Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau
Designação
DesignaçãoIgreja de São Cristóvão de Rio Mau
Outras Designações / PesquisasIgreja Paroquial de Rio Mau / Igreja de São Cristóvão / Igreja Velha (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaPorto/Vila do Conde/Rio Mau e Arcos
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
-- -Rio Mau Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.399846-8.679248
DistritoPorto
ConcelhoVila do Conde
FreguesiaRio Mau e Arcos
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9823125
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA pequena igreja de Rio Mau tem sido uma das mais debatidas obras românicas do nosso país, pela qualidade e importância das realizações escultóricas que congrega. Quer o complexo programa iconográfico dos capitéis da cabeceira, quer as representações dos tímpanos dos três portais são manifestações maiores da nossa arte do século XII e princípios de XIII e a sua análise tem conferido ao monumento um estatuto singular no panorama da arte românica em Portugal.
O mosteiro já existia em 1103, estando dedicado a São Cristóvão, pelo que é de admitir que a sua fundação se tenha verificado nas derradeiras décadas do século XI, altura em que a liturgia romano-cluniacense entrou no antigo reino de Leão, substituindo as anteriores determinações hispânicas, com a consequente renovação de oragos e de cultos.
Os vestígios materiais mais antigos, todavia, não são de época tão recuada e estão catalogados a partir de 1151, ano em que o sacerdote Pedro Dias terá patrocinado a obra românica, de acordo com uma inscrição comemorativa do arranque dos trabalhos, localizada "no ângulo sudeste do interior da ábside" (MONTEIRO, ed. 1980, p.313). Desta primeira época data a cabeceira, verdadeira obra maior do nosso românico, apesar de, em termos volumétricos e planimétricos, não se afastar de muitas outras edificações modestas contemporâneas, de escassa altura, com dois tramos abobadados. Ela "ficou a dever-se a um artista que conhecia perfeitamente a escultura galega" (REAL e ALMEIDA, 1990, p.1488), facto que coloca esta obra em plena zona de expansão do românico do Alto Minho, constituindo, mesmo, o melhor exemplo desse vocabulário regional em terras a Sul do rio Lima.
O principal interesse desta parcela do edifício reside nos seus capitéis, que veiculam um programa iconográfico de difícil explicação e ainda longe de totalmente esclarecido. O que mais tem suscitado interesse por parte dos investigadores é o capitel do lado Sul do arco triunfal, decorado nas suas três faces: um jogral na frente voltada à nave; dois homens prendendo uma mulher na principal e uma mulher transportando uma figura com um bastão nas mãos na última. "Vários autores debruçaram-se sobre esta peça mas nenhuma das interpretações defendidas (...) se parece coadunar totalmente com a estrutura iconográfica do capitel" (BARROCA, 1992, p.118). Desde um episódio da Chanson de Roland, à evocação de São Cristóvão, passando pela alusão a um ataque viking (RODRIGUES, 1995, p.275) ou ao desastre de Badajoz de D. Afonso Henriques (OLIVEIRA, 1964), não foi ainda possível chegar a um consenso e, igualmente importante, uma leitura que se insira no conjunto iconográfico mais vasto.
A nave do templo e os seus três portais pertencem já a um momento posterior em relação à cabeceira. Carlos Alberto Ferreira de Almeida situou a conclusão dos trabalhos já no século XIII, pelas características do portal Sul (ALMEIDA, 2001, p.102) e aqui assinala-se uma alteração da orientação da empreitada, com a introdução de temas vincadamente beneditinos (REAL e ALMEIDA, 1990, p.1488). No tímpano do portal Norte existe a "única cena de luta representada num tímpano" românico português (FERRÍN GONZÁLEZ, 2002, p.170), um grifo e um dragão, numa provável alusão a Cristo contra Satanás (RODRIGUES, 1995, p.308). Mais importante é o tímpano do portal principal, onde se retratou um bispo (com báculo e a mão direita erguida, como que abençoando) ladeado por dois diáconos e pelos símbolos do Sol e da Lua, possível representação de Santo Agostinho, autor da Regra dos Cónegos Regrantes, a quem pertencia a obra.
Em 1443, o mosteiro foi extinto e anexo ao de São Simão da Junqueira. Com escassas obras ao longo da época moderna, e perdidas as dependências monásticas, só nos finais da década de 60 do século XX se procedeu ao seu restauro. O coro-alto, presumivelmente barroco, foi demolido em 1980, adquirindo o templo, então, o aspecto que mantém até hoje.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens5
Nº de Bibliografias18

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"O Românico português na perspectiva das relações internacionais", Românico em Portugal e na Galiza, pp.30-48REAL, Manuel LuísEdição2001Lisboa
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526REAL, Manuel LuísEdição1990Porto
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
"O Românico em Portugal", História de Portugal, dir. José Hermano Saraiva, vol. 2, 1982, pp.305-321VASCONCELOS, Flórido deEdição1982Lisboa
"O Românico português. A igreja de S. Cristóvão de Rio-Mau", Museu, nº4 (1945), pp.5-25, republ. Dispersos, pp.312-327MONTEIRO, ManuelEdição1980Braga
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526ALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1990Porto
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
A escultura românica das igrejas da margem esquerda do Rio Minho, 2 vols.ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1987Porto
A arte romanica em PortugalVASCONCELOS, Joaquim deEdição1918Porto
"28. Capitel historiado"; "29. Capitel historiado"; "Comentário das peças nºs 28 e 29", Nos confins da Idade Média, catálogo de exposição, pp.118-119BARROCA, Mário JorgeEdição1992Porto
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa
"Um passo da história portuguesa num capitel românico", Bracara Augusta, vol. 16-17, pp.149-155OLIVEIRA, António de Sousa (Júnior)Edição1964Braga
"La decoración zoomórfica en el románico de la diócesis de Porto: aproximación a un bestiario", I Congresso sobre a Diocese do Porto. Tempos e lugares de memória, vol.1, pp.163-182FERRÍN GONZÁLEZ, J. RamónEdição2002Porto
Vila do CondeMIRANDA, MartaEdição1998Lisboa

IMAGENS

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau - Enquadramento geral (fachada principal)

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau - Fachada principal: portal

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau - Fachada principal: tímpano do portal com figuras em relevo

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau - Fachada lateral esquerda (norte): portal

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau - Fachada lateral direita (sul): portal

MAPA

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