Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de Santo Amaro
Designação
DesignaçãoIgreja de Santo Amaro
Outras Designações / PesquisasCapela de Santo Amaro
Capela de Santa Maria da Graça
Núcleo Visigótico do Museu Rainha D. Leonor (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaBeja/Beja/Beja (Santiago Maior e São João Baptista)
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo de Santo AmaroBeja Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
38.017673-7.866059
DistritoBeja
ConcelhoBeja
FreguesiaBeja (Santiago Maior e São João Baptista)
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto nº 27 398, DG, I Série, n.º 302, de 26-12-1936 (ver Decreto)
Decreto n.º 22 743, DG, I Série, n.º 142, de 27-06-1933 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9914629
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA igreja de Santo Amaro de Beja é um dos poucos templos conservados de arquitectura altimedieval em Portugal e insere-se no amplo processo de reavaliação dos tradicionais conceitos de arte visigótica na península. Durante muito tempo foi considerada uma igreja do século V, mas mais recentemente, à medida que se vão conhecendo melhor as comunidades cristãs sob domínio islâmico, toma forma uma datação em pleno século X, por intermédio dos moçárabes de Beja.
A correcta avaliação de todo este complexo conjunto entre Visigodos e Moçárabes é ainda dificultada pelas campanhas construtivas realizadas no monumento ao longo da história, com particular destaque para a que aconteceu em finais do século XV ou, mais provavelmente, nos inícios do século XVI. Nesta altura desenvolveu-se um "programa arquitectónico praticamente de raiz" (TORRES, 1993, p.22), reformulando-se a fachada principal - também ela posteriormente objecto de uma campanha barroca -, construindo-se a torre sineira, reorganizando-se o interior, com planta em três naves de quatro tramos, e refazendo-se a cabeceira, com capela-mor ladeada por dois absidíolos. O conjunto foi rematado, a Ocidente, por um alpendre de madeira adossado à fachada principal, estrutura que poderá datar já da segunda metade do século (ESPANCA, 1993) mas que foi uma solução comum em outras igrejas contemporâneas. Anteriormente, no reinado de D. Dinis, havia-se adaptado a capela-mor a capela funerária do cavaleiro João Mendes (1329), cujo túmulo ainda se conserva no interior da igreja, e mesmo depois do século XVI o imóvel não cessou de ser transformado.
Os vestígios altimedievais, que singularizam de forma muito particular este templo no contexto da História da Arte peninsular, encontram-se, assim, num contexto arquitectónico mais complexo, e devem ser encarados como reaproveitamentos de anteriores estruturas. Baseando-se na feição classicizante dos capitéis das naves, foram muitos os autores que optaram por uma cronologia visigótica para o conjunto (CORREIA, 1928; VIANA, 1949; ESPANCA, 1993, p.97, entre outros). Esta posição foi essencialmente determinada em função da decoração das pilastras, cujos temas geométricos e fitomórficos foram interpretados como sendo característicos da arte visigótica (HAUSCHILD, 1986, pp.161-162).
As primeiras dúvidas sobre o visigotismo de Santo Amaro foram sintetizadas por Jacques Fontaine, que citou como paralelos mais próximos para a decoração dos capitéis da igreja bejense obras peninsulares do século X (FONTAINE, 1973, p.452). Já na década de 80 do século XX, os trabalhos de Carlos Alberto Ferreira de Almeida, conduziram à conclusão de que existiu, no território hoje português, uma "corrente classicizante moçárabe, com incursões pelas soluções compósitas emirais do século X" (ALMEIDA, 1986, p.119). A esta evidência, juntou-se a proposta de uma evolução natural na arte moçárabe ao longo dos séculos de dominação islâmica (REAL, 1995), verdadeira revolução historiográfica que conferiu à História da Arte da Alta Idade Média instrumentos mais rigorosos para se ultrapassar a frequente confusão entre visigótico e moçárabe, como no passado as polémicas em torno de São Frutuoso de Montélios o provaram.
Perante estes novos dados, não parecem restar hoje muitas dúvidas sobre a real datação a dar aos capitéis das naves: século X ou inícios do século XI, na dependência estilística do ciclo artístico emiral, mas filiando-se numa tradição classicizante que conta com outros exemplos mais ou menos contemporâneos e nem sequer efectivamente moçárabes, como a igreja de São Pedro de Lourosa ou a igualmente discutida Mesquita de Idanha-a-Velha. Como e quando se adaptaram os capitéis ao templo permanece ainda uma incógnita, tais as dúvidas que se levantam sobre o passado altimedieval do local, as campanhas da Reconquista e mesmo as transformações da época moderna.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPCastelo de Beja, designadamente a Torre de Menagem
Outra ClassificaçãoÁrea intramuros do Centro Histórico de Beja
Nº de Imagens8
Nº de Bibliografias9

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"A igreja de Santo Amaro", Museu Regional de Beja - núcleo visigótico, Beja, Museu Regional de Beja / Assembleia Distrital de Beja, 1993, pp.19-27TORRES, CláudioEdição1993
Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Beja, Vol. XIIESPANCA, TúlioEdição1992Lisboa
Suevos e visigodos no Baixo AlentejoVIANA, AbelEdição1960
"Visigótico de Beja", Arquivo de Beja, vol. VI, Beja, Câmara Municipal de Beja, 1949VIANA, AbelEdição1949
"Arte visigótica", História de Portugal, dir. Damião Peres, Barcelos, Portucalense, 1928, pp.363-388CORREIA, VergílioEdição1928
"A igreja de Santo Amaro de Beja", Arquivo de Beja, vol. V, Beja, Câmara Municipal de Beja, 1948BRITO, Diogo de Castro eEdição1948
"Os pilares visigóticos do Museu de Beja", Arquivo de Beja, vol. I, Beja, Câmara Municipal de Beja, 1944MONTEZ, PaulinoEdição1944
"Arte visigótica", História da Arte em Portugal, vol. I, 1986, pp.149-169HAUSCHILD, TheodorEdição1986Lisboa
"Eclectismo. Classicismo. Regionalismo. Os caminhos da arte cristã no Ocidente peninsular entre Afonso III e al-Mansur", Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (sécs. VIII a XIII), pp.293-310FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2005Palmela

IMAGENS

Igreja de Santo Amaro - Interior: nave central (museu)

Igreja de Santo Amaro - Interior: nave central (museu)

Igreja de Santo Amaro - Fachada principal

Igreja de Santo Amaro - Interior: nave central (museu)

Igreja de Santo Amaro - Interior: arcossólio gótico incorporado numa das paredes laterais da capela-mor

Igreja de Santo Amaro - Interior: vista geral da arcaria (museu)

Igreja de Santo Amaro - Fachada principal (1956)

Igreja de Santo Amaro - Planta ao nível do piso térreo (1949)

MAPA

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