Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja matriz de Caminha
Designação
DesignaçãoIgreja matriz de Caminha
Outras Designações / PesquisasIgreja Matriz de Caminha / Igreja de Nossa Senhora da Assunção, matriz de Caminha / Igreja Paroquial de Caminha / Igreja de Nossa Senhora da Assunção (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Caminha/Caminha (Matriz) e Vilarelho
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Rua Ricardo Joaquim de SousaCaminha Número de Polícia:
Rua DireitaCaminha Número de Polícia:
Largo da MatrizCaminha Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.878031-8.838599
DistritoViana do Castelo
ConcelhoCaminha
FreguesiaCaminha (Matriz) e Vilarelho
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9913229
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA cenográfica, imponente e sobranceira Matriz de Caminha é o resultado da "riqueza e do querer desta póvoa marítima" que, nos finais da Idade Média, patrocinou a construção de uma das mais importantes obras do tardo-gótico português (ALMEIDA, 1987, p.150). Quer a qualidade da construção, quer a extrema rapidez com que foi executada, quer, ainda, a relevância artística e económica dos acrescentos (enriquecimentos) posteriores, provam bem a importância deste templo no contexto da História da Arte portuguesa na viragem para a época moderna.
A sua construção iniciou-se em 1488, sob orientação dos mestres biscaínhos Tomé de Tolosa e Francisco Fial. Este processo deu-se em perfeita actualidade com a entrada, no nosso país, de numerosos arquitectos formados em Espanha, em particular nos grandiosos estaleiros das Catedrais de Burgos e de Sevilha, e de que João de Castilho foi o expoente máximo (PEREIRA, 1995, vol.2, pp.68-69). No Norte de Portugal, vamos encontrá-los a dirigir obras em Caminha, Vila do Conde, Braga, Lamego, etc., progredindo depois para o Sul.
Ao que tudo indica, a igreja foi concluída escassos vinte e cinco anos depois, pois logo em 1511 estaria colocado o provável tecto de alfarge, devido ao mestre galego Fernão de Muñoz (PEREIRA, 1995, p.89) e os dois portais certamente encontravam-se em fase de acabamento, se não estivessem já terminados.
Nesse quarto de século, assistimos a duas fases fundamentais: nos primeiros tempos, o risco e direcção de mestres biscaínhos; depois, à medida que estes foram sendo atraídos pelo Sul, vamos encontrar um português de Viana à frente das obras, Pero Galego, a quem se atribui a conclusão da igreja e a Capela dos Mareantes. Entre estes nomes, observa-se um lento abandono do vocabulário tardo-gótico de ascendência plateresca e uma progressiva abertura ao Renascimento, sobre um fundo volumétrico tradicional, aspectos que, combinados, colocam este templo num estádio de excepção face à generalidade da arquitectura nacional.
Em termos estruturais, a igreja segue uma tipologia já velha conhecida e praticamente hegemónica no chamado Gótico paroquial dos séculos XIII a XVI: corpo de três naves escalonadas cobertas por tecto de madeira, separadas entre si por largas arcarias quebradas; fachada principal de perfil triangular denunciando a organização espacial interior, sendo o corpo central organizado em dois registos; e cabeceira tripartida, com capela-mor de duplo tramo, sendo o final poligonal.
Apesar de a igreja pertencer ao último capítulo desta longa duração estilística, coexistem, nela, elementos arcaizantes (como o aspecto compacto das suas paredes e torre sineira e a escassa iluminação do interior, incluindo a apertada rosácea-óculo da fachada principal) a par de outros de grande novidade no panorama português. A Capela dos Mareantes (datada de 1511) é unanimemente considerada uma obra de charneira entre o Manuelino e o Renascimento. Foi custeada pela poderosa confraria marítima caminhense, que patrocinou uma obra ímpar no país, onde se testemunha já o Renascimento erudito (PEREIRA, 1995, p.88) que caracterizará um estrito número de realizações na primeira metade do século XVI.
Ainda mais importante é o portal lateral Sul, "virado para a vila" e, por isso, o que servia a comunidade, uma vez que o principal dava, directamente, para um troço de muralha (ALMEIDA, 1987, p.150). Da autoria provável de João Nobre, é uma poderosa obra cenográfica, enquadrada por pilastras, recebendo "a pseudo-arquitrave um conjunto de nichos com imagens que se aproximam dos canones clássicos", numa composição que se contextualiza, embora de forma mais simplificada, com o portal principal do Hospital Real de Santiago de Compostela (PEREIRA, 1995, p.88).
Obra de excepção, a Matriz de Caminha é um dos monumentos que melhor reflecte a confusão de conceitos actuais sobre a transição artística para a Modernidade, nela confluindo uma variedade imensa de influências estéticas.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZPConjunto fortificado da Vila de Caminha
Outra ClassificaçãoCentro Histórico de Caminha
Nº de Imagens7
Nº de Bibliografias18

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
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"Arquitectura mudéjar portuguesa: tentativa de sistematização", Mare Liberum, nº8, pp.49-89DIAS, PedroEdição1994Lisboa
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"As grandes edificações", História da Arte Portuguesa, vol. II, pp.11-113PEREIRA, PauloEdição1995Lisboa
"Construções na Grande Estrada : o Caminho de Santiago e a Arquitectura Portuguesa (1400-1521)", in Do Tardo-Gótico ao Maneirismo, Galiza-Portugal (Catálogo da Exposição)PEREIRA, PauloEdição1995
Viana e CaminhaGUERRA, Luís Figueiredo daEdição1929Porto
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
A Arquitectura "ao Romano"CRAVEIRO, Maria de LurdesEdição2009Vila Nova de Gaia
"O património cultural do Alto Minho (civil e eclesiástico). Sua defesa e protecção", Caminiana, ano IX, nº14, pp.9-80ALVES, LourençoEdição1987Caminha
"Do Gótico ao Manuelino no Alto Minho II - Edifícios religiosos", Caminiana, nº10, pp.41-88ALVES, LourençoEdição1984Caminha
Caminha e seu concelhoALVES, LourençoEdição1985Caminha
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa
A Arquitectura Gótica em PortugalCHICÓ, Mário TavaresEdição1981Lisboa
"O primeiro renascimento galaico-português", Do Tardo-Gótico ao Maneirismo, Galiza e Portugal (Catálogo da Exposição)VILA JATO, María DoloresEdição1995Lisboa
A Talha em PortugalSMITH, Robert C.Edição1962Lisboa
"Arquitectura: renascimento e classicismo", História da Arte Portuguesa, vol. II, 1995, pp. 303-375MOREIRA, RafaelEdição1995Lisboa
"Caminha através dos tempos. Igrejas, Capelas, Mosteiros e Conventos", Caminiana, nº2, pp.127-159SILVA, João M. F.Edição1980Caminha

IMAGENS

Igreja Matriz de Caminha - Fachada principal: portal

Igreja Matriz de Caminha - Vista geral

Igreja Matriz de Caminha - Fachada principal (final de obra da envolvente)

Igreja Matriz de Caminha - Fachada principal

Igreja Matriz de Caminha - Fachada principal

Igreja Matriz de Caminha - Vista geral

Igreja Matriz de Caminha - Vista geral

MAPA

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