Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Túmulo de João Afonso, fundador do antigo hospital de Santarém, na Igreja Paroquial de São Nicolau
Designação
DesignaçãoTúmulo de João Afonso, fundador do antigo hospital de Santarém, na Igreja Paroquial de São Nicolau
Outras Designações / PesquisasIgreja Paroquial de São Nicolau / Igreja de São Nicolau (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Túmulo
TipologiaTúmulo
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaSantarém/Santarém/União de Freguesias da cidade de Santarém
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Rua Capelo e IvensSantarém Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
39.234833-8.683919
DistritoSantarém
ConcelhoSantarém
FreguesiaUnião de Freguesias da cidade de Santarém
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEPPortaria de 29-10-1946, publicada no DG, II Série, n.º 5, de 7-01-1947 (ZEP do Túmulo de João Afonso e do Túmulo de Fernão Rodrigues Redondo)
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12737527
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaO túmulo de D. João Afonso e de sua mulher, Iria Afonso, na primeira capela à direita da igreja de São Nicolau, é o tributo póstumo, construído em época manuelina, a uma das mais importantes figuras nacionais do século XV. Conselheiro de D. João I e fundador do Hospital de Jesus Cristo (1426), D. João Afonso fez-se sepultar numa capela dessa igreja, em cujo altar ainda em 1738 o Padre Luiz Mattoso referia a existência de uma pintura retabular onde se figurava o instituidor do Hospital "de joelhos com as contas nas mãos" orando junto a um Calvário, obra do pintor Manuel Lampreia Mata (1623), quadro esse que se perdeu (MATTOSO, 1738, p.382; SERRÃO, 1983; Cfr. CUSTÓDIO, 1996, p.63).
Nos inícios do século XVI a igreja foi objecto de uma campanha de obras de reconstrução e actualização estética, de que restam importantes testemunhos recolhidos no Museu Municipal de Santarém; nessa ambiciosa campanha insere-se a construção do túmulo manuelino de D. João Afonso. Adaptado a um arcossólio de arco em carena, esta obra apresenta uma solução decorativa de inegável qualidade, pela amplitude do seu programa iconográfico, mas também pelo elevado enriquecimento artístico, resultado da conjugação do requinte técnico escultórico com a diversidade cromática que ainda hoje é reconhecível: vestígios de policromia que foram objecto de um restauro de fixação de pigmentos há cerca de cinco anos.
Iconograficamente, a arqueta onde repousam os restos mortais dos dois tumulados assemelha-se a um cofre (SEQUEIRA, 1949, p.74) ao qual não falta mesmo uma tira que parece cintar axialmente a tampa. A face é decorada com três escudos, ostentando o central as iniciais do Hospital que João Afonso fundou na cidade, e os laterais duas inscrições identificativas do casal. Sobrepujando a arca encontramos vestígios de uma cartela pintada "a fresco" (CUSTÓDIO, 1996, p.63) que repete as iniciais do Hospital, e uma arruinada decoração parietal, que originalmente devia ocupar todo o pano fundeiro do arcossólio, na medida em que ainda é possível distinguir tenuamente a presença de algumas linhas de contorno de figuras.
Para além destes dois registos de carácter essencialmente terreno (de índole comemorativa da acção de D. João Afonso enquanto fundador do hospital), o programa iconográfico do conjunto tumular possui também uma mensagem estritamente religiosa, simbolizada no excepcional Calvário que se desenvolve imediatamente acima do arco. Cristo crucificado, numa cruz que se encontra no eixo vertical de todo o conjunto, é ladeado pelas duas habituais figuras deste tema: a Virgem Maria e São João. Em plano mais baixo, e colocados nos dois extremos da composição, a escultura de vulto de dois profetas, de discreta factura, cujas filacteras simbolizam o alfa e o ómega, o início e o fim e o reinício de todas as coisas, da vida de Cristo e da própria existência de D. João Afonso.
A cronologia exacta deste registo superior é ainda hoje debatida, sendo provável que fizesse parte do primitivo conjunto tumular mandado fazer por D. João Afonso. O facto de as imagens estarem hoje claramente desajustadas em relação à secção das mísulas em que assentam é um indicador precioso quanto à sua cronologia pelos meados do século XV e seu posterior reaproveitamento na obra manuelina.
A importância desta peça ultrapassa, em muito, o carácter regional com que se tem encarado a sua existência. Ela é um exemplo mais a juntar ao grupo de túmulos manuelinos existentes no país, cujas fórmulas e tipologias revelam bem a diversidade dos seus encomendadores, numa altura de clara transição para a modernidade. Durante as obras de reconstrução da igreja gótica, no início do século XVII, por traça do arquitecto régio Baltazar Álvares, a capela que guarda o túmulo foi alvo de obras que tiveram em respeito, na medida do possível, a sua estrutura original, de modo a não afectarem uma obra já então considerada emblemática da história local (SERRÃO, 1990).
VS e PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens10
Nº de Bibliografias0

IMAGENS

Túmulo de João Afonso - Vista geral do arcosólio com arca tumular

Túmulo de João Afonso - Arca tumular

Túmulo de João Afonso - Cartela com inscrição na face da arca tumular

Túmulo de João Afonso - Arcosólio (registo intermédio do conjunto tumular)

Túmulo de João Afonso - Pormenor de mísula do arco

Túmulo de João Afonso - Registo superior do arcosólio com representação do Calvário

Túmulo de João Afonso - Capitel vegetalista coroado do arcosólio

Túmulo de João Afonso - Remate do arcosólio: imagem de São João (Evangelista)

Túmulo de João Afonso - Remate do arcosólio: imagem da Virgem Maria

Túmulo de João Afonso - Portaria publicada no DG, II Série, n.º 5, de 07-01-1947 - Texto e planta do diploma

MAPA

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