Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Poço-cisterna árabe de Silves
Designação
DesignaçãoPoço-cisterna árabe de Silves
Outras Designações / PesquisasPoço-cisterna Árabe de Silves (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArqueologia / Cisterna
TipologiaCisterna
CategoriaArqueologia
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaFaro/Silves/Silves
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Rua das Portas de Loulé, adossada à face interior da muralha que cerca a cidade e perto da porta da AlmedinaSilves Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
37.18892-8.438997
DistritoFaro
ConcelhoSilves
FreguesiaSilves
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 29/90, DR, I Série, n.º 163, de 17-07-1990 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastromatriz artº nº 552
AFECTACAO181501
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaIdentificado em finais de 1979, o poço-cisterna almóada constituiu-se como uma obra emblemática tanto da Silves islâmica, como da dinâmica arqueológica verificada na cidade ao longo das últimas duas décadas e meia. A sua investigação permitiu conhecer substancialmente melhor o derradeiro período de ocupação islâmica da urbe, entre as duas conquistas cristãs (1189 e 1249). Por outro lado, a posterior integração no circuito de visita do Museu Municipal de Arqueologia de Silves assinalou uma relação cultural entre cidade e arqueologia, que corresponde a uma realidade local incontornável nos dias de hoje.
O local onde a cisterna foi construída revelou materiais de épocas anteriores à ocupação islâmica, salientando-se numeroso espólio atribuível aos períodos tardo-romano e visigótico-bizantino, que testemunha a continuidade de ocupação pela Alta Idade Média (GOMES, 2002, p.109). A sua construção determinou também a destruição de algumas estruturas anteriores, designadamente um troço omíada (GOMES e GOMES, 1996, p.148), de que se sabe muito pouco a respeito da sua importância para a organização desta parcela da cidade nos séculos IX e X.
Foi nos "finais do século XII ou nos inícios da centúria seguinte" (IDEM, p.146), que este espaço adquiriu a actual forma, datando desse período a construção do poço-cisterna. Ele implantou-se relativamente perto de uma torre albarrã, também ela de construção almóada, o que revela que, após a primeira conquista da cidade, por D. Sancho I, o local foi objecto de uma reforma urbanística de grande porte, responsável pelo essencial da configuração final da principal entrada na cidade islâmica.
O poço é uma estrutura monumental circular, com 2,45 m de diâmetro na boca e mais de 18 m de profundidade. O acesso interior é efectuado por uma escadaria relativamente ampla (c.1,20 m de largura por 2,20 m de altura média), que vai rodeando o poço em forma de espiral, e na qual se abrem três janelas, a alturas distintas, que permitem o acesso à água de acordo com os níveis de enchimento do poço, solução que, por sua vez, permite um maior arejamento da água em reservatório (IDEM, p.147). De um ponto de vista construtivo, a cisterna não apresenta novidades, recorrendo a um aparelho relativamente cuidado, embora com blocos um tanto irregulares, disposto em fiadas horizontais e ligados com terra. Ao que tudo indica, este aparelho foi concebido para ser argamassado e coberto com uma solução de estuque e de cal, de que ainda foram descobertos alguns vestígios.
A cisterna é uma obra rara, mesmo em meios urbanos islâmicos. Em Silves, possuímos outros poços de abastecimento de água, como as cisternas da Moura e dos Cães (ambas na Alcáçova) ou uma mais recente, sob a Sé, escavada por Teresa Gamito. Mas a circunstância de possuir uma escadaria espiralada de acesso ao interior é factor de diferenciação (TORRES, 1997, pp.441-442). Os próprios autores que o escavaram encontraram um paralelo longínquo em Tuna al Gabal, a Sul do Cairo, uma cisterna de origem romana, cuja escadaria, também espiralada, atinge os 14 m de profundidade (IDEM, p.147).
Os vestígios materiais identificados no interior do poço revelam que a estrutura foi entulhada nos finais do século XVI, tendo ainda aparecido cinco reais do reinado de D. Sebastião (IDEM, p.149). O facto de não ser referido no Livro do Almoxarifado de Silves, que data da década de 70 do século XV, levou os mesmos autores a colocarem a hipótese de ele ter sido desactivado pouco antes, por volta de meados de Quatrocentos (CARDOSO e GOMES, 1996, p.207). Significativos são os numerosos elementos cerâmicos resgatados, "importantes para a reconstituição da vida quotidiana dos Portugueses, durante os séculos XV e XVI" (GOMES e GOMES, 1996, p.148) e, até ao momento, o mais homogéneo núcleo cerâmico baixo-medieval da cidade. Dele fazem parte peças de importação valenciana e sevilhana, assim como outras de fabrico italiano, holandês e chinês, e de cariz local.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPMuralhas e Porta da Almedina de Silves
Outra Classificação
Nº de Imagens5
Nº de Bibliografias12

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"A cisterna árabe e a sua possível ligação à mesquita maior da cidade", Monumentos, nº23, pp.56-61GAMITO, Teresa JúdiceEdição2005Lisboa
"Contributo para o estudo das faunas encontradas no poço-cisterna de Silves (séculos XV-XVI)", Xelb, nº3, pp.207-268CARDOSO, JoãoEdição1996Silves
"Cerâmicas vidradas e esmaltadas, dos seculos XIV, XV e XVI, do Poco-cisterna de Silves", Xelb, nº3, pp.143-205GOMES, Rosa M. Mendonça VarelaEdição1993SilvesPublicado a 1991
"Contributo para o estudo das faunas encontradas no poço-cisterna de Silves (séculos XV-XVI)", Xelb, nº3, pp.207-268GOMES, Mário VarelaEdição1996Silves
"Cerâmicas importadas dos séculos XV e XVI, encontradas no poço-cisterna árabe de Silves", Actas do 3º Congresso sobre o Algarve, vol. I, pp.35-44GOMES, Mário VarelaEdição1984Silves
"Cerâmicas vidradas e esmaltadas, dos séculos XIV, XV e XVI do poço-cisterna de Silves", A cerâmica medieval no Mediterrâneo Ocidental, pp.457-490GOMES, Mário VarelaEdição1987Lisboa
"O poço cisterna árabe de Silves (Portugal)", I Coloquio de Historia y Medio Físico. El água en zonas aridas: Arqueologia y Historia, vol. II, pp.577-606GOMES, Mário VarelaEdição1989Almería
"Cerâmicas vidradas e esmaltadas, dos seculos XIV, XV e XVI, do Poco-cisterna de Silves", Xelb, nº3, pp.143-205GOMES, Mário VarelaEdição1993SilvesPublicado a 1991
"O al Garbe", 90 séculos entre a serra e o mar, pp.431-447TORRES, CláudioEdição1997
"Cerâmicas importadas dos séculos XV e XVI, encontradas no poço-cisterna árabe de Silves", Actas do 3º Congresso sobre o Algarve, vol. I, pp.35-44GOMES, Rosa VarelaEdição1984Silves
Cerâmicas muçulmanas do Castelo de SilvesGOMES, Rosa VarelaEdição1987Silves
"Cerâmicas vidradas e esmaltadas, dos séculos XIV, XV e XVI do poço-cisterna de Silves", A cerâmica medieval no Mediterrâneo Ocidental, pp.457-490GOMES, Rosa VarelaEdição1987Lisboa
"O poço cisterna árabe de Silves (Portugal)", I Coloquio de Historia y Medio Físico. El água en zonas aridas: Arqueologia y Historia, vol. II, pp.577-606GOMES, Rosa VarelaEdição1989Almería
"Da Silves islâmica à Silves da expansão. A evidência arqueológica", Monumentos, nº23, pp.22-29GOMES, Rosa VarelaEdição2005Lisboa
"A arquitectura militar muçulmana", Portugal no Mundo. História das fortificações portuguesas no mundo, 1989, pp.27-37GOMES, Rosa VarelaEdição1989Lisboa
Silves (Xelb), uma cidade do Gharb al-Andalus: território e culturaGOMES, Rosa VarelaEdição2002Lisboa
Silves. Guia turístico da cidade e do concelhoDOMINGUES, José Domingos GarciaEdição2002Silves2ªed.

IMAGENS

Poço-cisterna árabe de Silves - Entrada

Poço-cisterna árabe de Silves - Entrada

Poço-cisterna árabe de Silves - Organização de vãos junto à entrada

Poço-cisterna árabe de Silves - Interior: aparelho construtivo da parede interior

Poço-cisterna árabe de Silves - Vista geral

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