Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de São Martinho de Cedofeita
Designação
DesignaçãoIgreja de São Martinho de Cedofeita
Outras Designações / PesquisasIgreja Paroquial da Cedofeita / Igreja de São Martinho (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaPorto/Porto/Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
Largo do PrioradoPorto Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.155765-8.621683
DistritoPorto
ConcelhoPorto
FreguesiaCedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEPPortaria de 2-11-1971, publicada no DG, II Série, n.º 263, de 9-11-1971 (com ZNA)
Zona "non aedificandi"Portaria de 2-11-1971, publicada no DG, II Série, n.º 263, de 9-11-1971
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9823125
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaPelo menos dois templos antecederam a actual construção românica da Igreja de São Martinho de Cedofeita. Uma inscrição colocada no tímpano do portal principal em 1767, que verosimilmente copia uma anterior, menciona um primitivo templo neste local, datável do período da dinastia sueva, em pleno século VI. Este facto fomentou a crença em muitos autores num passado mais recuado do que realmente se pode provar para o local onde o Românico ergueu a sua igreja.
Os vestígios mais recuados actualmente conservados datam de finais do século IX ou inícios do seguinte. Na sequência da presúria do Porto por Vímara Peres, em 868, aqui se (re)construiu um templo, de que restam os dois capitéis do arco triunfal, reaproveitados posteriormente na obra românica. Estes capitéis constituem um dos indicadores mais importantes da dinâmica construtiva que acompanhou a primeira reconquista dos territórios ao longo do Douro e estilisticamente relacionam-se com obras tardo-asturianas, como as igrejas de S. Salvador de Valdediós e Priesca, ambas já de inícios do século X (REAL, 1984, p.31). Uma das características mais importantes destas peças é o material em que foram realizadas, um calcário brando, ao que tudo indica da região de Coimbra, facto que contrasta com o uso generalizado do granito na obra posterior.
Mas antes de se proceder à construção românica que hoje subsiste existiu uma campanha do século XI, com certeza patrocinada pelo Bispo de Braga, D. Pedro, que chegou mesmo a sagrar o templo em 1087 (REAL, 1984, p.31). Desta segunda obra restam as partes baixas da capela-mor, com as suas arcarias cegas assentes em bases muito arcaicas.
A fase plenamente românica de São Martinho de Cedofeita aconteceu já em época bastante tardia, na viragem para o século XIII. Um documento do reinado de D. Afonso II menciona a reconstrução do edifício ao tempo de D. Afonso Henriques, mas até ao momento não foi possível confirmar arqueologicamente esta indicação.
O projecto que hoje se pode observar concebeu uma igreja de nave única, composta por dois corpos justapostos (a capela-mor e a nave) - facto que foi já interpretado como um indicador mais de persistência pré-românica (GRAF, 1986, vol.1, p.331) - totalmente abobadada, característica que não se repetirá em nenhuma outra igreja românica de nave única que tenha chegado até aos nossos dias (ALMEIDA, 2001, p.116). O plano englobava ainda uma fachada principal harmónica, com um corpo central composto por portal e janela ladeado por duas torres, uma das quais (a do lado Norte) ter-se-á mesmo chegado a construir, como se depreende de um desenho do imóvel de 1906 (GRAF, 1986, vol.1, p.331).
Mas a importância deste templo para a História da Arte românica nacional deve-se ao facto de a sua decoração aplicada corresponder a um fenómeno de dispersão das oficinas de Coimbra, após a realização dos principais templos românicos daquela cidade (a Sé-Velha e a Igreja de Santiago). Com efeito, a temática que decora a esmagadora maioria dos capitéis da igreja revela a transposição de modelos coimbrãos, com aves debicantes, leões afrontados, etc. (REAL, 1986, vol.1, p.60). Particularmente importante a este nível é o tímpano do portal Norte, decorado com um Agnus Dei (cordeiro místico que simboliza Cristo no Apocalipse), cujo tratamento anatómico, composição e envolvimento numa laçaria espiralada vegetal é praticamente idêntico a uma peça conservada no Museu N. Machado de Castro, em Coimbra (REAL, 1974, p.165).
A Igreja de Cedofeita é um dos primeiros monumentos do Norte a repetir o formulário escultórico e iconográfico coimbrão. Muito provavelmente, foi uma obra a par do projecto românico tardio da Sé do Porto, onde terá trabalhado Soeiro Anes, um nome ligado à Sé Velha de Coimbra (REAL, 2001, p.40). Assim se explicaria a ligação evidente ao Românico da cidade do Mondego.E assim se explicaria o estatuto de Cedofeita como uma das construções de referência para o chamado Românico tardio do Douro Litoral.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens4
Nº de Bibliografias14

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
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"Inéditos de arqueologia medieval portuense", Arqueologia, nº10, pp.30-43REAL, Manuel LuísEdição1984
"O Românico português na perspectiva das relações internacionais", Românico em Portugal e na Galiza, pp.30-48REAL, Manuel LuísEdição2001Lisboa
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526REAL, Manuel LuísEdição1990Porto
A arte românica de Coimbra (novos dados - novas hipóteses)REAL, Manuel LuísObra
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
Guia histórico e artistico do PortoPASSOS, Carlos deEdição1935
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
Inventário Artístico de Portugal: Cidade do PortoQUARESMA, Maria Clementina de CarvalhoEdição1995Lisboa
"A escultura antiga no Porto. III - Cedofeita", O Tripeiro, 6ª série, 1 (10), pp.307-312MENESES, Mário deEdição1961
Igrejas medievais do PortoMONTEIRO, ManuelEdição1954Porto
"Influências da Galiza na arte românica portuguesa", Actas das II Jornadas luso-espanholas de História Medieval, vol. IV, pp.1483-1526ALMEIDA, Maria José Perez Homem deEdição1990Porto
Portugal roman, vol. IGRAF, Gerhard N.Edição1986
"A colegiada de São Martinho de Cedofeita do Porto", Penafiel - Boletim Municipal de Cultura, 3ª série, nº2-3, pp.33-52ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1988Penafiel
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa

IMAGENS

Igreja de São Martinho de Cedofeita - Fachada principal

Igreja de São Martinho de Cedofeita - Fachadas lateral direita e posterior

Igreja de São Martinho de Cedofeita - Fachada principal

Igreja de São Martinho de Cedofeita - Portaria publicada no DG, II Série, n.º 263, de 09-11-1971 - Texto e planta do diploma

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