Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume
Designação
DesignaçãoRuínas Arqueológicas de São Martinho de Dume
Outras Designações / PesquisasRuínas Arqueológicas de São Martinho de Dume (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArqueologia / Basílica
TipologiaBasílica
CategoriaArqueologia
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaBraga/Braga/Real, Dume e Semelhe
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Lugar da IgrejaSão Martinho de Dume Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.5675-8.43486
DistritoBraga
ConcelhoBraga
FreguesiaReal, Dume e Semelhe
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 45/93, DR, I Série-B, n.º 280, de 30-11-1993 (ver Decreto)
ZEPPortaria n.º 1133/2009, DR, 2.ª Série, n.º 210, de 29-10-2009 (sem restrições) (alterou a delimitação e retirou a ZNA) (ver Portaria)
Despacho de homologação de 20-06-2005 da Ministra da Cultura
Parecer favorável de 3-02-2005 do Conselho Consultivo do IPPAR
Proposta de alteração de 4-09-2004 da DRPorto
Portaria n.º 227/97, DR, 2.ª Série, n.º 110, de 13-05-1997 (com ZNA)
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMESítio
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9914631
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaO complexo arqueológico de Dume assume-se, na actualidade, como um dos mais importantes locais de investigação do Norte de Portugal sobre a curta história do reino suevo. A ocupação do lugar recua aos primeiros anos do período romano, altura em que aqui se estabeleceu uma uilla, de que se conhece um compartimento. Posteriormente, e ao que as escavações vieram sugerir, esta propriedade foi reformulada nos séculos III-IV, momento a que pertencerá um edifício termal (de planta octogonal e bastante compartimentado), recentemente escavado.
Mas foi nos meados do século VI, mais concretamente na sequência das chamadas invasões bárbaras, que Dume passou a ter real importância no contexto peninsular. Pela mão de São Martinho, "Apóstolo dos Suevos" (OLIVEIRA, 1964), as anteriores estruturas deram lugar a um mosteiro, cuja importância lhe conferiu imediatamente o estatuto de centralidade religiosa do reino e diocese autónoma em relação à tão próxima cidade de Braga. Por seu lado, também o monarca construiu um palácio anexo, fazendo da antiga uilla de Dume um dos centros decisórios da corte.
É neste contexto de expansão e de afirmação da autoridade sueva (e também da metropolita de Braga) que se deve entender a construção da basílica dumiense. Ela conhece-se apenas parcialmente, mas os vestígios conservados provam a grande qualidade da construção e, em especial, a sua originalidade. A cabeceira é o elemento de maior interesse, na medida em que adopta uma planta cruciforme, de planimetria trifoliada com tripla ábside semicircular e em associação a um cruzeiro quadrangular (FONTES, 1995, pp.417-418).
Alguns autores interpretaram esta estranha organização à luz do que, um século depois e em contexto político visigótico, São Frutuoso realizou em Montélios. A verdade é que estamos perante a transposição de um modelo de templo de carácter martirial, frequente no Sul da Gália pelo século VI, a partir de realizações orientais (FONTES, 1995, p.420), e que chegou ao Noroeste peninsular através da forte influência que o reino merovíngio exerceu sobre os monarcas suevos, com cuja família real São Martinho trocou correspondência (MACIEL, 1996) e de que resultou uma relação que se testemunha em outras obras artísticas suevas, como o sarcófago paleocristão bracarense (REAL, 2000, p.31).
Tão importante como o reconhecimento arqueológico do monumento e as vias de influência que aqui confluem, é o facto de o templo paroquial-monacal-real de Dume constituir a mais clara demonstração de como a corte sueva patrocinou um tipo específico de arquitectura, dotado de personalidade própria. Mantém-se a "regresão técnica" que caracteriza a esmagadora maioria da actividade construtiva peninsular suevo-visigótica, como o prova o "sistemático reaproveitamento de materiais" (FONTES, 1995, p.426; REAL, 2000, p.25), mas não parecem restar dúvidas de que, no apogeu do mundo suevo, Braga foi um centro artístico de inegável importância, diferenciando-se da tutela estética de Mérida.
Mais de três séculos depois da construção de São Martinho, e já em pleno contexto (re)conquistador, a basílica foi objecto de uma reforma, cujo objectivo fundamental foi a revitalização do culto do seu fundador. Falamos da viragem para o século X e do chamado "repovoamento de Afonso III". Por essa altura, o complexo religioso de Dume havia sido abandonado (ou então encontrava-se em franca decadência), e quer a figura de São Martinho quer o mosteiro-diocese por si criado não eram mais que uma memória; uma memória que importava revitalizar, à semelhança do que se faria em Montélios. Desconhecemos ainda quais as principais alterações efectuadas, mas é certo que o novo poder asturiano preservou a cabeceira sueva. Mesmo tendo em atenção que o templo poderá ter passado a ter uma função paroquial (FONTES, 1995, p.424), a manutenção daquela estrutura prova o impacto que a velha construção teve nos novos detentores.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens7
Nº de Bibliografias12

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"Dume: a devolução do túmulo do bispo S. Martinho, a ampliação da igreja paroquial e o salvamento arqueológico", Forum, nº4, pp.75-89FONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1988Braga
"Inventário de sítios e achados arqueológicos do concelho de Braga", Mínia, 3ª sér., nº1, pp.31-88FONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1993Braga
"Salvamento arqueológico de Dume - 1987: primeiros resultados", Cadernos de Arqueologia, 2.ª série: nº 4, pp.111-147FONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1987Braga
"Dume: A devolução do túmulo do Bispo S. Martinho, a ampliação da igreja paroquial e o salvamento arqueológico", Forum, nº 4, pp.75-89FONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1988Braga
"Salvamento arqueológico de Dume (Braga). Resultados das campanhas de 1989-90 e 1991-92", Cadernos de Arqueologia, 2.ª série, nº 8FONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1991Braga
"A igreja sueva de Dume (Braga)", IV Reunião de Arqueologia Cristã HispânicaFONTES, Luís Fernando de OliveiraEdição1995Barcelonapp. 415-428
"Portugal: cultura visigoda e cultura moçárabe", Visigodos y Omeyas. Un debate entre la Antiguedad Tardia y la Alta Edad Media, pp.21-75REAL, Manuel LuísEdição2000Madrid
"Inovação e resistência: dados recentes sobre a antiguidade cristã no ocidente peninsular", IV Reunião de Arqueologia Cristã Hispânica (Lisboa, 1992), 1995, pp.17-68REAL, Manuel LuísEdição1995
História da Arte em Portugal, vol. 2 (Alta Idade Média)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Antiguidade Tardia e paleocristianismo em PortugalMACIEL, Manuel Justino PinheiroEdição1996Lisboa
"A arte da Antiguidade Tardia (séculos III-VIII, ano de 711)", História da Arte Portuguesa, vol.1, 1995, pp.103-149MACIEL, Manuel Justino PinheiroEdição1995Lisboa
Lenda e História: estudos hagiográficosOLIVEIRA, Miguel deEdição1964Lisboa

IMAGENS

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Vista parcial (prospecção)

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Vista parcial

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Planta com a delimitação e a ZEP em vigor

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Planta de localização com a delimitação da ZEP publicada em 1997 (alterada em 2009)

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Portaria n.º 1133/2009, DR, 2.ª Série, n.º 210, de 29-10-2009 - Texto e planta do diploma

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Portaria n.º 227/97, DR, 2.ª Série, n.º 110, de 13-05-1997 - Texto e planta do diploma (já alterado em 2009)

Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume - Vista parcial

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