Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Ruínas do Castelo de Faria e da estação arqueológica subjacente
Designação
DesignaçãoRuínas do Castelo de Faria e da estação arqueológica subjacente
Outras Designações / PesquisasPovoado do Castelo de Faria (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArqueologia / Conjunto
TipologiaConjunto
CategoriaArqueologia
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaBraga/Barcelos/Pereira
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
- -Lugar do do Castelo de Faria Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.496735-8.647348
DistritoBraga
ConcelhoBarcelos
FreguesiaPereira
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 40 684, DG, I Série, n.º 146, de 13-07-1956 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMESítio
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO12220649
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaFaria é um dos mais importantes e discutidos castelos do Entre-Douro-e-Minho. A sua primeira forma deve corresponder aos séculos IX-X, embora a primeira referência documental date apenas de de 1099, ano em que o comando da fortaleza estava entregue ao tenens Soeiro Mendes da Maia. Pelo apelido deste nobre, fácil é de perceber a importância do castelo no quadro da nobreza fundiária que, então, dominava a política portucalense, em pleno regime condal. Essa importância foi confirmada ao longo do século XII, por uma série de diplomas e pelo prestígio de alguns nobres que tiveram a fortificação a seu cargo, casos de Ermígio Riba Douro, Mem de Riba Vizela ou Garcia de Sousa.
Cabeça da poderosa Terra de Faria, alguns autores pretenderam ver neste castelo um dos míticos locais onde deflagrou a revolta dos condes portucalenses contra D. Teresa, que conduziu à Batalha de São Mamede (1128) e à subida ao trono de D. Afonso Henriques. Um pouco antes desse recontro, algumas fortalezas juraram fidelidade ao futuro rei, por oposição a D. Teresa e Fernão Peres de Trava. Entre elas, contou-se a de Neiva (a Norte do Douro) e a da Feira (a Sul daquele rio), dando à "revolução" um sentido verdadeiramente "nacional". A passagem de mãos destes castelos consta da Crónica galego-portuguesa de Espanha e de Portugal e, durante algum tempo, permaneceu a dúvida se o castelo da Feira mencionado não seria antes o de Faria. Após os estudos de MATTOSO, KRUS e ANDRADE, 1989, Feira tornou-se a opinião mais consensual, ainda que alguns argumentos de sentido contrário, invocados por A. de Almeida FERNANDES, 1991, nunca tenham sido devidamente refutados.
O mais célebre episódio da sua história foi, todavia, o que ocorreu em 1373. O facto chegou-nos por via de Fernão Lopes e por uma versão romanceada de Alexandre Herculano (ed. 1992, vol. I, pp.187-197), e narra a recusa de Nuno Gonçalves de Faria, então alcaide do castelo, em entregar as chaves da fortaleza ao exército galego invasor. No século XV, com a subida ao trono da dinastia de Avis, o castelo entrou em declínio e não mais voltou a ter a importância dos tempos baixo-medievais.
É precisamente do século XIV o mais importante espólio resgatado, apesar de existirem outros materiais que podem recuar ao início da nacionalidade. Esporas de roldana, estibos, pomos de espadas, fivelas, fragmentos de malhas metálicas, pontas de virotão, etc., são alguns dos elementos que a arqueologia resgatou da arruinada fortaleza e que constituem um dos mais importantes núcleos nacionais de armamento medieval (BARROCA, 2000, p.324). Ainda do local procede um lote de moedas do reinado de D. Fernando (REIS, 1950) e permanece a dúvida sobre a real origem do chamado "Túmulo de Faria", alvo de recente estudo de Carla Varela FERNANDES, 2001-2002, e que Carlos Alberto Ferreira de ALMEIDA, 1990, p.39, admite poder ter vindo do castelo.
Arquitectonicamente, a fortaleza encontra-se algo adulterada, quer pela erosão dos séculos, quer por algumas discutíveis opções do "Grupo dos Alcaides de Faria Pro-Franqueira", fundado em 1929 e sediado em Barcelos, que aqui efectuou escavações em 1930, 1932, 1936 e 1949, e que iniciou a reconstrução da torre de menagem. A sua intervenção no local permitiu, no entanto, identificar vestígios de um povoado fortificado da Idade do Ferro, visível no muralhado duplo de pedra solta e irregular, nas habitações de planta predominantemente circular, com o respectivo buraco de poste ao centro, bem como noutras estruturas anexadas de planta rectangular, possivelmente destinadas a guardar gado, a par de arruamentos estreitos lageados e fragmentos cerâmicos característicos desta cronologia proto-histórica, a confirmar, no fundo, o seu posicionamento estratégico, ao proporcionar um bom domínio sobre a paisagem envolvente. Tipologicamente, o castelo é românico, com torre de menagem isolada no centro do recinto muralhado, cuja cerca interior é a única que parece ser medieval.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens5
Nº de Bibliografias15

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Catálogo do Museu Arqueológico de BarcelosALMEIDA, Carlos Alberto Brochado deEdição1991Barcelos
"Castelo de Faria. Campanha de escavações de 1981", Barcellos - Revista, nº1, pp.79-88ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado deEdição1982Barcelos
"O túmulo de Faria: problematização à luz da iconografia, plástica e cronologia", Lusitania Sacra, 2ª série, t.13-14, pp.583-596FERNANDES, Carla VarelaEdição2001Lisboa
Castelologia medieval de Entre-Douro-e-Minho. Das origens a 1220ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
BarcelosALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1990Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
"29. Espora de espeto", Pera Guerrejar. Armamento medieval no espaço português, ficha técnica de catálogo, pp.290-291BARROCA, Mário JorgeEdição2000Palmela
"51. Pomo de espada", Pera Guerrejar. Armamento medieval no espaço português, ficha técnica de catálogo, pp.323-324BARROCA, Mário JorgeEdição2000Palmela
Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho: séculos V a XVBARROCA, Mário JorgeEdição1987PortoTese de aptidão pedagogica Publicado a 1987
Faria 1127-1128 e não FeiraFERNANDES, A. de AlmeidaEdição1991Guimarães
O castelo e a Feira. A Terra de Santa Maria nos séculos XII a XIIIMATTOSO, JoséEdição1989Lisboa
"O feito dos Alcaides de Faria", Mínia, 2ª ser., nº1, pp.59-76RAMOS, Luís A. de OliveiraEdição1978Braga
O Concelho de Barcelos Aquém e Além Cávado (1948), 2ªed. fasimiliadaFONSECA, Teotónio daEdição1987Barcelos
"Raridades numismáticas achadas no histórico castelo de Faria", Boletim do Grupo Alcaides de Faria, nº2, pp.25-31REIS, Pedro BatalhaEdição1950Barcelos
"O castelo de Faria", Lendas e Narrativas, vol. I, pp.187-197HERCULANO, AlexandreEdição1992Lisboa
O castelo e a Feira. A Terra de Santa Maria nos séculos XII a XIIIKRUS, LuísEdição1989Lisboa
Catálogo do Museu Arqueológico de BarcelosANTUNES, João Manuel VianaEdição1991Barcelos
O castelo e a Feira. A Terra de Santa Maria nos séculos XII a XIIIANDRADE, Amélia AguiarEdição1989Lisboa
Catálogo do Museu Arqueológico de BarcelosMILHAZES, CláudiaEdição1991Barcelos

IMAGENS

Parede da torre do tempo de D. Dinis

Vista geral da acrópole

Plano da muralha e da torre de D. Dinis

A muralha depois de reerguida

Planta com a delimitação e a ZP actualmente em vigor

MAPA

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