Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Cava de Viriato
Designação
DesignaçãoCava de Viriato
Outras Designações / PesquisasCava do Viriato / Cava de Viriato (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArqueologia / Acampamento
TipologiaAcampamento
CategoriaArqueologia
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViseu/Viseu/Viseu
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Campo de ViriatoViseu Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
40.668382-7.909639
DistritoViseu
ConcelhoViseu
FreguesiaViseu
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEPPortaria de 3-02-1970, publicada no DG, II Série, n.º 48, de 26-02-1970 (sem restrições)
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMESítio
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9913229
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaTradicionalmente atribuído a um tão glorioso quanto lendário período de resistência lusitana à conquista romana, e depois aos próprios romanos, só muito recentemente estas catalogações foram postas em causa para o monumento conhecido como "Cava de Viriato". No estado actual dos nossos conhecimentos, pode mesmo dizer-se que ele ilustra bem a tradição historiográfica nacional, tão alicerçada em atribuições duvidosas (sistematicamente repetidas), antes que existam esforços científicos de comprovação ou rejeição. Neste caso, apesar das múltiplas reafirmações acerca da sua pretensa antiguidade, nunca houve uma intervenção arqueológica, limitando-se os trabalhos a campanhas de prospecção que lograram identificar algum material que, para além de descontextualizado, se assume como de pouca relevância.
Nos últimos anos, todavia, o grande impulso dado à arqueologia medieval islâmica permitiu o aparecimento de uma perspectiva alternativa, que confere ao período muçulmano a construção deste complexo sistema militar. As primeiras dúvidas foram avançadas por Vasco Mantas, que estranhou a inexistência de qualquer paralelo planimétrico romano (MANTAS, 1996; 1998; 2002 e 2003). Mais recentemente, Helena Catarino teve oportunidade de confirmar algumas conclusões daquele autor e salientar outras que colocam a Cava em plena época islâmica (CATARINO, 2005). Ambos coincidem na funcionalidade tradicional apontada: a de se tratar de uma fortaleza.
Ocupando uma área de cerca de 30 hectares, a fortificação é um imenso octógono, "com muros de terra rodeados por um fosso, cujo diâmetro interior é de 640 metros", tendo os muros uma largura, na base, da ordem dos 30 a 35 metros (MANTAS, 2003, p.40). Uma tal configuração, que não encontra qualquer semelhança a nível peninsular, parece ter melhor explicação nas "cidades-acampamentos" muçulmanas, de que o melhor exemplo conservado é a de Samarrã, no actual Iraque, local já intervencionado arqueologicamente e sede do poder califal abássida entre 836 e 892 (CATARINO, 2005, p.202).
Hoje, tal como a podemos ver, a Cava foi sujeita a algumas modificações e muitas destruições, mas o perímetro é ainda integralmente reconhecível. Ao que tudo indica, ela possuía um relativamente complexo sistema de engenharia hidráulica, na medida em que o seu interior e os fossos em redor estavam ligados ao rio Pavia e à ribeira de Santiago e dentro do recinto existiam diversos poços e cisternas de armazenamento de água (IDEM, pp.201-202).
Se, na actualidade, a perspectiva islâmica se impôs sobre a tradicional catalogação romana, são muitas as dúvidas que se mantêm. Uma das mais importantes relaciona-se com a cronologia exacta a atribuir ao monumento. Helena Catarino (IDEM, p.202) sugere tratar-se de uma "uma qal'a, ou cidade acampamento, do mesmo tipo dos outros qila' que as fontes árabes indicam para a primeira época islâmica", mas não exclui outras hipóteses posteriores, nomeadamente durante o poder emiral e, sobretudo, na época de Almansor (Al-Mansur), altura em que Viseu foi o ponto de partida para uma série de razias destrutivas no Norte asturiano-leonês.
De maior complexidade é a hipótese avançada por Vasco Mantas a respeito de um primeiro estabelecimento romano, eventualmente do século I a.C., que o autor sugere reconhecer no interior do grande octógono. Aí existe uma "pequena plataforma natural", de desenho rectangular, onde parecem confluir quatro vias, provenientes dos diversos pontos cardeais (MANTAS, 2003, p.42). Esta perspectiva viria, assim, explicar algum material romano aqui aparecido, embora este não possa ser considerado como um vector fundamental de interpretação.
Com estas recentes propostas cronológico-funcionais estão reunidas todas as condições para que se avance com uma investigação arqueológica de grande escala (a que é determinada pela monumentalidade da estrutura) e de forma sistemática, que permita responder a muitas das dúvidas acerca desta enigmática fortificação.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens2
Nº de Bibliografias9

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"Geografia e campos fortificados romanos", Boletim do Centro de Estudos Geográficos, nº1 (6-7), pp.73-80.OLEIRO, João Manuel BairrãoEdição1953Coimbra1:6-7, p. 73-80
"Geografia e campos fortificados romanos", Boletim do Centro de Estudos Geográficos, nº1 (6-7), pp.73-80.GIRÃO, Aristides de AmorimEdição1953Coimbra1:6-7, p. 73-80
Portugal RomanoALARCÃO, Jorge Manuel N. L.Edição1988LisboaLisboa Data do Editor : 1988
"Notas sobre o período islâmico na Marca Inferior (Tagr al-Gharbí) e as escavações na Universidade de Coimbra", Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (séculos VIII a XIII), pp.195-214CATARINO, Helena Maria GomesEdição2005Palmela
"Indícios de um campo romano na Cava de Viriato?", Al-Madan, 2ªsér., nº12, pp.40-42MANTAS, Vasco GilEdição2003Almada
"Arqueologia e História antiga: dos monumentos aos homens de ontem e de hoje", As oficinas da História, pp.118-123MANTAS, Vasco GilEdição2002Coimbra
A cidade romana de ViseuALARCÃO, Jorge Manuel N. L.Edição1989Viseu
A Civitas de Viseu. Espaço e Sociedade, Dissertação de Doutoramento em Arqueologia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de CoimbraVAZ, João Luís da InêsEdição1997Coimbra
A Cava de Viriato. Notícia descriptiva e critico-históricaNEVES, Henrique dasEdição1893Figueira da Foz
"Viriato. Genealogia de um mito", Penélope, nº8, pp.9-23GUERRA, Amílcar Manuel RibeiroEdição1992Lisboa
"Viriato. Genealogia de um mito", Penélope, nº8, pp.9-23FABIÃO, Carlos Jorge SoaresEdição1992Lisboa

IMAGENS

Cava de Viriato - Portaria publicada no DG, II Série, n.º 48, de 26-02-1970 - Texto e planta do diploma

Cava do Viriato - Monumento a Viriato
Autor: João Lopes, em colaboração com Wiki Loves Monuments

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