Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de São Fins de Friestas
Designação
DesignaçãoIgreja de São Fins de Friestas
Outras Designações / PesquisasMosteiro de São Fins de Friestas (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Valença/Friestas
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
-- a 12 km de Valença- Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
42.03144-8.582099
DistritoViana do Castelo
ConcelhoValença
FreguesiaFriestas
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 14 425, DG, I Série, n.º 228, de 15-10-1927 (classificou a Igreja de São Fins de Friestas) (ver Decreto)
Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (Classificou os Trechos da igreja de S. Fins) (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12707538
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaApesar de bastante alterada pelos restauros da primeira metade do século XX, a igreja de São Fins de Friestas é um dos nossos monumentos românicos mais importantes e um daqueles em que se evidencia, de forma mais clara, a longa duração da influência galega (em particular do estaleiro da Sé de Tui), que, na vertente esquerda do rio Minho, se prolongou mesmo para cá da viragem para o século XIII.
São muito confusas as notícias acerca das origens deste templo. A maioria dos autores, "estribados no Pe. António Carvalho da Costa e em Fr. Leão de S. Tomás (...) falam de um presumível convento" altimedieval (ALVES, 1982, p.132), mas, até ao momento, não se identificou qualquer vestígio material de um passado tão recuado. Igualmente problemático tem sido a sujeição do cenóbio undecentista às ordens religiosas então existentes. Mais uma vez, a maioria dos autores aponta num caminho dominante - a Ordem Beneditina, mas a existência de um narthex adossado à fachada principal, de, pelo menos, dois andares e de carácter presumivelmente funerário, levou Manuel Luís Real a colocar a hipótese de o mosteiro ter sido dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, instituição que patrocinou um modelo muito específico de arquitectura e de espaço religioso no século XII (REAL, 1982, pp.129-130).
Este narthex acabou por ser demolido no restauro mas ele era, ainda, importante para a correcta datação do conjunto. Embutido neste espaço encontrava-se uma inscrição que continha o ano de 1221, data que tem vindo a ser interpretada como elemento alusivo ao final da campanha de obras. Se o início de laboração do estaleiro tem sido difícil de estabelecer - embora as opiniões mais consensuais apontem para os finais do século XII (REAL, 1986, p.43; ALMEIDA, 1986, p.54; 2001, p.88) -, o termo da empreitada, em plena primeira metade do século XIII, não nos deve surpreender, num Norte português que foi avesso à recepção das inovadoras formas góticas.
Estrutural e artisticamente, a igreja de Sanfins permanece fiel ao chamado Românico do Alto Minho e à influência galega. De nave única desproporcionalmente alta, que acentua a monumentalidade cenográfica do conjunto, em detrimento da sua real espacialidade, a capela-mor é a parte mais importante. Ela compõe-se de dois tramos, sendo o primeiro recto e o segundo semicircular, numa disposição que Ferreira de Almeida considerou ser uma evolução da cabeceira de Ganfei (ALMEIDA, 1986, p.54).
É precisamente na capela-mor que se concentra a exuberante decoração escultórica. Ela constitui uma outra prova da tardia realização desta obra, na medida em que evidencia um superior gosto pela imagem humana e pelos temas figurativos, ao contrário do vizinho templo de Ganfei (cujas obras terminavam no momento em que se iniciavam as de Friestas), onde o vegetalismo da decoração é preponderante (REAL, 1986, p.43). De entre os vários motivos esculpidos, Jorge Rodrigues salientou os beak-heads (cabeças de lobo) dos modilhões, cuja mescla fantasista de corpos semi-vegetalistas atribuiu à cronologia tardia da sua feitura (RODRIGUES, 1995, p.229) e, especialmente, o sentido apotropaico de algumas figurações, casos das serpentes do tímpano do portal principal, verdadeiros "guardas do limiar" (RODRIGUES, 1995, p.293).
Ao lado da igreja românica, desenvolveu-se um conjunto monacal que foi substancialmente reformado na época moderna. Pela sua localização inóspita, as dependências conventuais conservam-se em grande medida, assim como a sua cerca, parte de um claustro quinhentista e secções importantes do aqueduto que abastecia o cenóbio.
No século XX, os restauradores da DGEMN actuaram apenas sobre a igreja. Nessa altura, demoliu-se o narthex e outros espaços anexos, bem como se ampliou toda a envolvente ocidental, por forma a garantir maior monumentalidade à igreja. O complexo monástico manteve-se inalterado e aguarda, ainda, por um estudo cuidado e por um projecto de valorização.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens7
Nº de Bibliografias19

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
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História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
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O Minho PittorescoVIEIRA, José AugustoEdição1887Lisboa
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526REAL, Manuel LuísEdição1990Porto
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526ALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1990Porto
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
"La sculpture figurative dans l'art roman du Portugal", Portugal roman, vol. I, pp.33-75REAL, Manuel LuísEdição1986
"Afonso Henriques e a fronteira noroeste: contornos de uma estratégia" (1996), A construção medieval do território, pp.75-86ANDRADE, Amélia AguiarEdição2001Lisboa
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
"O património cultural do Alto Minho (civil e eclesiástico). Sua defesa e protecção", Caminiana, ano IX, nº14, pp.9-80ALVES, LourençoEdição1987Caminha
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Valença na História e na LendaNEVES, Manuel Augusto A. PintoEdição1990Valença do Minho
A escultura românica das igrejas da margem esquerda do Rio Minho, 2 vols.ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1987Porto
Valença do MinhoOLIVEIRA, A. Lopes deEdição1978Póvoa do Varzim
"A comarca eclesiástica de Valença do Minho: antedentes da diocese de Viana do Castelo", I Colóquio Galaico-Minhoto (Ponte de Lima, 1981), pp.72-240COSTA, Avelino de Jesus daEdição1983Braga
"Igrejas e capelas românicas da Ribeira Minho", Caminiana, ano IV, nº6, pp.105-152ALVES, LourençoEdição1982Caminha
1987 - 88 - Dois anos de pesquisa em arqueologia medieval e moderna", Cadernos Vianenses, nº 14, pp.121-182ABREU, Alberto Antunes deEdição1990Viana do Castelo
"A organização do espaço arquitectónico entre beneditinos e agostinhos no século XII", Arqueologia, nº6, pp.118-132REAL, Manuel LuísEdição1982Porto

IMAGENS

Igreja de São Fins de Friestas - Vista geral (fachadas principal e lateral sul)

Igreja de São Fins de Friestas - Fachada posterior: pormenor da cachorrada da cabeceira

Igreja de São Fins de Friestas - Fachada lateral norte: porta travessa

Igreja de São Fins de Friestas - Fachada lateral sul: janela da capela-mor

Igreja de São Fins de Friestas - Fachada principal

Igreja de São Fins de Friestas - Fachada principal

Igreja de São Fins de Friestas - Vista geral (fachada principal)

MAPA

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