Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela-mor da Igreja de Longos Vales
Designação
DesignaçãoCapela-mor da Igreja de Longos Vales
Outras Designações / PesquisasMosteiro de Longos Vales / Igreja de Longos Vales / Igreja de São João Baptista (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Monção/Longos Vales
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Lugar do Mosteiro- Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
42.051146-8.444412
DistritoViana do Castelo
ConcelhoMonção
FreguesiaLongos Vales
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 11 454, DG, I Série n.º 35, de 19-02-1926 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9823125
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaEm Longos Vales encontramos um dos mais importantes mosteiros medievais do Alto Minho, com existência segura desde o reinado de D. Afonso Henriques e com grande relevância nos séculos XII e XIII, a ponto de um dos seus abades, Dom Pero Perez, ter patrocinado a construção de uma torre nas muralhas de Melgaço (ROSAS, 1986, p.19).
A sua origem, todavia, deve ser anterior, recuando ao século XI, altura em que "os Abreus de Merufe, senhores de extensos domínios nesta região, mandaram construir uma capela em honra de Santa Catarina" (ALVES, Jun. 1982, p.128). Este pequeno templo sobreviveu durante mais de dez séculos, mas acabou por ser demolido aquando da intervenção de restauro da DGEMN, numa altura em que já não deveria ostentar qualquer característica primitiva. Também as sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, identificadas em 1998, e, mais recentemente, os materiais de época romana (IPA on-line), comprovam a maior antiguidade do local.
A construção românica do mosteiro de cónegos regrantes, pela segunda metade do século XII, significou uma radical renovação daquela capela dedicada a Santa Catarina. Em 1197 (ou 1199?), D. Sancho I coutou o mosteiro, facto que tem sido interpretado como uma data aproximada da finalização dos trabalhos (ALMEIDA, 2001, p.88), o que coloca este estaleiro em plena laboração decorrendo ainda a obra de São Salvador de Ganfei e arrancando a de Friestas.
Infelizmente, grande parte do complexo então edificado foi substituído, na época moderna, como a nave e as dependências conventuais. Resta a cabeceira, de espaço único de duplo tramo (o primeiro recto e o segundo semicircular), modelo comum no românico do Alto Minho e que, em Longos Vales, repete praticamente o mesmo esquema da cabeceira de Friestas (ALMEIDA, 1986, p.54).
Esta relação entre os dois monumentos vizinhos é ainda reforçada pelo recurso a colunas adossadas no alçado da cabeceira e, especialmente, pelo repertório decorativo dos seus capitéis. No capítulo da decoração românica, de influência galega, que caracteriza todo o Alto Minho, Longos Vales é o seu momento mais exuberante, revelando um "jogo de saliências e reentrâncias, muito diferente do tratamento por massas dos capitéis de Ganfei e Friestas" (ROSAS, 1986, vol.1, p.37). Carlos Alberto Ferreira de Almeida chamou à decoração dos capitéis e dos modilhões de Longos Vales um "delírio de formas" (ALMEIDA, 1978, vol.2, p.232), e, com efeito, o gosto pelo figurativo e pelas formas humanas assume, aqui, uma "energia transbordante" (REAL, 1986, p.43) que ultrapassa, mesmo, as realizações ligeiramente mais tardias de Friestas. O produto final, caracterizado por um acentuado barroquismo formal, foi já entendido como uma "interpretação dos modelos da Sé de Tui", com paralelos no seu trifório e nas igrejas vizinhas de Rebón e Xanza, "únicos exemplos onde as garras são cabeças de animais e pessoas, como no templo português" (ROSAS, 1986, vol. 1, pp.48-49).
Particularmente interessante é o arco triunfal, concebido como elemento de impacto cenográfico no interior do templo, com o seu arco triplo. Num dos fustes que antecedem a entrada na capela-mor representou-se a figura de São Pedro, "com as duas chaves do céu dependuradas sobre o peito" (ALMEIDA, 2001, p.88).
Em decadência a partir do século XIV, o mosteiro foi entregue aos Jesuítas de Coimbra que, no século XVII, patrocinaram a reforma do conjunto e edificaram, entre outras dependências, a nave da igreja. Esta, nada tem de românico e não foi, sequer, objecto de classificação, apresentando um espaço unificado com abóbada de arco abatido e coro alto. No século XX, Longos Vales passou relativamente ao lado do amplo processo de restauro em série das décadas de 30 e 40. A intervenção aqui realizada pela DGEMN aconteceu na viragem para os anos 60 e limitou-se a uma reparação geral dos elementos medievais, sem adulterar demasiado o complexo religioso, como se comprova pela manutenção das ruínas do mosteiro anexo.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens0
Nº de Bibliografias17

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
O Minho PittorescoVIEIRA, José AugustoEdição1887Lisboa
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526REAL, Manuel LuísEdição1990Porto
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526ALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1990Porto
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
"La sculpture figurative dans l'art roman du Portugal", Portugal roman, vol. I, pp.33-75REAL, Manuel LuísEdição1986
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
"O património cultural do Alto Minho (civil e eclesiástico). Sua defesa e protecção", Caminiana, ano IX, nº14, pp.9-80ALVES, LourençoEdição1987Caminha
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Monção e seu alfoz na heráldica nacional: heráldica, genealogia e históriaGOMES, José GarçãoEdição1969Barcelos
Monografia de S. João de Longos Vales e Bela (integrada)CALDAS, João AfonsoEdição1977Monção
Monografia de S. João de Longos Vales e Bela, integrada: suplementoCALDAS, João AfonsoEdição1981Monção
A escultura românica das igrejas da margem esquerda do Rio Minho, 2 vols.ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1987Porto
"Igrejas e capelas românicas da Ribeira Minho", Caminiana, ano IV, nº6, pp.105-152ALVES, LourençoEdição1982Caminha

IMAGENS

MAPA

Abrir

Palácio Nacional da Ajuda
1349-021 Lisboa
T.: +351 21 361 42 00
NIF 600 084 914
dgpc@dgpc.pt