Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela de São Frutuoso
Designação
DesignaçãoCapela de São Frutuoso
Outras Designações / PesquisasCapela de São Salvador de Montélios / Capela de São Frutuoso de Montélios (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Capela
TipologiaCapela
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaBraga/Braga/Real, Dume e Semelhe
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo de São FranciscoReal Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.560335-8.438841
DistritoBraga
ConcelhoBraga
FreguesiaReal, Dume e Semelhe
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 33 587, DG, I Série, n.º 63, de 27-03-1944 (ver Decreto)
ZEPPortaria n.º 624/2014, DR, 2.ª série, n.º 143, de 28-07-2014 (sem restrições) (ver Portaria)
Parecer favorável de 15-06-2009 do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P.
Proposta de 20-04-2009 da DRC do Norte
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9913229
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA pequena capela de Montélios deve a sua existência a São Frutuoso, bispo de Dume e de Braga durante a época visigótica, que aqui escolheu ser sepultado, na década de 60 do século VII. À sua volta existia um conjunto monástico bem maior, centro religioso da região neste período, mas que terá sucumbido, muito provavelmente no início do século XVI, quando se procederam às obras de reedificação do Mosteiro por parte dos franciscanos.
A capela de planta centralizada, de quatro ábsides iguais articuladas em redor de um cruzeiro quadrangular, é o único elemento de todo o conjunto monástico, datado da Alta Idade Média, que chegou até hoje. Ela constitui um testemunho ímpar em território nacional, sem aparentes semelhanças com outras obras altimedievais próximas, facto que tem levado a interpretações e datações antagónicas para o monumento. Com efeito, se durante algum tempo se pensou estar diante da capela-mausoléu de São Frutuoso, hoje são mais fortes os argumentos que apontam para uma cronologia a rondar os inícios do século X, quando o culto do bispo foi renovado, no âmbito do repovoamento de Afonso III.
A primitiva edificação, de época visigótica, seguiu um modelo orientalizante (ravenaico-bizantino), vigente na capital do reino, Toledo: planta em cruz grega; exterior decorado com arcos cegos, alternadamente de volta perfeita e em mitra; torre quadrangular sobre o cruzeiro, com cobertura em quatro águas.
No século X, reconquistada a região e iniciado o repovoamento, a capela foi objecto de uma reconstrução, que lhe conferiu o aspecto interior que hoje possui. As ábsides, que eram de planta interna quadrangular, passaram a ter a forma semicircular, e à entrada de cada uma construiu-se uma tripla arcada de arco em ferradura, verdadeiraeikonostasis, que compartimenta o espaço de acordo com a liturgia hispânica, então em vigor.
Esta poderá ser uma leitura do conjunto remanescente, mas a verdade é que não existem certezas quanto às suas partes constituintes, em especial a ascendência de tão pequenas ábsides dotadas de falsos deambulatórios (pois no solo ainda existem marcas de bases de colunas). A qualidade e erudição do seu programa arquitectónico, por outro lado, aponta para um só projecto construtivo, concebido e realizado num único momento. Neste sentido, se as semelhanças para com o templo da Gala Placídia de Ravena são ainda decisivas, a identificação de um ajimez e a evidência de a torre cruzeira ter possuído um friso de arquinhos cegos são dados que comprovam a contemporaneidade em relação a uma parte significativa da arquitectura hispânica do século X. O próprio classicismo da construção, visível nos recursos construtivos e decorativos do templo, aponta para uma corrente artística cujas manifestações maiores datam da primeira metade do século X, e cuja implantação foi particularmente importante na faixa ocidental da península.
O debate entre "visigotistas" e "moçarabistas" estendeu-se ao restauro do conjunto. Numa primeira fase, e sob o comando de João de Moura Coutinho, o monumento foi intervencionado tendo como modelo as construções tardo-antigas de Ravena. Para isso, chegaram a reproduzir-se elementos decorativos, iguais a outros aparecidos aquando da desmontagem de numerosas construções adjacentes. No entanto, o arrastamento do processo por parte da DGEMN e, especialmente, o aparecimento do ajimez, determinou a paralisação dos trabalhos e o consequente abandono do projecto. Apesar das posteriores tentativas, o restauro nunca foi concluído, ficando a obra inacabada ao nível das coberturas e de alguns enchimentos das paredes, facto ainda hoje bem visível para quem visita a capela.
Na sua pequenez, Montélios é um dos mais fascinantes monumentos altimedievais peninsulares, simultaneamente aparentado com obras mediterrânicas dos séculos V-VI e IX-XI. Independentemente dos rumos futuros da historiografia, permanecerá como obra incontornável nos estudos dedicados à Alta Idade Média ocidental.
PAF
ProcessoSão Jerónimo de Real
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens40
Nº de Bibliografias24

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
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"Arte visigótica", História da Arte em Portugal, vol. I, 1986, pp.149-169HAUSCHILD, TheodorEdição1986Lisboa
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa
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Iglesias mozárabesGÓMEZ-MORENO, ManoelEdição1919Madrid
História da Arte em PortugalLACERDA, Aarão deEdição1942Porto
Dispersos, inéditos e cartasMONTEIRO, ManuelEdição1980Braga
A igreja de São Frutuoso de MontéliosPINTO, Miguel Carrilho da SilvaEdição1983Braga
"Contribuição para o estudo dos testemunhos pré-românicos de Entre-Douro-e-Minho ajimezes, gelosias e modilhões de rolos", Actas do Congresso Internacional, IX Centenário da Dedicação da Sé de Braga, Vol. I, pp.101-145BARROCA, Mário JorgeEdição1990Braga
História da Arte em Portugal, vol. 2 (Alta Idade Média)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
São Frutuoso de MonteliosFONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1989Braga
"As fases do restauro da capela de S. Frutuoso de Montélios. A fragilidade da reintegração nacionalista face à evolução historiográfica ", Museu, Sér. 4, nº 10, pp.223-277BRITO, Maria MónicaEdição2001Porto
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Capela de São Frutuoso de MontéliosFONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição2003Lisboa
"Inventário de sítios e achados arqueológicos do concelho de Braga", Mínia, 3ª sér., nº1, pp.31-88FONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1993Braga
São Frutuoso de Montélios. As artes pré-românicas em PortugalCOUTINHO, João de MouraEdição1978Braga
"Portugal: cultura visigoda e cultura moçárabe", Visigodos y Omeyas. Un debate entre la Antiguedad Tardia y la Alta Edad Media, pp.21-75REAL, Manuel LuísEdição2000Madrid
Arte visigótica em PortugalALMEIDA, Fernando deEdição1962Lisboa
"Notas sumárias de ordem histórica sobre a igreja de São Frutuoso", Bracara Augusta, nº22PINTO, Sérgio Augusto da SilvaEdição1968Braga
"São Frutuoso de Montélios a igreja mais bizantina da Península", Bracara Augusta, vols. 9-10PINTO, Sérgio Augusto da SilvaEdição1960Braga
A igreja pré-românica de São Pedro de Lourosa, Dissertação de Mestrado em Arte, Património e RestauroFERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2002Lisboa
"Eclectismo. Classicismo. Regionalismo. Os caminhos da arte cristã no Ocidente peninsular entre Afonso III e al-Mansur", Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (sécs. VIII a XIII), pp.293-310FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2005Palmela
"Reconstituição, reintegração, restauro: os projectos de intervenção na igreja pré-românica de Lourosa (1929-1934)", Revista Estudos / Património, nº9, pp.150-158FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2006Lisboa

IMAGENS

Capela de São Frutuoso - Vista geral do conjunto edificado (acesso da capela e igreja e mosteiro de São Francisco)

Capela de São Frutuoso - Cobertura do cruzeiro e secção superior do braço ocidental

Capela de São Frutuoso - Interior: arcadas triplas que antecedem três das quatro ábsides

Capela de São Frutuoso - Interior: pormenor de um capitel e parte do friso

Capela de São Frutuoso - Fachada lateral sul

Capela de São Frutuoso - Vista geral e fachada principal da igreja de São Francisco

Capela de São Frutuoso - Fachada norte do braço este do cruzeiro (arcossólio onde teriam estado depositados os restos mortais de São Frutuoso)

Capela de São Frutuoso - Fachada principal

Capela de São Frutuoso - Vista geral do conjunto edificado (mosteiro de São Francisco)

Capela de São Frutuoso - Vista geral

Capela de São Frutuoso - Vista geral da fachada principal da Igreja de São Francisco

Capela de São Frutuoso - Interior: pormenor do friso

Capela de São Frutuoso - Interior: cruzeiro com ábsides abertas por triplas arcadas em ferradura

Capela de São Frutuoso - Interior do cruzeiro com ábsides abertas por triplas arcadas em ferradura

Capela de São Frutuoso - Interior do cruzeiro com ábsides abertas por triplas arcadas em ferradura

Capela de São Frutuoso - Vista geral do conjunto edificado (mosteiro de São Francisco)

Capela de São Frutuoso - Fachada principal

Capela de São Frutuoso - Vista geral da capela adossada à fachada lateral da igreja de São Francisco

Capela de São Frutuoso - Fachada principal

Capela de São Frutuoso - Interior do cruzeiro: vista parcial

Capela de São Frutuoso - Interior (ao fundo, imagem de São Frutuoso)

Capela de São Frutuoso - Planta com a delimitação, a ZP em vigor e a ZEP proposta pela DRCN e o CC (a ZEP só em vigor após publicação da portaria no DR)

Capela de São Frutuoso - Vista aérea do conjunto edificado do mosteiro de São Francisco

Capela de São Frutuoso - Vista geral do conjunto edificado (acesso à igreja e mosteiro de São Francisco)

Capela de São Frutuoso - Vista geral do conjunto edificado da Igreja de São Francisco

Capela de São Frutuoso - Interior (ANBA)

Capela de São Frutuoso - Fachada principal (ANBA)

Capela de São Frutuoso - Interior (ANBA)

Capela de São Frutuoso - Interior: pormenor de capitel e friso (ANBA)

Capela de São Frutuoso - Durante a campanha de restauro (DGEMN)

Capela de São Frutuoso - Início da intervenção de restauro (DGEMN)

Capela de São Frutuoso - Interior durante a campanha de restauro (DGEMN)

Capela de São Frutuoso - Fachada no início da campanha de restauro (DGEMN)

Capela de São Frutuoso - Planta com a delimitação e a ZEP em vigor

Capela de São Frutuoso - Interior: pormenor do pavimento com tampa de sepultura

Capela de São Frutuoso - Interior: abóbada do cruzeiro

Capela de São Frutuoso - Fachada lateral norte: pormenor

Capela de São Frutuoso - Interior do cruzeiro: pormenor do pavimento com laje sepulcral

Capela de São Frutuoso - Vista geral

Capela de São Frutuoso - Interior do cruzeiro: pormenor

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