Pesquisa de Património Imóvel

DETALHES

Cerro do Castelo ou Forte de Garvão
Designação
DesignaçãoCerro do Castelo ou Forte de Garvão
Outras Designações / PesquisasPovoado do Cerro do Castelo / Forte do Garvão (Ver Ficha em www.monumentos.gov.pt)
Categoria / TipologiaArqueologia / Povoado
TipologiaPovoado
CategoriaArqueologia
Inventário Temático
Localização
Divisão AdministrativaBeja/Ourique/Garvão e Santa Luzia
Endereço / Local
RUA LOCAL ZIP REF
- numa elevação amesetada. Delimitada a S. pela corta mineira do Furadoiro, pela rib. de Garvão a E, a NO pela rib. de S. Martinho e pela respectiva confluência a N.Garvão Número de Polícia:
LATITUDE LONGITUDE
37.709544-8.344446
DistritoBeja
ConcelhoOurique
FreguesiaGarvão e Santa Luzia
Proteção
Situação ActualClassificado
Categoria de ProtecçãoClassificado como IIP - Imóvel de Interesse Público
CronologiaDecreto n.º 29/90, DR, I Série, n.º 163, de 17-07-1990 (ver Decreto)
ZEP
Zona "non aedificandi"
CLASS_NAMESítio
Património Mundial
Património Mundial Designação
CadastroNa C. R. P. nº 12447, 70, B-35, no nº 12554,em Garvão sob o artº nº 18, sec. F.
AFECTACAO181502
Descrição Geral
Nota Histórico-ArtisticaO "Cerro do Castelo" situa-se numa elevação no interior da própria vila de Garvão, ladeada por dois afluentes do Sado. Foi na encosta leste deste cerro que, em 1982, se detectou um considerável conjunto de recipientes cerâmicos constituintes de um possível depósito secundário de peças votivas, do qual se escavou apenas c. de 40%.
A zona central de uma das zonas melhor estudadas deste sítio arqueológico - a "fossa" -, encontrava-se coberta por lajes de xisto, e no seio das quais teve lugar uma das decobertas mais interessantes desta escavação: um crânio humano separado do respectivo esqueleto. A sua exumação tornou-se tanto mais relevante, quanto parecia encontrar-se associado a alguns ossos de animais, o que, na opinião de alguns autores, poderia implicar a existência de um eventual ritual "de libação sacralizadora" relacionado com um sacrifício humano.
E foi, precisamente, sobre este nível que foram depositados, de forma não aleatória, enormes recipientes cerâmicos de produção manual, preenchidos com outros artefactos de cerâmica.
Terá sido neste momento que o sítio foi abandonado, tendo sido localizado um segundo "depósito", cujos estratos apresentaram materiais atribuíveis a um lato período cronológico, desde a Idade do Ferro até ao período árabe.
De entre as diversas estruturas detectadas, sobressaem nesta vasta extensão arqueológica as ruínas de um Templo romanizado e construções anexas, ou aquilo que alguns investigadores denominam de "depósito sacralizado". Nas peças aí colocadas, a predominância vai, sem dúvida, para as cerâmicas, provavelmente utilizadas na sua origem enquanto suportes das diversas oferendas concedidas à "divindade", embora seja de prever que outros materiais fizessem, muito naturalmente, parte desse alargado "universo" de dávidas rituais.
Entre o vastíssimo espólio cerâmico exumado, encontra-se, tanto cerâmica manual como cerâmica a torno, constituindo verdadeiras raridades os exemplares de importação, como no caso das peças de verniz vermelho. De destacar será, ainda, o facto de algumas das formas mais raras de cerâmica a torno, e alguma da de importação, apresentar-se pintada em ocre ou roxo escuro, perfazendo bandas, meandros verticais, axadrezado e círculos concêntricos. Além disso, deparamo-nos com algumas peças decoradas por incisão e aplicação de cordões plásticos, à semelhança do que ocorre noutros sítios da Idade do Ferro da Península Ibérica. De qualquer dos modos, o realce vai para a cerâmica estampilhada, pois apresenta uma complexa variedade de gramática decorativa, além da presença de "queimadores" e de uma urna de "orelhetas".
Não se resumiu, contudo, aos cerâmicos os materiais encontrados durante a escavação. Com efeito, foram de igual modo encontrados artefactos metálicos, líticos e vítreos. São disso exemplo os oenochoai, as fíbulas e as argolas de bronze e de prata, um anel - também ele de prata -, assim como algumas contas de colar realizadas em cornalina e vidro.
Mas, para além deste ecléctico conjunto de peças de cariz mais utilitário e de adorno, foram exumadas peças que pertencerão ao domínio "votivo". Delas, fazem parte placas oculadas - rectangulares, trapezoidais ou bi-circulares -, e duas de prata decoradas com figura feminina.
Todas estas circunstâncias parecem legitimar a hipótese, segundo a qual teria funcionado um santuário no cimo do "Cerro do Castelo" associado a um povoado mais antigo, como parece indiciar a recollha de cerâmicas pertencentes ao Bronze Final. Este sítio ter-se-á revestido de uma considerável importância em termos de um determinado ideário mágico-religioso, uma vez que foi reutilizado ao longo dos tempos, como atesta a presença de estruturas templares do período romano, confirmada por duas colunas de mármore recolhidas na própria vila de Garvão.
[AMartins]
Processo
Abrangido em ZEP ou ZP
Outra Classificação
Nº de Imagens5
Nº de Bibliografias9

BIBLIOGRAFIA

TITULO AUTOR(ES) TIPO DATA LOCAL OBS.
"O sítio arqueológico de Garvão e o seu depósito ritual", De Ulisses a Viriato. O primeiro milénio a. C.CORREIA, Virgílio Nuno HipólitoEdição1996Data do Editor : 1996
"O crânio de Garvão (século III a. C.): causa mortis, tentativa de interpretação", Trabalhos de Arqueologia do SulANTUNES, Miguel TellesEdição1986Número : 1 Data do Editor : 1986
"O crânio de Garvão (século III a. C.): causa mortis, tentativa de interpretação", Trabalhos de Arqueologia do SulCUNHA, Armando SantinhoEdição1986Número : 1 Data do Editor : 1986
"Coroplastia da I.ª Idade do Ferro do Sul de Portugal", Hommage à Georges ZbyzewskyBEIRÃO, Caetano de MeloEdição1984Data do Editor : 1984
"Depósito votivo da II Idade do Ferro de Garvão. Notícia da primeira campanha de escavações", O Arqueólogo PortuguêsBEIRÃO, Caetano de MeloEdição1985Número : 3 Data do Editor : 1985
"Um depósito votivo da II Idade do Ferro, no Sul de Portugal, e as suas relações com as culturas da Meseta", VeleiaBEIRÃO, Caetano de MeloEdição1987Número : 2-3 Data do Editor : 1987
El altar prerromano de CapoteBERROCA, L.Edição1994Data do Editor : 1994
El altar prerromano de CapoteRANGEL, L.Edição1994Data do Editor : 1994
"The Iron Age in South and Central Portugal and the emergence of urban centres", Proceedings of the British AcademyCORREIA, Virgílio Nuno HipólitoEdição1995Número : 86 Data do Editor : 1995
"Achados de moedas romanas deo Concelho de Ourique", O Arqueólogo PortuguêsDIOGO, António Manuel DiasEdição1977Número : 7-9 Data do Editor : 1997
"Achados de moedas romanas deo Concelho de Ourique", O Arqueólogo PortuguêsCOELHO, LuísEdição1977Número : 7-9 Data do Editor : 1997
"O crânio de Garvão (século III a. C.): análise antropológica", Trabalhos de Arqueologia do SulFERNANDES, T. M.Edição1986Número : 1 Data do Editor : 1986

IMAGENS

Cerro do Castelo ou Forte de Garvão - Vista geral

Cerro do Castelo ou Forte de Garvão - Pormenor dos vestígios arqueológicos

Cerro do Castelo ou Forte de Garvão - Escavação arqueológica

Cerro do Castelo ou Forte de Garvão - Escavação arqueológica

Cerro do Castelo ou Forte de Garvão - Vista geral

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