Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Mosteiro de Ermelo (restos da igreja e da abadia cisterciense)
Designação
DesignaçãoMosteiro de Ermelo (restos da igreja e da abadia cisterciense)
Outras Designações / PesquisasMosteiro de Ermelo / Igreja de Ermelo (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Mosteiro
TipologiaMosteiro
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Arcos de Valdevez/São Jorge e Ermelo
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Lugar da IgrejaErmelo Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.853668-8.289299
DistritoViana do Castelo
ConcelhoArcos de Valdevez
FreguesiaSão Jorge e Ermelo
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 129/77, DR, I Série, n.º 226, de 29-09-1977 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9914630
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaO que resta do mosteiro medieval de Ermelo constitui um dos mais enigmáticos casos da nossa arte românica, discutindo-se, ainda, quer a cronologia da obra que sobreviveu até aos nossos dias, quer o contexto em que foi criada. Nas últimas décadas, duas visões antagónicas fizeram escola e não se perspectiva uma fácil e consensual aceitação de uma em detrimento de outra.
As origens do mosteiro são igualmente discutidas, tendo alguns autores dos séculos anteriores reivindicado uma maior antiguidade que aquela que os documentos autorizam (Cf. ALVES, Dez. 1982, p.49). Certo é que no governo de D. Teresa, pelos primeiros anos do século XII, a condessa decidiu fundar um mosteiro de monges beneditinos, destinado a albergar mulheres nobres (GRAF, 1986, vol.2, p.33).
Começam aqui as dúvidas acerca do ambicioso programa construtivo, de três naves e cabeceira tripartida, de que ainda restam vestígios. Uma das perspectivas consagra a este primeiro momento a concepção do projecto, equivalente, em monumentalidade, aos de Ganfei e Fiães (IDEM), dele restando ainda "os arcos das capelas laterais", cujas "impostas são de um tipo mais arcaico que as da entrada da capela-mor" e cujos capitéis se assemelham a outros do portal de Manhente e da cabeceira do mosteiro de Travanca (REAL, 1982, pp.120-122).
Outra perspectiva aponta para que a obra tenha sido projectada um século mais tarde, na altura em que o mosteiro passou para as mãos dos cistercienses (ALMEIDA, 1978; 1986; 1987; 2001). A existência de capelas quadrangulares, a decoração de alguns capitéis e modilhões com temas que se repetem em igrejas tardias do interior do Entre-Douro-e-Minho (como Fervença, Valdreu e Ferreira) e a ornamentação das bases das colunas do interior da capela-mor com uma "solução bolbiforme", impôs a conclusão de que se tratava de uma obra conotada com as dominantes estéticas cistercienses e nunca anterior à primeira metade do século XIII (ALMEIDA, 2001, p.98). Os argumentos invocados por Carlos Alberto Ferreira de Almeida (e continuados, em linhas essenciais, por RODRIGUES, 1995, p.229) não podem, contudo, ser tomados como definitivos, uma vez que existem outros indicadores estilísticos que apontam para uma campanha anterior, datável da primeira metade do século XII.
Fosse como fosse, o certo é que do projecto inicial apenas sobrevive parte da cabeceira, passando, em altura incerta, o absidíolo Norte a servir de sacristia enquanto o Sul foi demolido. Novamente neste ponto as opiniões divergem. Alguns autores sustentam que o projecto de cabeceira tripartida e três naves foi efectivamente construído, só sendo reduzido nos meados do século XVIII - uma vez que, em 1723, um relatório de uma inspecção ao mosteiro refere claramente a existência de três naves (GRAF, 1986, vol.2, p.33). Outros, porém, sustentam que, logo no século XIII, a empreitada foi drasticamente reduzida "para uma simples e pobre edificação, mais baixa e ocupando pouco mais que o espaço projectado para a primitiva nave central" (ALMEIDA, 1986, p.65).
A nova nave central não incorporou a rosácea que, originalmente, encimava o arco triunfal. Ela deverá situar-se entre os finais do século XII e os inícios do seguinte e é um dos elementos que melhor evidencia a qualidade da decoração incorporada no templo. Igual avaliação deve fazer-se em relação à janela românica da capela-mor, ornamentada com capitéis de motivos vegetalistas e geométricos, com volutas.
Alvo de renovada atenção por parte de D. João I - sendo mesmo possível que parte das obra apenas tenha sido concluída por essa altura (GRAF, 1986, vol.2, p.33) -, o mosteiro estava deserto em 1553 e acabou por ser suprimido sete anos depois, por ordem do cardeal D. Henrique. A reforma do século XVIII, celebrada por inscrição de 1760, restituiu uma relativa normalidade na vida do templo, mas só na década de 80 do século XX teve lugar o seu parcelar restauro, limitado a trabalhos de conservação e consolidação.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens24
Nº de Bibliografias15

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"Uma fundação de D. Teresa (o mosteiro de Ermelo)", O Archeólogo Portuguez, nº23, pp.138-158PEREIRA, Félix AlvesEdição1918Lisboa
"A organização do espaço arquitectónico entre beneditinos e agostinhos no século XII", Arqueologia, nº6, pp.118-132REAL, Manuel LuísEdição1982Porto
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
"O património cultural do Alto Minho (civil e eclesiástico). Sua defesa e protecção", Caminiana, ano IX, nº14, pp.9-80ALVES, LourençoEdição1987Caminha
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
"Igrejas e Capelas românicas da Ribeira Lima", Caminiana, ano IV, nº7, pp.47-118ALVES, LourençoEdição1982Caminha
Egrejas e Capelas Românicas de Ribeira LimaBARREIROS, Manuel de AguiarEdição1926Porto
"Subsídios para a história da Ordem de Cister no Alto-Minho", Caminiana, nº14, pp.193-214RODRIGUES, Henrique FernandesEdição1987Caminha
Routier des abbayes cisterciennes du PortugalCOCHERIL, MaurEdição1986Paris

IMAGENS

Mosteiro de Ermelo - Vista geral do conjunto

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral norte: campanário

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral sul: vestígios da nave lateral

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral norte da igreja: campanário e cruzeiro no adro

Mosteiro de Ermelo - Adro fronteiro à fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral da igreja: capitel do arco da capela colateral

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral sul da igreja: arco da capela colateral e espaço da nave lateral

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral sul da igreja: arco da capela colateral e espaço da antiga nave lateral

Mosteiro de Ermelo - Zona envolvente a poente: casario junto da fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral norte da igreja: capitel do arco da capela colateral

Mosteiro de Ermelo - Zona envolvente a poente: casario junto da fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Zona envolvente: vestígios de arcos

Mosteiro de Ermelo - Zona envolvente a poente: casario junto da fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Cruz de remate da empena da fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Vista geral das coberturas do espaço da igreja

Mosteiro de Ermelo - Fachada posterior da igreja: fresta da capela-mor

Mosteiro de Ermelo - Fachada posterior da igreja: pormenor da fresta da capela-mor

Mosteiro de Ermelo - Zona envolvente a poente: casario junto da fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral norte da igreja: arca tumular e escadas de acesso ao campanário

Mosteiro de Ermelo - Zona envolvente: vestígios de arcos

Mosteiro de Ermelo - Fachada posterior a igreja: rosácea na empena entre a nave a a capela-mor

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral sul da igreja: pormenor da cachorrada da capela-mor

Mosteiro de Ermelo - Fachada principal da igreja

Mosteiro de Ermelo - Fachada lateral sul da igreja: porta travessa

MAPA

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