Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de Lourosa
Designação
DesignaçãoIgreja de Lourosa
Outras Designações / PesquisasIgreja de São Pedro de Lourosa / Igreja de São Pedro, matriz de Lourosa / Igreja Paroquial de Lourosa / Igreja de São Pedro (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaCoimbra/Oliveira do Hospital/Lourosa
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
-- -Lourosa Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
40.31746-7.931947
DistritoCoimbra
ConcelhoOliveira do Hospital
FreguesiaLourosa
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 2 445, de 14-06-1916, publicado no DG, I Série, n.º 118,de 14-06-1916 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9913929
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA igreja de São Pedro de Lourosa tem sido um dos mais incompreendidos monumentos pré-românicos em território nacional. Depois de, na primeira metade do século XX, ter sido objecto de variadíssimos estudos e referências em obras de síntese, tanto portuguesas, como espanholas, e de, mais importante, ter contado com três distintos projectos de restauro, as últimas décadas acentuaram os pretensos provincianismo, ruralidade e pouca relevância estilística da obra, percurso historiográfico descendente que, na verdade, está bem longe de corresponder à realidade.
São Pedro de Lourosa é um dos mais importantes monumentos peninsulares do século X (datado epigraficamente de 912), e o facto de ter sido construído numa área teoricamente periférica (distante dos dois grandes centros civilizacionais da altura, León e Córdoba) não deve constituir indicador de menor importância.
São vários os pontos de interesse desta igreja. A sua planta (ou o que podemos reconstituir do seu plano original) é uma derivação extremamente fiel dos modelos áulicos asturianos do século IX, com narthex (possivelmente de compartimento único correspondendo apenas ao prolongamento da nave central), corpo de três naves, separadas entre si por arcarias triplas de arco em ferradura, nave transversal com cruzeiro dominante, este separado da nave central por uma desaparecida eikonostasis (de que restam ainda os vestígios do suporte), e cabeceira presumivelmente tripartida, embora seja impossível definir, com exactidão, o traçado fundacional desta parte do templo.
Este vínculo ao mundo asturiano (de que Lourosa é um dos últimos capítulos artísticos), é reforçado por outros elementos artísticos, como a presença de modilhões de rolos (relacionáveis com os que suportam os telhados da igreja ovetense de San Julián de los Prados), um medalhão circular de decoração geométrica, o aximez moldurado que decora o alçado ocidental da nave central e, principalmente, um altar decorado com a típica cruz asturiana, peça resgatada aquando dos trabalhos de restauro mas que, posteriormente, veio também a desaparecer.
Outro ponto de interesse é a sua organização em altura, nomeadamente com a existência de uma torre sobre o cruzeiro, possivelmente com tecto interior de madeira e telhado de quatro águas, e ornamentada com um friso de arcos cegos que integraria um aximez axial (REAL, 1995), solução praticamente idêntica à que vemos em São Frutuoso de Montélios, onde ainda existem os arcos, mas cujo friso integral, descoberto aquando do restauro, nunca chegou a ser reconstruído. Embora estas torres existam no mundo cristão asturiano, os seus paralelos mais imediatos situam-se na arquitectura islâmica peninsular, confirmando-se, por esta via, a contaminação de elementos andaluzes na arquitectura do Norte cristão na viragem para o século X.
Finalmente, Lourosa evidencia-se ainda pelo seu ar classicizante, uma opção estética que, ao contrário do que tem sido repetido, não resulta unicamente da reutilização de materiais provenientes da antiga cidade romana de Bobadela. Pelo contrário, na obra do século X refizeram-se muitos materiais (aduelas almofadadas, frisos canelados, portas com lintel recto e arco de descarga de volta perfeita, etc.), ao abrigo de uma tendência estilística recuperadora do passado clássico, característica da arquitectura peninsular cristã dos séculos IX a XI e que conta com notáveis exemplos em território português: a controversa mesquita-catedral de Idanha-a-velha, ou as igrejas de Balsemão, Montélios e do Prazo, entre outros.
Profundamente remodelada nos anos 30 do século XX, altura em que Baltazar de Castro refez integralmente a cabeceira e o narthex, Lourosa não é, pois, a modesta construção moçárabe que sucessivos historiadores da arte entenderam (e entendem ainda). Ela é uma obra de vulto, dotada de um programa planimétrico e volumétrico ambicioso, devido, certamente, ao estabelecimento de colonos asturianos na bacia do rio Alva (FERNANDES, 2002).
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens13
Nº de Bibliografias34

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
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Monumentos e esculturas - séculos III-XVICORREIA, VergílioEdição1924LisboaCoimbra Data do Editor : 1924
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Coimbra e RegiãoBORGES, Nelson CorreiaEdição1987Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
Inventário Artístico de Portugal: distrito de CoimbraGONCALVES, António NogueiraEdição1952Lisboa
Inventário Artístico de Portugal: distrito de CoimbraCORREIA, VergílioEdição1952Lisboa
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Iglesias mozárabesGÓMEZ-MORENO, ManoelEdição1919Madrid
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História da Arte em Portugal, vol. 2 (Alta Idade Média)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Terras da Moura encantadaTORRES, CláudioEdição1999
Terras da Moura encantadaMACIAS, SantiagoEdição1999
Terras da Moura encantadaGOMEZ, SusanaEdição1999
"O convento da Costa (Guimarães): notícia e interpretação de alguns elementos arquitectónicos recentemente aparecidos", Congresso Histórico de Guimarães e sua Colegiada, 1981, vol. 4, pp.461-475REAL, Manuel LuísEdição1981Guimarães
A Mesquita-Catedral de Idanha-a-VelhaFERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2001Lisboa
"Portugal: cultura visigoda e cultura moçárabe", Visigodos y Omeyas. Un debate entre la Antiguedad Tardia y la Alta Edad Media, pp.21-75REAL, Manuel LuísEdição2000Madrid
O legado islâmico em PortugalTORRES, CláudioEdição1998Lisboa
O legado islâmico em PortugalMACIAS, SantiagoEdição1998Lisboa
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
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A igreja de Lourosa da SerraCORREIA, VergílioEdição1912Lisboa
A arte romanica em PortugalVASCONCELOS, Joaquim deEdição1918Porto
A arquitectura pré-românica em Portugal. São Pedro de Balsemão e São Pedro de LourosaPESSANHA, JoséEdição1927Coimbra
A igreja de São Pedro de LourosaBARREIROS, Manuel de AguiarEdição1934Porto
"A vila e a igreja de Lourosa", Excursões no centro de Portugal, pp.25-30CORREIA, VergílioEdição1939Coimbra
"L'art pre-roman au Portugal", XVI Congrès International d'Histoire de l'Art, pp.125-140MONTEIRO, ManuelEdição1949Lisboa
Estudos de História da Arte medievalGONCALVES, António NogueiraEdição1980Coimbra
L'art mozarabeFONTAINE, JacquesEdição1977Yonne
Comunas ou Concelhos, 2ªedCOELHO, António BorgesEdição1986Lisboa
A 3ª invasão francesa e as terras do concelho de Oliveira do HospitalCAETANO, Laurindo MarquesEdição1989Oliveira do Hospital
A igreja pré-românica de São Pedro de Lourosa, Dissertação de Mestrado em Arte, Património e RestauroFERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2002Lisboa
"Eclectismo. Classicismo. Regionalismo. Os caminhos da arte cristã no Ocidente peninsular entre Afonso III e al-Mansur", Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (sécs. VIII a XIII), pp.293-310FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2005Palmela
"Reconstituição, reintegração, restauro: os projectos de intervenção na igreja pré-românica de Lourosa (1929-1934)", Revista Estudos / Património, nº9, pp.150-158FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2006Lisboa
"Antes e depois da Arqueologia da Arquitectura: um novo ciclo na investigação da Mesquita-Catedral de Idanha-a-Velha", Artis, nº5, pp.49-72FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2006Lisboa
"A Sé Catedral da Idanha", Arqueologia Medieval, nº1, pp.169-178Edição

IMAGENS

Igreja de São Pedro de Lourosa - Vista geral de noroeste

Igreja de São Pedro de Lourosa - Fachada principal: arco do nártex

Igreja de São Pedro de Lourosa - Vista geral da cabeceira (fachada posterior)

Igreja de São Pedro de Lourosa - Fachada lateral sul: portal da nave transversal

Igreja de São Pedro de Lourosa - Interior: arcaria norte do corpo central

Igreja de São Pedro de Lourosa - Interior: arco em ferradura que comunica a nave lateral norte com o compartimento Norte da nave transversal

Igreja de São Pedro de Lourosa - Interior do nártex: Epígrafe que data a igreja no lintel do portal principal

Igreja de São Pedro de Lourosa - Campanário na zona envolvente

Igreja de São Pedro de Lourosa - Vista geral (fachada principal)

Igreja de São Pedro de Lourosa - Fachada lateral direita

Igreja de São Pedro de Lourosa - Fachada posterior

Igreja de São Pedro de Lourosa - Fachada lateral esquerda

Igreja de São Pedro de Lourosa - Fachada principal: portal do nártex

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