Nota Histórico-Artistica | Ansiães, situada a cerca de 10 km de Carrazeda de Ansiães, foi uma antiga "vila" medieval, cujas origens são anteriores à fundação da nacionalidade. O seu primeiro foral foi concedido por Fernando Magno, rei de Leão e Castela, ainda no século IX, entre 1055 e 1065. Seguiram-se cartas de foral de Afonso Henriques (1160), D. Sancho I (1198) e D Manuel (1510), para além de uma Carta de Feira concedida por D. Afonso III (1277). O seu pelourinho, de tipologia muito arcaica, será provavelmente dos séculos XII ou XIII, sucedendo-se aos primeiros forais nacionais, ou datando do período de grande crescimento que a povoação de seguida, nos quais se inscreve a já referida Carta de Feira. O monumento encontra-se desmantelado, restando apenas alguns fragmentos do mesmo, nomeadamente o fuste e parte do capitel. O pelourinho foi destruído aquando da transferência da sede do concelho de Ansiães para Carrazeda, em 1734, quando o antigo burgo em decadência se esvaziava de habitantes. A oposição destes à transferência dos Paços do Concelho levou o juiz de fora encarregado do acto, Francisco Justiniano Ferraz de Araújo e Costa, a mandar arrasar a picota, cujas peças estão hoje expostas na Igreja de São Salvador, no recinto do castelo de Ansiães. O fuste consta de uma pilastra baixa e larga, com o terço inferior (c. 30 cm) de secção quadrangular, e os terços superiores oitavados, através do chanframento das arestas. O capitel era composto por um bloco prismático, ainda de secção quadrangular, com as quatro faces esculpidas, muito danificado. Numa das faces ostenta as armas reais, em outra uma torre com duas portas, em outra ainda um castelo com uma porta com chave, e na última, em maior destaque, uma figura que tem sido entendida como a de um velho, de longas barbas, segurando nas mãos duas chaves ou uma chave e uma maça (E. B. de Ataíde MALAFAIA, 1997, p. 451). Desde os escritos do Pe. João Pinto de Morais (Memórias de Anciaens, 1721), segundo quem o topónimo Ansiães viria da palavra ancião, conforme a figuração existente no seu pelourinho, tem sido considerado que esta seria uma referência quer à antiguidade da terra, quer a algum proeminente ancião que aí teria vivido. Porém, o foral manuelino dado à povoação, e conservado no Museu Abade de Baçal, recorda o topónimo original e o nome do seu primeiro donatário. Assim, Ansilanis Villa teria sido a quinta de Ansila. SML |