Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Igreja de São Salvador de Ferreira
Designação
DesignaçãoIgreja de São Salvador de Ferreira
Outras Designações / PesquisasIgreja de São Pedro de Ferreira / Mosteiro de São Pedro de Ferreira (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Igreja
TipologiaIgreja
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaPorto/Paços de Ferreira/Ferreira
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
-- -Ferreira Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
41.264841-8.343455
DistritoPorto
ConcelhoPaços de Ferreira
FreguesiaFerreira
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto n.º 14 985, DG, I Série, n.º 28, de 3-02-1928 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9823125
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaAs origens do Mosteiro de São Pedro de Ferreira não estão, ainda, devidamente esclarecidas. Ao que tudo indica, o local possui uma longa história de ocupação, que remontará à época romana (REAL, 1986, p.247), mas, até agora, o conjunto não foi alvo de uma desejada intervenção arqueológica, que permita esclarecer esta e outras dúvidas. De acordo com Manuel Luís Real, que mais e melhor estudou este monumento, Ferreira aparece referida na documentação desde o século X, sendo muito provável que, logo no chamado repovoamento de Afonso III, se tivesse edificado um primeiro estabelecimento.
Os vestígios materiais mais antigos reportam-se aos finais do século XI, ou inícios do seguinte, e possuem outros paralelos no Douro Litoral (IDEM, p.250). Sabemos, assim, que antes do actual edifício, outro existiu, com características estilísticas comuns a diversas igrejas da região, em particular as primeiras fases de Paço de Sousa, Travanca ou Manhente. Desse núcleo fazem parte diversos fragmentos, como restos de frisos em bilhetes, aduelas de entrançados, capitéis, etc., que ajudam a compreender o âmbito artístico desta primeira obra românica.
A actual igreja não foi começada antes dos finais do século XII. Em 1281, o mosteiro passou para a posse dos Beneditinos, que empreenderam, então, a construção que ainda hoje vemos. Apesar da datação relativamente tardia, e das proporções da sua igreja (que temos de considerar modestas), o conjunto constitui um dos nossos mais interessantes monumentos românicos, em especial pelos referentes regionais artísticos que confluíram no seu estaleiro. A marcha das obras terá sido bastante rápida, não se identificando rupturas no processo construtivo, o que poderá indicar uma situação de desafogo económico pouco comum na época.
Tipologicamente, trata-se de um templo de nave única, segmentado em quatro tramos, com capela-mor mais baixa que o corpo, dotada de duplo tramo, sendo o último semicircular. No exterior, manifesta-se, já, algum requinte construtivo, como o recurso a contrafortes nos pontos de apoio dos tirantes do telhado da nave (situação que se justifica pela sua grande altura), a utilização de bandas lombardas a todo o redor ou a disposição do portal principal, em desenvolvido e saliente gablete. No interior, sobressai a solução dada à capela-mor, com dois andares de arcarias, que integram três janelas fenestradas (em posição harmónica) e as restantes cegas, precedendo uma abóbada de cinco faces.
Manuel Real identificou três correntes essenciais para o singular produto aqui conseguido. As duas primeiras são uma constante da nossa arte românica e representam os dois principais focos de influência artística então em voga: Braga e Coimbra. À tradição bracarense deve-se o antigo tímpano (que seria idêntico ao de Unhão), mas também numerosos capitéis (em particular os do portal Sul), as impostas vegetalistas com cabeças humanas nos ângulos, ou os frisos cordiformes da ábside e do portal ocidental. À tradição conimbricense, por outro lado, atribui-se os capitéis exteriores da ábside e as arcaturas geminadas do interior da capela-mor, cujos toros, em alguns casos, diédricos, fazem com que as dominantes do românico coimbrão tenha chegado a Ferreira passando pela Catedral do Porto, onde sabemos terem trabalhado homens formados nos grandes estaleiros da cidade do Mondego.
Mas a Ferreira chegou um terceiro foco de realização: Zamora. As extremas semelhanças do portal principal da nossa igreja para com o Portal del Obispo da catedral zamorana (obra depois repetida em outras obras daquela região espanhola) denunciam a actividade de um mestre formado em Castilla la Mancha, ao mesmo tempo que outros canteiros de formação portuguesa laboravam no conjunto.
Terminada a obra, Ferreira foi também o ponto de partida para outro núcleo estilístico, baptizado de "Românico nacionalizado" por Manuel Monteiro, que caracterizará toda a primeira metade do século XIII no interior da região do Porto.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens7
Nº de Bibliografias14

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"A Igreja de S. Pedro de Ferreira. Um invulgar exemplo de convergência estilística", Paços de Ferreira - Estudos Monográficos, vol. I, pp. 247-294REAL, Manuel LuísEdição1986Paços de Ferreira
"O Românico português na perspectiva das relações internacionais", Românico em Portugal e na Galiza, pp.30-48REAL, Manuel LuísEdição2001Lisboa
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
Necrópoles e sepulturas medievais de Entre-Douro-e-Minho: séculos V a XVBARROCA, Mário JorgeEdição1987PortoTese de aptidão pedagogica Publicado a 1987
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
São Pedro de Rates. Com uma introdução acerca da architectura romanica em PortugalMONTEIRO, ManuelEdição1908Porto
Portugal roman, vol. IGRAF, Gerhard N.Edição1986
A arte romanica em PortugalVASCONCELOS, Joaquim deEdição1918Porto
Românico do Vale do SousaAA. VV.Edição2008Lousada
As mais belas igrejas de Portugal, vol. IGIL, JúlioEdição1988Lisboa
"O Românico em Portugal", História de Portugal, dir. José Hermano Saraiva, vol. 2, 1982, pp.305-321VASCONCELOS, Flórido deEdição1982Lisboa

IMAGENS

Igreja de São Salvador de Ferreira - Fachada principal

Igreja de São Salvador de Ferreira - Vista geral (fachada lateral direita)

Igreja de São Salvador de Ferreira - Fachada posterior: cabeceira

Igreja de São Salvador de Ferreira - Fachada lateral esquerda: Janela da cabeceira

Igreja de São Salvador de Ferreira - Fachada lateral norte: porta travessa

Igreja de São Salvador de Ferreira - Fachada principal: capitéis e arquivoltas do portal

Igreja de São Salvador de Ferreira - Interior: nave e capela-mor

MAPA

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