXEIRA, Ricardo Jorge Coelho Marques AbrantesEdição2003Lisboa
"Contribuição para o estudo dos testemunhos pré-românicos de Entre-Douro-e-Minho ajimezes, gelosias e modilhões de rolos", Actas do Congresso Internacional, IX Centenário da Dedicação da Sé de Braga, Vol. I, pp.101-145BARROCA, Mário JorgeEdição1990Braga
A arquitectura pré-românica em Portugal. São Pedro de Balsemão e São Pedro de LourosaPESSANHA, JoséEdição1927Coimbra
A igreja de Lourosa da SerraCORREIA, VergílioEdição1912Lisboa
Três túmulosCORREIA, VergílioEdição1924Lisboa
"Arte visigótica", História de Portugal, dir. Damião Peres, Barcelos, Portucalense, 1928, pp.363-388CORREIA, VergílioEdição1928
História da Arte em PortugalLACERDA, Aarão deEdição1942Porto
"L'art pre-roman au Portugal", XVI Congrès International d'Histoire de l'Art, pp.125-140MONTEIRO, ManuelEdição1949Lisboa
"Arte visigótica", História da Arte em Portugal, vol. I, 1986, pp.149-169HAUSCHILD, TheodorEdição1986Lisboa
"Eclectismo. Classicismo. Regionalismo. Os caminhos da arte cristã no Ocidente peninsular entre Afonso III e al-Mansur", Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (sécs. VIII a XIII), pp.293-310FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2005Palmela
A igreja pré-românica de São Pedro de Lourosa, Dissertação de Mestrado em Arte, Património e RestauroFERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2002Lisboa
A escultura em Portugal, vol.1SANTOS, Reynaldo dosEdição1948Lisboa
Iglesias mozárabesGÓMEZ-MORENO, ManoelEdição1919Madrid
Igreja de São Pedro do Balsemão: algumas notasBOTELHO, Simão MoraisEdição1977Lamego

IMAGENS

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: face lateral do túmulo de D, Afonso Pires, Bispo do Porto

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: vista parcial (da actual porta principal para a capela-mor)

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: arco triunfal da capela-mor

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: arcaria setentrional do corpo, vista do arco triunfal

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: arco triunfal e retábulo-mor

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior da capela-mor: pormenor do tecto de caixotões

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: retábulo colateral com imagem de Nossa Senhora da Expectação

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: pormenor da testeira do túmulo de D. Afonso Pires, Bispo do Porto, com representação do Calvário

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior da capela-mor: arco triunfal e nave central

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: eixo da nave central com o túmulo de D. Afonso Pires, Bispo do Porto

Capela de São Pedro de Balsemão - Interior: túmulo de D. Afonso Pires, Bispo do Porto

Capela de São Pedro de Balsemão - Fachada principal (vista geral)

MAPA

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