Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de Bravães
Designação
DesignaçãoIgreja de Bravães
Outras Designações / PesquisasMosteiro de Bravães / Igreja de São Salvador (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Ponte da Barca/Bravães
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Lugar do MosteiroBravães Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.797842-8.452949
DistritoViana do Castelo
ConcelhoPonte da Barca
FreguesiaBravães
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12699926
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaO templo de Bravães é, com certeza, um dos mais importantes monumentos românicos portugueses. Como realçou Carlos Alberto Ferreira de Almeida, "não haverá, entre nós, edifício onde se evidenciem, mais vibrantemente, as características do nosso românico rural nem onde se mostre, mais eloquentemente, como e quanto este estilo foi assumido e regionalizado pelos nossos "mestres" e canteiros" (ALMEIDA, 2001, p.93). Como monumento singular que é, os problemas que encerra não são menores.
Ao que tudo indica, o primitivo mosteiro foi fundado por D. Vasco Nunes de Bravães, provavelmente ao redor de 1080, data apontada por Figueiredo da Guerra, há mais de cem anos, mas ainda não sujeita a crítica convincente, uma vez que, desse edifício, nada chegou aos nossos dias.
A obra do século XII, que se conserva na generalidade, não está isenta de problemas de datação e de identificação. Tem-se atribuído a promoção da campanha ao prior Egas Mendes, falecido em 1187 (e cuja lápide funerária se conserva na parede a ladear o portal Sul), mas desconhece-se por volta de que ano se iniciaram os trabalhos, nem se, em algum momento da segunda metade do século XII ou viragem para o XIII, o estaleiro se viu obrigado a paralisar. Ferreira de Almeida entendeu que, nas primeiras décadas de Duzentos, uma nova igreja reutilizou elementos da anterior, mas também é possível que os trabalhos tenham decorrido normalmente ao longo de mais de meio século, de nascente para poente e sem interrupções prolongadas.
À primeira fase de obras pertence o arco triunfal, datável dos meados do século XII. Os seus capitéis cúbicos, decorados com duas ordens de folhagem (melhor conseguido o do lado Norte), apresentam semelhanças com a cabeceira de São Cláudio de Nogueira, datada de 1145. As suas aduelas e os frisos da arcada e das impostas são também elementos que apontam para uma obra a rondar os meados do século, evidenciando o marco artístico bracarense da campanha (IDEM, p.96).
Esta caracterização do arco triunfal, todavia, não é pacífica, uma vez que o seu perfil apontado é já típico das construções proto-góticas. Ferreira de Almeida entendeu que, na fase final da igreja, ele poderá ter sido alteado (IDEM, p.95), hipótese que explicaria, também, a evoluída rosácea que o encima.
Algumas décadas mais tarde, muito provavelmente na primeira metade do século XIII, o estaleiro de Bravães chegava ao fim com a sua obra mais emblemática e, sem dúvida, uma das mais importantes realizações escultóricas e iconográficas do nosso românico. O portal principal, concebido intencionalmente como "porta da salvação", apresenta-nos uma composição em forma de retábulo, de cinco arquivoltas, e "há nele como que um delírio de escultura" (IDEM, p.96) que o individualiza e lhe confere um enorme poder de atracção.
O seu programa iconográfico é complexo e reparte-se por três zonas: nas colunas médias, representou-se a mais importante Anunciação do nosso Românico, obra de qualidade fruste, mas que recorre a estátuas-colunas que anunciam já o Gótico. O tímpano ostenta uma das poucas representações da Maiestas Domini nacionais: Cristo na mandorla ladeado pelos evangelistas que, aqui, "mais parecem camponeses que anjos", sintoma da modéstia e da rudeza dos artistas que a realizaram (RODRIGUES, 1995, p.271). Finalmente, as arquivoltas são decoradas com motivos diversos, as primeiras com elementos geométricos sumariamente tratados e as segundas ostentanto volumosas esculturas, algumas das quais representando um bispo, eclesiásticos, mulheres, anjos, etc. (GRAF, 1986, vol.2, p.188).
Ao longo dos séculos, o complexo foi enriquecido. De inícios do século XVI são os painéis murais do interior, cujo Martírio de São Sebastião contém uma inscrição com a data de 1510 (AFONSO, 2003, p.274). No século XIX, possuía um claustro, destruído em 1876, e foi bastante restaurado pela DGEMN nos anos 30 do século XX, suprimindo-se, então, numerosas obras da época moderna.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens6
Nº de Bibliografias18

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
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"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526REAL, Manuel LuísEdição1990Porto
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
San Salvador de Bravães: una encrucijada en el románico portuguésALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1984Porto
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526ALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1990Porto
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
"O património cultural do Alto Minho (civil e eclesiástico). Sua defesa e protecção", Caminiana, ano IX, nº14, pp.9-80ALVES, LourençoEdição1987Caminha
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
"Igrejas e Capelas românicas da Ribeira Lima", Caminiana, ano IV, nº7, pp.47-118ALVES, LourençoEdição1982Caminha
"A igreja românica de São Salvador de Ansiães", Brigantia, vol. XXI, nº1/2, pp.31-51FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2001Bragança
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa
Egrejas e Capelas Românicas de Ribeira LimaBARREIROS, Manuel de AguiarEdição1926Porto
Inventário artístico da região Norte - II, nº3 (Concelho de Ponte da Barca)Edição1973

IMAGENS

Igreja de Bravães - Fachada lateral sul: tímpano do portal com relevo representando o Agnus Dei

Igreja de Bravães - Fachada lateral norte: tímpano inacabado

Igreja de Bravães - Interior: parede colateral do Evangelho com pintura mural representando o martírio de São Sebastião

Igreja de Bravães - Fachada principal: portal

Igreja de Bravães - Fachada lateral sul: portal

Igreja de Bravães - Vista lateral sul

MAPA

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