Nota Histórico-Artistica | Classificada em 1986 como "Imóvel de Interesse Público", a "Estação de arte rupestre de Lamelas" situa-se numa pequena elevação na encosta Noroeste do Alto do Facho, junto à localidade de Ribeira de Pena. O sítio encontra-se nas proximidades de um dos vales fluviais de maior relevância em termos de legado rupestre, certamente mercê das condições particularmente privilegiadas que proporcionava ao nível da mobilidade e da fixação das comunidades humanas ao longo dos tempos e, designadamente, durante a denominada "Pré-história recente", como no caso em epígrafe. É nesta altura que a arte rupestre tende a deixar o interior das grutas para se afirmar ao ar livre, expondo-se em rochas apresentadas a céu aberto
Com efeito, o arqueossítio de Lamelas é formado por um grande afloramento granítico, cuja parte superior, certamente por se apresentar mais aplanada, foi aproveitada como suporte para insculturas rupestres, essencialmente compostas de signos esquemáticos simples e compostos (ou, se preferirmos, ideomorfos), como linhas, reticulados picotados e círculos concêntricos. A par destes elementos, a extremidade nascente apresenta uma fossa ovalada de dimensões consideráveis, ao passo que outros blocos graníticos existentes nas suas imediações revelam fossas de extensões substancialmente menores. Estamos, assim, perante um dos exemplos indiscutíveis do predomínio de um grupo multiforme de motivos predominantemente figurativos, tão específicos deste período, quando se assistiu à suplantação do esquematismo de carácter repetitivo sobre a anterior disposição de cariz essencialmente naturalista, num reflexo indirecto das profundas alterações operadas no seio das comunidades que as pensaram, executaram e vivenciaram, agora de contornos nitidamente mais sedentários.
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