Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Capela de Nossa Senhora da Orada
Designação
DesignaçãoCapela de Nossa Senhora da Orada
Outras Designações / PesquisasCapela de Nossa Senhora da Orada (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArquitectura Religiosa / Capela
TipologiaCapela
CategoriaArquitectura Religiosa
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaViana do Castelo/Melgaço/Vila e Roussas
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
EN 301Orada Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
42.120167-8.252524
DistritoViana do Castelo
ConcelhoMelgaço
FreguesiaVila e Roussas
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como MN - Monumento Nacional
CronologiaDecreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMEMonumento
Património Mundial
Património Mundial Designação
Cadastro
AFECTACAO9823125
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaEm local ainda hoje ermo, a pequena ermida de Nossa Senhora da Orada impressiona pela relação (aparentemente estranha) de um templo cuidadosamente construído - e, até, de certo requinte arquitectónico e escultórico - e o carácter inóspito e isolado do local em que se implanta. Esta circunstância tem vindo a ser explicada à luz da santidade do lugar, que, na segunda metade do século XII, "seria já pólo de atracção e de dádivas que impulsionaram e ajudaram a sua construção" (ALMEIDA, 1986, p.56). O mesmo argumento estará na base do topónimo "Orada", local de oração e de romaria, cuja vitalidade chegou quase até aos nossos dias (ALMEIDA, 1987, p.180).
Para a qualidade da construção certamente terão contribuído os monges de Fiães, cenóbio vizinho, então ainda ligado à Ordem de Cluny, que terá mesmo patrocinado a edificação da ermida, conforme inscrição identificativa do prior daquele mosteiro (BARROCA, 2000, p.1232, insc. nº479). O projecto executado inclui-se nos derradeiros momentos do estilo românico, denotando já a recepção de alguns elementos góticos sendo evidente, nesse produto final, o contraste entre a relativa singeleza do plano e a exuberância e qualidade da decoração. Com efeito, a avaliação que a maioria dos nossos historiadores da arte fizeram deste monumento tem acentuado esta divergência, como Manuel Monteiro realçou há mais de meio século (MONTEIRO, 1941, republ. 1980, pp.280-281).
Arquitectonicamente, a ermida não se diferencia muito dos edifícios religiosos tardo-românicos inseridos em contextos rurais e periféricos, que se organizam a partir de dois rectângulos justapostos: a nave e a capela-mor, neste caso ambas cobertas com tecto de madeira, e arco triunfal quebrado.
A fachada principal, todavia, invalida essa avaliação imediata, na medida em que se apresenta como uma das realizações mais originais do nosso românico: o portal principal está inserido numa ampla moldura rectangular, definida superiormente por uma cornija suportada por modilhões e, lateralmente, por dois volumosos contrafortes, colocados frontalmente em relação ao alçado. Este sistema de contrafortagem é, aliás, o principal elemento construtivo de interesse, uma vez que, relacionando-se com estes esbarros da frontaria, outros dois existem que cintam as fachadas laterais, formando um conjunto que claramente pretendeu conferir maior monumentalidade e impacto visual à fachada principal.
Decorativamente, a Orada integra-se no grupo mais tardio da escultura românica do Alto Minho, um núcleo de templos tardios, em que a decoração começa a ser depurada e sóbria, por oposição à exuberância decorativa de influência galega das igrejas da viragem para o século XIII (Ganfei, Longos Vales e Friestas) (ROSAS, 1987).
Particularmente interessante é o tímpano do portal lateral Norte, cuja composição representa a Árvore da Vida, protegida por uma harpia e um grifo. De tradição persa e sassânida, este é um dos mais claros exemplos de influência oriental no nosso românico (RODRIGUES, 1995, p.224), chegada ao Alto Minho por vias ainda desconhecidas mas que poderão estar relacionadas com uma eventual ligação ao Languedoc (MONTEIRO, 1941) ou, mais natural, à Galiza (ROSAS, 1987, pp.60-63).
Monumento protogótico em algumas das suas soluções - em particular na organização e decoração do portal principal (ALMEIDA, 2001, p.90) -, a ermida da Orada está consensualmente datada dos meados do século XIII. Uma inscrição de 1245, associada ao portal lateral Sul, tem sido invocada como data aproximada da conclusão das obras, indicação aceitável face aos dados estilísticos da escultura e da arquitectura.
Com intervenções pontuais no século XVIII, responsáveis, entre outros acrescentos, pela destruição dos capitéis do arco triunfal, a ermida foi integralmente restaurada no final da década de 30 do século XX, numa campanha de que se salienta a regularização do adro, a substituição de pavimentos e o desentaipamento de algumas frestas originais.
PAF
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens0
Nº de Bibliografias16

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
Portugal roman, vol. IIGRAF, Gerhard N.Edição1986
Arquitectura Românica de Entre Douro e MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1978Porto
História da Arte em Portugal, vol. 3 (o Românico)ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1986Lisboa
"O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pp.180-331RODRIGUES, JorgeEdição1995Lisboa
O Minho PittorescoVIEIRA, José AugustoEdição1887Lisboa
História da Arte em Portugal - O RomânicoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição2001Lisboa
"La sculpture figurative dans l'art roman du Portugal", Portugal roman, vol. I, pp.33-75REAL, Manuel LuísEdição1986
"A igreja da Senhora da Ourada", Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, nº8, pp.21-28, republ. Dispersos, 1980, pp.280-285MONTEIRO, ManuelEdição1941Lisboa
Alto MinhoALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1987Lisboa
Arquitectura religiosa do Alto Minho, 2 vols.ALVES, LourençoEdição1987Viana do Castelo
"O património cultural do Alto Minho (civil e eclesiástico). Sua defesa e protecção", Caminiana, ano IX, nº14, pp.9-80ALVES, LourençoEdição1987Caminha
"Primeiras Impressões sobre a Arquitectura românica portuguesa", Revista da Faculdade de Letras do Porto, Série História, nº1, pp.3-56ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira deEdição1972Porto
Epigrafia medieval portuguesa (862-1422)BARROCA, Mário JorgeEdição2000Lisboa
A escultura românica das igrejas da margem esquerda do Rio Minho, 2 vols.ROSAS, Lúcia Maria CardosoEdição1987Porto
"Igrejas e capelas românicas da Ribeira Minho", Caminiana, ano IV, nº6, pp.105-152ALVES, LourençoEdição1982Caminha
Melgaço medievalPINTOR, Manuel BernardoEdição1975Melgaço

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