Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe
Designação
DesignaçãoErmida de Nossa Senhora de Guadalupe
Outras Designações / PesquisasErmida de Nossa Senhora de Guadalupe (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Ermida
TipologiaErmida
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaFaro/Vila do Bispo/Vila do Bispo e Raposeira
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Quinta da Senhora de GuadalupeRaposeira Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
37.083674-8.864787
DistritoFaro
ConcelhoVila do Bispo
FreguesiaVila do Bispo e Raposeira
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 9 842, DG, I Série, n.º 137, de 20-06-1924 (ver Decreto)
ZEPPortaria de 11-04-1955, publicada no DG, II Série, n.º 1160, de 18-05-1955 (com ZNA)
Zona "non aedificandi"Portaria de 11-04-1955, publicada no DG, II Série, n.º 1160, de 18-05-1955
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9913229
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA modesta ermida de Nossa Senhora da Guadalupe é um dos mais actuais exemplos de distância entre as conclusões a que a História da Arte chega e as interpretações tradicionalmente repetidas em obras de referência e de síntese ao longo do último século. Em relação a este templo, continua a sugerir-se ter sido construído pelos templários no século XIII (BAPTISTA, 2000, p.17) ou, em alternativa, pelo Infante D. Henrique, no âmbito da tão discutida "Escola de Sagres". Pelo contrário, a mais recente historiografia tem apontado para uma edificação pela primeira metade do século XIV, com certeza posterior ao Milagre da Guadalupe, ocorrido na região de Cáceres por volta de 1320 (PEREIRA, 2001, p.1). Não faltam todavia, outras perspectivas alternativas, como veremos.
Uma datação nestes termos parece entrar em contradição com o aspecto arcaizante e até simplista do templo. A opção pela planta de nave única, de três tramos contrafortados lateralmente por poderosos gigantes, e por uma capela-mor rectangular de duplo tramo, abobadada com o recurso à cruzaria de ogivas, são características decisivamente arcaizantes. A estas soluções, há que juntar o aspecto volumetricamente atarracado da construção, bem como a escassez de vãos de iluminação e de motivos decorativos, que contribuem igualmente para a sensação generalizada de austeridade e de robustez. Em boa verdade, estas circunstâncias não a afastam muito dos modelos paroquiais dionisinos, seus prováveis contemporâneos, diferindo, apenas, nas proporções e no relativo valor dado à iluminação, em particular a da capela-mor. O recurso a grossos contrafortes escalonados é, aliás, uma das marcas mais claras do chamado Gótico do reinado de D. Dinis, acentuando, genericamente, o carácter austero das edificações então levantadas.
Ora, se a cronologia da obra fundacional chegou a um momento de consenso relativo na comunidade científica, também a existência de posteriores alterações parece ser uma realidade. Com efeito, a par da extrema sobriedade do monumento, coexistem alguns elementos tardo-góticos, eventualmente do século XV. Manuel Castelo Ramos, que os identificou, salienta a decoração "encordoada e antropomórfica" dos capitéis-impostas dos portais, o grosso perfil do arco triunfal (que aparece também em outras obras algarvias do século XV, como a Sé de Silves e a igreja de Santa Maria do Castelo de Tavira), ou as "tentações naturalistas" das mísulas onde descarrega a abóbada da capela-mor (RAMOS, 1996, pp.88-91). A própria janela nascente da ábside e a opção pela planta rectangular (e não poligonal) parecem reforçar o carácter tardo-gótico desta reformulação.
A confirmarem-se estes dados, ganha maior probabilidade uma reforma em pleno século XV (eventualmente ligada ao amplo desenvolvimento da região verificado com a subida ao poder da dinastia de Avis), em prejuízo de uma campanha manuelina, como sugeriu Pedro Dias (DIAS, 1994, p.148). E também a confirmarem-se estes dados, deverá ser tomada ainda com maiores reservas a leitura inconográfica que Paulo Pereira efectuou dos poucos elementos figurativos do interior, relacionando-os com o resgate de cativos em pleno século XIV (PEREIRA, 2001, p.2).
Monumento tradicionalmente ligado à figura mítica do Infante D. Henrique (que diversas notícias dão como tendo orado na ermida, ela própria vizinha do seu (desaparecido) paço de Terçanabal (DIAS, 1995, pp.59-61), a ermida da Guadalupe foi, nos anos centrais do século XX, um ponto essencial da política historicista do Estado Novo, que actuou também radicalmente em monumentos vizinhos. Data dessa altura o restauro geral efectuado, que se pautou pela reconstrução de alguns elementos, como contrafortes, beirados, etc. Mais recentemente, o IPPAR efectuou obras gerais de conservação, mas o monumento aguarda, ainda, um coerente projecto de estudo monográfico e de investigação arqueológica das imediações, que explique as fases de ocupação do local.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens20
Nº de Bibliografias12

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
A arquitectura gótica portuguesaDIAS, PedroEdição1994Lisboa
Manuelino. À descoberta da arte do tempo de D. Manuel IDIAS, PedroEdição2002Lisboa
"Decoração arquitectónica manuelina na região de Silves (séculos XV-XVI)", Revista Xelb, nº3, 1996, pp.79-142RAMOS, Manuel Francisco CasteloEdição1996Silves
Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe. Vila do BispoPEREIRA, PauloEdição2001Lisboa
"A Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe", Ilustração, Ano 3º, nº 34, 16/3TEIXEIRA, GarcezEdição1928Lisboa
"A Ermida de Guadalupe", Diário de Notícias, 26/2FRANCO, Mário LysterEdição1939Lisboa
"As empresas artísticas do Infante D. Henrique (1394-1460)", Mare Liberum, nº6, Dez. 1993, republ. A viagem das formas, pp.51-89DIAS, PedroEdição1995Lisboa
Guia turístico e ambiental do concelho de Vila do BispoBAPTISTA, Carlos Manuel MaximianoEdição2000Lisboa
"A ermida de Nossa Senhora de Guadalupe e o Centro de Acolhimento e Interpretação. Intervenções do IPPAR", Revista Património - Estudos, nº8, pp.-138-139PIMPÃO, TeresaEdição2005Lisboa
"O centro de acolhimento e interpretação da ermida de Nossa Senhora de Guadalupe", Revista Património - Estudos, nº8, pp.140-143PAULA, Frederico MendesEdição2005Lisboa
"O centro de acolhimento e interpretação da ermida de Nossa Senhora de Guadalupe", Revista Património - Estudos, nº8, pp.140-143PISSARRO, Carlos BenrósEdição2005Lisboa
A Arquitectura ManuelinaDIAS, PedroEdição1988Porto
A arquitectura manuelinaDIAS, PedroEdição2009Vila Nova de Gaia

IMAGENS

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Vista geral

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachadas lateral Norte e principal

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada principal: portal principal

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada lateral sul: porta travessa

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior: colunas duplas da capela-mor

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachadas lateral norte e principal

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Vista geral

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada principal

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Vista geral e envolvente com a quinta que se diz ter pertencido ao infante D. Henrique.

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada principal

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Vista geral e envolvente da quinta que se diz ter pertencido ao Infante D. Henrique

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Fachada lateral sul: porta travessa e contraforte

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Vista geral posterior e envolvente

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior da capela-mor: capitéis com motivos vegetalistas

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior: capitel do arco triunfal

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior da capela-mor: chave da abóbada

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior: arco triunfal e capela-mor

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior: abóbada da capela-mor

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior: mísula da nave e pia de água benta

Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe - Interior da capela-mor: capitéis com cabeças humanas e motivos vegetalistas

MAPA

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