Nota Histórico-Artistica | A fundação de Vila Nova de Cerveira é geralmente atribuída a D. Dinis, cujo esforço povoador, a par da construção do actual castelo, ampliou muito o número de moradores da pequena localidade pré-existente. No entanto, a povoação de Cerveira existiria já desde os alvores da nacionalidade, inclusivamente como burgo fortificado, de acordo com a sua situação fronteiriça. Assim, terá existido uma torre, ou mesmo um primitivo castelo, ainda na época de D. Afonso III, quando urgia fazer frente às ainda frequentes incursões leonesas. A "pobra", ou póvoa, de Vila Nova de Cerveira, possivelmente numa zona distinta do aglomerado inicial, é por fim fundada por D. Dinis, que lhe outorga o primeiro foral em 1321. A vila recebe Foral Novo de D. Manuel, em 1521; no entanto, o actual pelourinho terá sido levantado apenas em 1547, de acordo com a data inscrita no mesmo monumento. Ergue-se este pelourinho naquela que foi certamente a sua implantação original, no interior das muralhas do castelo, diante do edifício que foi o da antiga cadeia e Paços do Concelho, reconstruído em 1598 e alterado em 1768. Possui aspecto muito rústico, para o que contribui o facto de o fuste parecer assentar directamente sobre o soco. Este é constituído por uma plataforma de três degraus quadrangulares, em pedra toscamente aparelhada, sendo o degrau térreo mais semelhante a uma plataforma elevada, destinada a vencer o desnível do pavimento. Sobre este soco assenta um largo plinto, dando a impressão de um outro degrau, distinto apenas no talhe biselado das arestas. O fuste, esguio e liso, é de planta octogonal, mas remata num troço de planta quadrada, ao modo de ábaco. Sustenta um capitel paralelepipédico ornamentado com quatro escudetes, exibindo as armas de Portugal e as armas dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira, em faces alternadas. Conserva ainda a data de execução, 1547, respeitante ao senhorio de D. Francisco de Lima, 5º visconde. Entre o topo do fuste e o capitel estão os quatro ferros de sujeição, em cruz, terminados por serpes. Falta apenas a golilha, instrumento de sujeição dos condenados à exposição pública, que foi arrancada por volta de 1850. O capitel é rematado com um "chapéu" cónico, com oito faces, encimado por um boleado. Todo o conjunto é em granito. SML |