Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja e Torre de Manhente
Designação
DesignaçãoIgreja e Torre de Manhente
Outras Designações / PesquisasMosteiro de Manhente (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaBraga/Barcelos/Manhente
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
- -Lugar da Igreja Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.54403-8.573593
DistritoBraga
ConcelhoBarcelos
FreguesiaManhente
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 2 166, DG, I Série, n.º 265, de 31-12-1915 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEConjunto
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9914629
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaEm 2003 o conjunto monumental de Manhente foi alvo de um rigoroso estudo por parte de Mário Barroca, que logrou identificar e sistematizar numerosos elementos pré-românicos que haviam passado despercebidos até aos nossos dias. Em boa verdade, alguns dos vestígios eram já conhecidos e encontravam-se, há muito, associados à igreja (casos de dois silhares reaproveitados na parede fundeira da capela-mor, de moldura toreada e um deles ostentando uma cruz pátea). Mas outros revelaram-se inteiramente novos, como a reaproveitada porta da torre, reformulada em época gótica, e cuja pedra de fecho apresenta uma cruz pátea pré-românica. De acordo com M. Barroca, tratar-se-ia de uma porta do templo do primitivo mosteiro (a julgar pela carga simbólica da cruz tutelar) e apresenta uma "extraordinária qualidade técnica e plástica", que lhe confere o estatuto de obra maior do pré-românico da área portucalense e datável, segundo o autor, da segunda metade do século X ou inícios do seguinte (BARROCA, 2003, pp.680-685). As analogias estilísticas por si citadas com realizações da primeira metade do século X, como Celanova ou Peñalba, poderão mesmo recuar um pouco a cronologia até à primeira metade do século X, altura em que o entre-Douro-e-Minho foi objecto de uma intensa organização asturiano-leonesa.
Este insuspeitado passado pré-românico, não referido documentalmente, enriquece o conjunto medieval que chegou até aos nossos dias e explica, em parte, as grandes transformações ocorridas no período românico. Como estabelecimento pré-existente, documentado a partir de finais do século XI, não espanta que D. Afonso Henriques lhe tivesse doado carta de couto logo em 1128, pouco tempo antes da Batalha de São Mamede, num diploma que é ainda alvo de alguma desconfiança histórica (Cf. IDEM, pp. 667-668). Antes disso, porém, havia-se iniciado uma nova fase de obras, atestada por uma inscrição datada de 1117.
Desconhecemos se a empreitada de reconstrução integral do templo tenha arrancado nessa data e se estaria concluída escassos seis anos depois - como sugere M. Barroca a partir de uma outra inscrição, datada de 1123, hoje reaproveitada na parede Norte do corpo da igreja, junto ao telhado (IDEM, p.673) - ou se, em alternativa, o letreiro comemorativo de 1117 diga respeito à conclusão dos trabalhos. Em todo o caso, estamos em presença de uma das mais precoces obras românicas portuguesas (ao contrário do que pensou ALMEIDA, 1986, pp.68-70 e 2001, p.100, que datou o conjunto de finais do século XII), testemunhada pelo seu portal ocidental, cujo perfil e reportório decorativo é elucidativo: de desenho ainda um pouco ultrapassado, as arquivoltas são ornamentadas com motivos geométricos, como cordiformes, bilhetes, pontas de lança ou fitas dobradas, realizações características do eixo românico de Braga-Rates durante a primeira metade do século XII e que progrediu no entre-Douro-e-Minho como fundo local alheio às influências mais complexas que, por essa mesma altura, se começaram a fazer sentir vindas da Galiza.
A obra ocidental de Manhente é ainda fundamental porque a inscrição de 1117 legou-nos o nome do presumível mestre de obras, Gundisalvus magister, circunstância rara no panorama da nossa arquitectura medieval e que, dadas as profundas afinidades com o projecto catedralício que, por essa mesma altura, ainda se desenrolava em Braga, pode trazer alguma luz sobre o responsável pelo nosso primeiro românico da região.
Planimetricamente, o templo não apresenta quaisquer novidades, compondo-se de uma nave rectangular e uma capela-mor mais baixa que o corpo. Do lado Sul da frontaria existe uma torre de planta quadrangular, possivelmente construída no século XIV (BARROCA, 2003, p.678), que se associava às dependências monacais, também elas alvo de trabalhos por essa altura. De apenas dois andares, terá sido edificada com o intuito de proteger e de assinalar o poder fundiário do mosteiro de Manhente na Baixa Idade Média.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens2
Nº de Bibliografias14

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho: séculos V a XVBARROCA, Mário JorgeEdição1987PortoTese de aptidão pedagogica Publicado a 1987
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
O Concelho de Barcelos Aquém e Além Cávado (1948), 2ªed. fasimiliadaFONSECA, Teotónio daEdição1987Barcelos
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa
A arte românica de Coimbra (novos dados - novas hipóteses)REAL, Manuel LuísObra
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
"O arco pré-românico do mosteiro de Manhente (Barcelos)", Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Departamento de Ciências e Técnicas do Património, nº2, pp.665-686BARROCA, Mário JorgeEdição2003Porto
Catálogo do Museu Arqueológico de BarcelosALMEIDA, Carlos Alberto Brochado deEdição1991Barcelos
Catálogo do Museu Arqueológico de BarcelosMILHAZES, CláudiaEdição1991Barcelos
Catálogo do Museu Arqueológico de BarcelosANTUNES, João Manuel VianaEdição1991Barcelos
"A extinção do Mosteiro de Manhente", Barcellos Revista, nº2MARQUES, JoséEdição1985Barcelos

IMAGENS

Igreja e Torre de Manhente - Planta com a delimitação e a ZP actualmente em vigor

Igreja e Torre de Manhente - Vista geral (DGESBA)

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