Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela dos Ferreiros, anexa à igreja matriz de Oliveira do Hospital, com todo o seu recheio, túmulos e retábulos
Designação
DesignaçãoCapela dos Ferreiros, anexa à igreja matriz de Oliveira do Hospital, com todo o seu recheio, túmulos e retábulos
Outras Designações / PesquisasIgreja Paroquial de Oliveira do Hospital e Capela dos Ferreiros / Igreja da Exaltação da Santa Cruz (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Capela
TipologiaCapela
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaCoimbra/Oliveira do Hospital/Oliveira do Hospital e São Paio de Gramaços
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo Conselheiro Cabral MeteloOliveira do Hospital Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
40.359453-7.861815
DistritoCoimbra
ConcelhoOliveira do Hospital
FreguesiaOliveira do Hospital e São Paio de Gramaços
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 26 500, DG, I Série, n.º 79, de 4-04-1936 (ver Decreto)
ZEPPortaria n.º 636/2015, DR, 2.ª série, n.º 161, de 19-08-2015 (sem restrições) (ver Portaria)
Parecer favorável de 11-06-2008 do Conselho Consultivo do IGESPAR,I.P.
Proposta de 15-04-2008 da DRC do Centro para a ZEP da Capela dos Ferreiros e do Pelourinho de Oliveira do Hospital
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12707538
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaAdossada à barroca igreja matriz de Oliveira do Hospital, a capela dos Ferreiros é um dos mais importantes espaços funerários góticos nacionais, pela relevância das obras que encerra, mas também por ser das poucas capelas sepulcrais baixo-medievais de iniciativa privada que se conservou até aos nossos dias.
Ela ficou a dever-se a Domingos Joanes, ao que tudo indica um nobre de ascendência obscura, neto de D. Chavão e que terá feito fama em guerras por terras de França (HALL, 1998, p.124). As semelhanças do seu brasão com o de Bartolomeu Joanes, rico burguês da cidade de Lisboa, que se fez sepultar em capela própria na Sé da capital, tem levado alguns autores a considerar Domingos Joanes como um homem oriundo de uma família nobre recente (BARROCA, 2000, p.1631, cit. José Mattoso), cuja vontade de legitimar a sua promoção social ficou bem expressa no conjunto escultórico que encomendou para a capela. Por outro lado, uma desaparecida lápide referia-o como "cavaleiro de Oliveira", facto que, a juntar ao estatuto de seu avô como governador das terras de Seia, permite perceber a escolha deste nobre por Oliveira do Hospital para sua última morada. Com ele, sepultou-se sua mulher, D. Domingas Sabachais, uma figura igualmente mal documentada da nossa história medieval.
A capela é um espaço rectangular mal iluminado e cujas características construtivas revelam a manutenção dos arcaísmos com que a arquitectura gótica portuguesa (em particular a do reinado de D. Dinis) é maioritariamente avaliada. "Com pouco mais de 6,50m por 3,50m, e uma cobertura de berço quebrado e contínuo" (DIAS, 1994, p.98), é uma massa edificada compacta, com grandes silhares de granito e iluminada por dois pequenos óculos quadrilobados, abertos na fachada lateral Sul. Uma fresta, localizada axialmente no alçado do lado nascente, iluminaria originalmente o espaço, mas a posterior ligação Sul à igreja determinou a perda de função deste elemento.
Durante muito tempo, considerou-se ser obra de 1279 (de acordo com aquela inscrição apenas vistas por Coelho Gasco no século XVII), um dado que faria desta obra uma das mais antigas capelas funerárias nacionais (CORREIA e GONÇALVES, 1952). No entanto, estudos mais recentes vieram questionar esta datação, assumindo-se o ano de 1341 (Era de 1379) como o mais provável (BARROCA, 2000, pp.1627-1628).
Se, arquitectonicamente, a capela dos Ferreiros pode ser considerada mais uma de tantas construções arcaizantes levantadas entre os séculos XIII e XIV, o notável conjunto escultórico do seu interior revela uma actualidade de gosto e um desafogo económico pouco comum no panorama nacional da primeira metade do século XIV. Dois túmulos, uma estátua de um cavaleiro e um retábulo, são o mais completo conjunto escultórico gótico português, e uma das obras maiores de um incontornável escultor aragonês estabelecido no nosso país a partir do casamento de D. Dinis com D. Isabel de Aragão: Mestre Pero.
Os dois jacentes foram figurados em decúbito lateral, composição muito pouco comum no panorama da tumulária nacional (BARROCA, 2000, p.1629), sendo a iconografia escolhida por Domingos Joanes característica da Nobreza trecentista, com espada e lebreu aos pés. Este conteúdo senhorial é ainda reforçado pela estátua de cavaleiro, representado como participante de um torneio medieval e não em contexto de guerra, numa clara intenção de "sublinhar a dimensão ideal da cavalaria" e do seu estatuto de nobre (FONSECA, 1992, p.170). O jacente de Domingas Sabachais é igualmente comum às damas nobres, com cabeça coberta por véu e um pequeno cão aos pés, mas simbolicamente menos afirmativo que o de seu marido. O retábulo destinou-se a reforçar o programa de afirmação pessoal e social, na medida em que a Virgem com o Menino é ladeada por duas figuras menores, representando os doadores, no fundo, Domingos Joanes e Domingas Sabachais que, desta forma, se autonomizaram dos seus túmulos terrenos e passaram a figurar no reino dos céus.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens9
Nº de Bibliografias13

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Inventário Artístico de Portugal: distrito de CoimbraGONCALVES, António NogueiraEdição1952Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. IV (O Gótico)DIAS, PedroEdição1986Lisboa
A arquitectura gótica portuguesaDIAS, PedroEdição1994Lisboa
História da Arte em Portugal - o GóticoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2002Lisboa
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
História da Arte em Portugal - o GóticoBARROCA, Mário JorgeEdição2002Lisboa
Três túmulosCORREIA, VergílioEdição1924Lisboa
Inventário Artístico de Portugal: distrito de CoimbraCORREIA, VergílioEdição1952Lisboa
"O descanso eterno. A tumulária", História da Arte Portuguesa, vol.1, pp.435-455MACEDO, Francisco Pato deEdição1995Lisboa
História da Arte em PortugalLACERDA, Aarão deEdição1942Porto
"O claustro da Sé de Lisboa: uma arquitectura «cheia de imperfeições»?", Murphy, nº1, pp.18-69FERNANDES, Paulo AlmeidaEdição2006Coimbra
A escultura em Portugal (séculos XII-XV)SANTOS, Reinaldo dosEdição1948Lisboa
"Cavaleiro medieval", ficha técnica de catálogo, Nos confins da Idade Média, p.170FONSECA, Luís Adão da,Edição1992Porto
"Esculturas da Capela dos Ferreiros", Ilustração Moderna, nº40, pp.34-37GONÇALVES, António AugustoEdição1930Porto
Concelho de Oliveira do Hospital: subsídios para a sua HistóriaHALL, TarquínioEdição1998Oliveira do Hospital

IMAGENS

Igreja Matriz de Oliveira do Hospital - Fachada principal

Igreja Matriz de Oliveira do Hospital - Fachada principal: portal

Igreja Matriz de Oliveira do Hospital - Fachada principal: nicho com imagem de São João Evangelista

Capela dos Ferreiros - Fachada com a ligação ao edifício da Igreja Matriz

Capela dos Ferreiros - Fachada: pormenor de uma das janelas

Igreja Matriz de Oliveira do Hospital - Interior: nave e capela-mor

Igreja Matriz de Oliveira do Hospital - Interior: tecto da nave com pintura de perspectiva

Capela dos Ferreiros - Planta do imóvel e da proposta de ZEP (já foi publicada no DR)

Capela dos Ferreiros, anexa à igreja matriz de Oliveira do Hospital, com todo o seu recheio, túmulos e retábulos, e Pelourinho de Oliveira do Hospital - Planta com a delimitação dos imóveis classificados e da respetiva ZEP em vigor

MAPA

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