Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento, também denominada «Estação de São Bento», incluindo a gare metálica, os painéis de azulejos e a boca de entrada no túnel
Designação
DesignaçãoEstação dos Caminhos de Ferro de São Bento, também denominada «Estação de São Bento», incluindo a gare metálica, os painéis de azulejos e a boca de entrada no túnel
Outras Designações / PesquisasEstação Ferroviária de São Bento / Estação de São Bento (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Civil / Estação Ferroviária
TipologiaEstação Ferroviária
CategoriaArquitectura Civil
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaPorto/Porto/Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Praça de Almeida GarretPorto Número de Polícia:
Rua da MadeiraPorto Número de Polícia:
Rua do LoureiroPorto Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.145563-8.609396
DistritoPorto
ConcelhoPorto
FreguesiaCedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 67/97, DR, I Série-B, n.º 301, de 31-12-1997 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12707538
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaAo longo da primeira metade do século XIX, o território português assistiu a uma série de profundas mutações, fortalecida pela implementação do regime liberal em 1834. Estas transformações tiveram, no entanto, graves repercussões ao nível do património edificado, incluindo a própria azulejaria, justamente por ter sido maioritariamente encomendada e utilizada por representantes do clero e da velha aristocracia.
A partir desta altura, o azulejo continuou a ser integrado na arquitectura, embora parte significativa do denominado "azulejo artístico" passasse a ser substituído pelo "azulejo industrial", mais simples e, na maioria das vezes, aplicado no acabamento de fachadas de prédios de rendimento urbano de perfil burguês, naquela que se transformaria numa das tradições mais características e peculiares da prática azulejar portuguesa.
E apesar de algumas fábricas terem encerrado as suas portas logo nos primeiros decénios de oitocentos, terá sido o regresso de emigrantes enriquecidos em terras brasileiras que possibilitou a reactivação de antigos centros produtivos. Foi o que sucedeu no Porto, com Massarelos e Miragaia. Mas este retorno abriu de igual modo caminho à fundação de outras unidades, a exemplo da fábrica do Carvalhinho e das Devesas.
O século XIX trouxe, porém, ao território português uma outra realidade. O lançamento de troços de caminhos de ferro estreitou paragens, gentes e culturas, num circuito mundial ditado pelos novos e crescentes interesses económicos.
É neste preciso contexto que se insere a "Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento", localizada no coração da cidade, na Praça de Almeida Garrett. Erigido no século XVI para acolher o convento das freiras beneditinas de São Bento de Ave Maria, o edifício foi sujeito a três tipos de intervenção, tendo D. Carlos I (1863- 1908) lançado a primeira pedra para o actual imóvel em 1900, numa altura em que o convento se apresentava bastante degradado, razão pela qual fora entretanto demolido, depois de ter sido destruído por um incêndio em 1783 e reconstruído no início do século seguinte.
Inaugurada em 1916, após a abertura da Ponte D. Maria Pia, e optando-se pela edificação de uma gare com oito linhas terminais e cinco cais de embarque, o seu risco foi entregue ao arquitecto portuense José Marques da Silva (1869-1947). Apresentando exteriormente linhas arquitectónicas e gramática decorativa de fundo neoclássico tardio, bem como na própria monumentalidade exibida, é provável que o facto de ter cursado em Paris explicite a forte influência exercida pela denominada arquitectura da École de Beaux Arts nalgumas das soluções estéticas observadas no imóvel.
É, contudo, no átrio principal que se encontrará a sua maior força artística. Aí, os alçados encontram-se totalmente decorados com cerca de vinte mil azulejos, executados a branco e azul pelo pintor Jorge Colaço (1864-1942), formado nos meios académicos parisienses (onde foi discípulo do mestre Cormon (1854-1924)), que os rodeou de um friso multicolor, onde se historia a viação.
Uma vez mais, confirmava-se que o preenchimento das paredes não tinha de resultar, necessariamente, numa dependência total da produção fabril de motivos repetitivos. Com efeito, e prosseguindo um pouco a tradição iniciada por Luís Ferreira (1807-?), Jorge Colaço, já amplamente apreciado pela sua obra pictórica, notabilizou-se também pela composição de grandes painéis azulejares. Ficaria, porém, famoso ao imprimir nesta arte um assumido gosto historicista, algo tardo-romântico, que perpassaria quase todo o século XX, em boa parte devido à figuração preferencial de alguns dos episódios e personalidades considerados mais emblemáticos da nossa História, a par de elementos de fundo paisagístico e folclórico.
[AMartins]
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra ClassificaçãoCentro Histórico do Porto, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do PilarZona histórica do Porto
Nº de Imagens9
Nº de Bibliografias7

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Inventário Artístico de Portugal: Cidade do PortoQUARESMA, Maria Clementina de CarvalhoEdição1995Lisboa
O Arquitecto José Marques da Silva e a Arquitectura no Norte do País na primeira metade do Séc. XXCARDOSO, AntónioEdição1997Porto
História da Arte em Portugal, vol. 11RIO-CARVALHO, ManuelEdição1993Lisboa
O Azulejo em PortugalMECO, JoséEdição1989Lisboa
Azulejaria PortuenseMARTINS, Fausto S.Edição2001Lisboapp. 94-102
Arquitectura Moderna e Obra Global a partir de 1900TOSTÕES, AnaEdição2009PortoColecção Arte Portuguesa - Da Pré-História ao Século XX, n.º 16
Marques da SilvaCARDOSO, Ana SofiaEdição2012Vila do Conde

IMAGENS

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Vista área do enquadramento (a partir de poente)

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Vista áerea geral (a partir de poente)

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Fachada principal: registo superior

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Fachada principal

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Fachada principal: remate com relógio de uma das torres

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Interior do átrio principal: parede lateral com revestimento azulejar da autoria de Jorge Colaço

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Interior do átrio principal: parede lateral com revestimento azulejar da autoria de Jorge Colaço

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Fachada principal: registo superior e torre do lado norte

Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento - Cais de embarque: túnel de saída

MAPA

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