Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de São João de Alporão
Designação
DesignaçãoIgreja de São João de Alporão
Outras Designações / PesquisasNúcleo Museológico de Arte e Arqueologia Medievais / Museu Municipal de Santarém / Convento e Igreja de São João de Alporão (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaSantarém/Santarém/União de Freguesias da cidade de Santarém
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo Zeferino SarmentoSantarém Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
39.235536-8.679964
DistritoSantarém
ConcelhoSantarém
FreguesiaUnião de Freguesias da cidade de Santarém
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEPPortaria de 14-01-1947, publicada no DG, II Série, n.º 50, de 3-03-1947 (com ZNA) (ZEP da Igreja de São João de Alporão e da Torre das Cabaças)
Zona "non aedificandi"Portaria de 14-01-1947, publicada no DG, II Série, n.º 50, de 3-03-1947
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO181501
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaA igreja de São João de Alporão constitui um caso único na arquitectura medieval portuguesa. Produto híbrido estilisticamente, aqui coexistem soluções filiadas em esquemas românicos e outras já nitidamente góticas, característica que confere a este templo um estatuto ímpar no panorama arquitectónico de Santarém e até do país, pelo elevado grau de experimentalismo, de "primeiro efeito de descontinuidade na arquitectura escalabitana" (PEREIRA, 1997, p.102) e, simultaneamente, de "primária ligação dos dois estilos" (SEQUEIRA, 1949, p.XVII).
A sua fundação deve-se à Ordem de São João do Hospital, cuja fixação na cidade situa-se entre 1159 e 1185 (CUSTÓDIO, 1994, p.17). No foral de 1179 pode depreender-se já a presença dos Hospitalários no território (BEIRANTE, 1980) mas, até ao momento, a data exacta de estabelecimento permanece desconhecida. A impossibilidade em relacionar a datação da igreja com a fixação dos Hospitalários tem favorecido a dispersão de datas propostas para a construção do templo, apesar de não restarem hoje grandes dúvidas sobre uma concepção inicialmente românica, datável das últimas décadas do século XII.
São vários os indicadores nesse sentido, desde a estrutura maciça da nave - que se filia no grupo de igrejas românicas de nave única do Douro Interior (RODRIGUES, 1995, p.213) - até à feição, em certa medida, tradicional do portal principal - com as suas arquivoltas em arco de volta perfeita -, passando ainda por outros aspectos, como a inutilidade estrutural dos contrafortes (SEQUEIRA, 1949, p.XVII; CUSTÓDIO e CUSTÓDIO, 1994, pp.88-93) ou o carácter fortificado de todo o conjunto, a que se adossava uma pesada torre circular, demolida em 1785 para permitir a passagem do coche real de D. Maria I.
Mas se estas características fazem da igreja de São João de Alporão um dos últimos testemunhos românicos do Sul, outros aspectos situam-na declaradamente no Gótico, como a cabeceira - de planta poligonal e com amplas janelas ogivais dispostas verticalmente entre contrafortes -, ou a primitiva cobertura dos três tramos da nave - de abóbada nervurada de cruzaria de ogivas -. A principal obra desta fase gótica é a galeria que se desenvolve para lá da capela-mor até ao limite exterior nascente da cabeceira. Trata-se da "primeira galeria gótica da arquitectura portuguesa" (PEREIRA, 1997, p.102), de função ainda discutida (provavelmente para permitir o acesso à torre românica), mas cuja qualidade não encontra paralelo no nosso país, sendo de admitir que consista em mais um exemplo da influência normanda no eixo Lisboa-Santarém-Coimbra, que se detecta desde a segunda metade do século XII (REAL, 1987, pp.554-555).
Perante esta heterogeneidade de elementos estilísticos, os principais autores que se referem ao templo de Alporão coincidem na existência de duas campanhas construtivas autónomas. Porque o projecto românico não foi concluído ou porque uma primitiva cobertura da nave, em abóbada de berço, desabou, o novo esforço edificador, para lá das evidentes transformações no abobadamento do corpo, optou por levantar uma cabeceira totalmente nova, mais consentânea com o partido estético dos promotores da obra e respectivos construtores, ambos provavelmente de origem francesa. Quanto à nave, ela segue um modelo de transição definido como a "Goticização" de modelos românicos tardios (PEREIRA, 1995, vol. I, p.358), produto final esse que não chegou até nós, pela acção da campanha gótica.
Depois de extintas as Ordens religiosas, a igreja serviu de teatro, até que em 1877 a Comissão administrativa do Museu Distrital de Santarém iniciou obras de restauro com vista à sua adaptação a Museu. Os trabalhos então efectuados, dirigidos por João Fagundo da Silva, revestiram-se de enorme preocupação pela ancestralidade do monumento, privilegiando mais aspectos de consolidação e menos de recriação. Ainda assim utilizou-se cimento hidráulico na abóbada e transformou-se o portal lateral em janelão (CUSTÓDIO, 1994, pp.67-68).
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens12
Nº de Bibliografias14

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
História e Monumentos de SantarémSARMENTO, ZeferinoEdição1993Local de Edição - Santarém
Manuelino. À descoberta da arte do tempo de D. Manuel IDIAS, PedroEdição2002Lisboa
A arquitectura gótica portuguesaDIAS, PedroEdição1994Lisboa
SantarémSERRÃO, VítorEdição1990Local de Edição - Lisboa
"São João de Alporão na História dos Museus", S. João de Alporão na História, Arte e MuseologiaCUSTÓDIO, JorgeEdição1994
"I. Igreja de São João do hospital ou do Alporão", Património monumental de SantarémCUSTÓDIO, JorgeEdição1996
"A Ordem dos Hospitalários e a comenda de S. joão do Hospital", S, João de Alporão na História, Arte e MuseologiaCUSTÓDIO, JorgeEdição1994
"A igreja de São João - um problema de História da Arte", São João do Alporão na História, Arte e MuseologiaCUSTÓDIO, JorgeEdição1994
"A Arquitectura (1250-1450)", História da Arte Portuguesa, dir. Paulo Pereira, vol. I, pp.335-433PEREIRA, PauloEdição1995Lisboa
"O Gótico de Santarém no tempo de S. Frei Gil", S. Frei Gil de Santarém e a sua épocaPEREIRA, PauloEdição1997
História de Santarém EdificadaVASCONCELOS, Pe. Inácio da PiedadeEdição1740Local de Edição - Lisboa Publicado a 1740
Inventário Artístico de Portugal, Distrito de SantarémSEQUEIRA, Gustavo de MatosEdição1949LisboaLocal de Edição - Lisboa Publicado a 1949 Data do Editor : 1949
"S. João de Alporão através das suas siglas", S. João de Alporão na História, Arte e Museologia, pp.97-112RAFAEL, Filipe TomásEdição1994
"A igreja de São João - um problema de História da Arte", São João do Alporão na História, Arte e MuseologiaCUSTÓDIO, FlorindoEdição1994
"São João de Alporão", Boletim da Junta de Província do Ribatejo, nº1, 1940, pp.131-133BARREIRA, JoãoEdição1940

IMAGENS

Igreja de São João de Alporão - Fachada principal

Igreja de São João de Alporão - Fachada principal: rosácea sobre o portal

Igreja de São João de Alporão - Fachada principal: portal

Igreja de São João de Alporão - Fachada lateral norte: portal transformado em janelão no século XIX

Igreja de São João de Alporão - Fachada posterior: lado norte da cabeceira

Igreja de São João de Alporão - Fachada posterior: lado sul da cabeceira

Igreja de São João de Alporão - Fachada lateral norte: panorâmica da cachorrada

Igreja de São João de Alporão - Fachada principal: capitéis do portal principal (lado norte)

Igreja de São João de Alporão - Fachada principal: capitéis do portal principal (lado sul)

Igreja de São João de Alporão - Enquadramento urbanístico da fachada principal, vista do Largo de Marvila

Igreja de São João de Alporão - Vista geral de sul a partir da Estrada de Alfange

Igreja de São João de Alporão - Portaria publicada no DG, II Série, n.º 50, de 03-03-1947 - Planta do diploma

MAPA

Abrir

Palácio Nacional da Ajuda
1349-021 Lisboa
T.: +351 21 361 42 00
NIF 600 084 914
dgpc@dgpc.pt